No mês dedicado mundialmente à discussão sobre a prevenção ao suicídio, a cidade de Cáceres-MT sediou Audiência Pública para debater estratégias para combater o problema. Médico com pós-graduação em psiquiatria, com experiência no Hospital de Assistência Psicossocial Adauto Botelho e em Centros de Atenção Psicossocial, e autor da lei estadual do Combate ao suicídio (Lei Estadual 10.598/2017), o deputado federal Doutor   Leonardo Albuquerque (Solidariedade) proferiu palestra, no evento.

Estudantes e profissionais da saúde de Cáceres e região se reuniram, na Câmara Municipal, como parte das ações do Setembro Amarelo. O evento foi realizado a pedido da vereadora Valdeniria Dutra (PSDB).

“O Brasil começou a tratar da depressão e do suicídio tardiamente, por conta do preconceito, da dificuldade de se tratar do assunto. Só temos dados um pouco mais concretos sobre isso a partir de 2011. Hoje sabemos que o Brasil é o 8º país do mundo com mais números de suicídios e ainda existe uma subnotificação desse tipo de morte. Por isso, precisamos falar desse assunto, sobre como diagnosticar os riscos, como combater a depressão e ajudar o próximo”, disse Doutor Leonardo, que presidiu neste mês sessão solene na Câmara dos Deputados em alusão ao Dia Mundial de Prevenção do Suicídio.

 

Um dos pontos mais abordados pelo médico parlamentar foi o de nunca desmerecer e sempre tratar com seriedade quando surge um pedido de ajuda de uma pessoa acometida pela depressão, principalmente se ela já tentou o suicídio. Diferente do mito popular, somente após tentar várias vezes o enfermo consegue tirar a própria vida, por isso é importante o acolhimento.

Outro ponto importante para salvar vidas é incentivar o paciente diagnosticado com depressão a seguir o tratamento até o fim, inclusive na manutenção dos medicamentos. De acordo com o Doutor Leonardo, é grande o número de pessoas que sofrem recaídas na depressão devido à forma indevida como elas param de tomar os remédios.

“Por isso nós precisamos falar desse assunto. Em breve, a depressão será a maior causa de afastamento de pessoas do trabalho no mundo, não apenas no Brasil, mas nós ainda não falamos disso. Precisamos acolher as pessoas a nossa volta, nunca desmerecer, nunca achar que é só para chamar atenção, sempre tratar com seriedade”, afirmou Albuquerque.

O parlamentar ainda ressaltou o fato de o atual modo de vida, cada vez com menos contato físico e mais interações virtuais, contribui para a solidão e, dessa forma, ao aumento dos casos de depressão. E esse processo deve se acentuar nos próximos anos, devido ao rápido avanço tecnológico, nem sempre acompanhado pela adaptação das pessoas, causando deslocamentos sociais.

Ele usou como exemplo o que acontecem com os idosos acima de 70 anos, que lideram o ranking de suicídios no Brasil, devido a sensação de solidão, de deslocamento social. “Hoje a nossa sociedade faz o que com os idosos? Colocam em um quartinho no fundo de casa, deixam eles isolados, nem falam com eles. Isso favorece com que se sintam deslocados na sociedade. Por isso, precisamos ajudar”, disse.