As eleições de 2018 trouxeram a baila a questão da violência versus impunidade. Tanto que discursos duros contra essas questões elegeram deputados estaduais, federais senadores e até o presidente de República. Passados nove meses, uma gestação completa, o que se vê é punição a quem pune o crime, frouxidão nas leis anticorrupção, ataque à polícia que atua com firmeza, ataque a Lava Jato… Ou seja, o bandido está sendo tratado como injustiçado e autoridade no exercício de suas funções tratada como bandido.
O presidente Jair Bolsonaro, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel e o governador de Santa Catarina, Carlos Moisés, são exemplos clássicos de governantes eleitos com um discurso disciplinador, mas passado este período estão descobrindo que este país é movido pelos interesses corporativos e individuais daqueles que gritam mais alto. E como deram vozes aos bandidos, agora são incapazes de suportar seus urros.
As noticias que chegam de Brasília dão conta de que o balcão de negócios não só está ativo como em franca expansão e desenvolvimento. Muito por conta dos casos Queiroz, embaixador dos EUA e CPI da Fake News. Nesta levada, a porteira já esta arrombada, queira ou não.
O Projeto de Lei 3723/19 que permite a concessão de porte de armas de fogo foi desidratado ao máximo. Não sei se era solução, mas entre a intenção e a realidade o bandido ganhou de mil a zero. Afinal, ele não precisa de leis para portar sua arma contra os cidadãos. O bandido ganhou, na verdade, mais proteção. Ou seja, o país não te protege e nem deixa você se proteger.
A provação da Lei nº 13.869 (chamada lei de abuso de autoridade) de uma certa forma inviabiliza, quando não criminaliza, a atuação dos agentes públicos no combate a bandidagem, sobremaneira a mais graúda, que possui condições de contratar grandes escritórios para combater a verdade e criar factoides processuais, impermeando os buracos das leis para transformar em bandido a vítima e em herói o réu.
O Projeto de Lei 5029/19, antigo PL 11021/18, que altera a legislação eleitoral para beneficiar quem já está no poder, aumentar gastos públicos com campanha e afrouxar a prestação de contas também passa sem susto. Ou seja, no país onde o transgressor é protegido e beneficiado, ser honesto é sinônimo de ser otário.
O ataque de parte da imprense, de parte dos artistas e até de parte da população a policiais que em combate acidentalmente atingem cidadãos supostamente honestos tem sido recorrente. No contrapé da situação, a exigência de cuidados para não machucar os criminosos fisicamente ou psicologicamente tem sido uma crescente pelos mesmos manifestantes. A vítima nada! Somente as lagrimas e a saudades dos que ficaram.
Na terra do Mensalão, mensalinho, Lula Livre, Vaza Jato, Gilmar Mendes, Janot, Queiroz, das audiências de custódia, da criminalização ao trabalho rural, dos votos em fichas sujas e do empoderamento da bandidagem eu pergunto: quem quer um país descente?
*JOÃO EDISOM DE SOUZA é Articulista, Professor de Ciências Política, Consultor Político, Gestor de Comunicação, Imagem e Crise, Comentarista político da rádio Jovem Pan, jornal da manhã.