O que esperar de 2014? Se depender da jovem Letícia Eubank Craveiro Moreira, 12 anos, estudante do Colégio Notre Dame de Cuiabá, este ano será marcado por mais manifestações de protesto contra a corrupção e o desperdício do dinheiro público.
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O grito de Letícia – que representa a nova geração de caras pintadas do nosso Estado – soa como um alerta àqueles políticos que insistem em ignorar o clamor das manifestações das ruas. Ela, juntamente, com a colega Giovana Hesmann, ganhou o concurso de redação realizado pelo Colégio Notre Dame, sob orientação e coordenação da professora de História, Cristiane.
Com o título “O Caos da Saúde Pública”, a cuiabana Letícia denuncia a falência do Sistema de Saúde de Cuiabá, como a falta de médicos e enfermeiros, deficiência das unidades e medicamentos, improviso para tentar salvar vidas, as longas filas de espera para obter cirurgias, as péssimas acomodações nos corredores sem atendimento adequado e digno. Ela chama a atenção, também, das autoridades para àquilo que podemos denominar de “corrupção de prioridades”, já que, bilhões são gastos com estádios luxuosos para a Copa do Mundo.
Para orgulho de todos os cuiabanos e brasileiros que aqui vivem, “o grito de Letícia” mostra que a nossa juventude está muito ligada, sim, mas, decepcionada com a política brasilieira. Juventude essa, cada vez mais bem informada, graças a revolução cibernética que vivemos. Ao mesmo tempo, com o seu gesto, faz renascer a esperança e a crença num mundo melhor.
Na sua belíssima redação, ela desenha suavemente com a pureza de sua alma, a triste realidade da saúde pública de nossa capital. Vejamos: “Mesmo depois de muitas promessas, o caos na saúde continua. Faltam médicos para atender os pacientes que, sem ter um local adequado por conta da superlotação dos hospitais acabam ficando nos corredores. É uma situação desumana, já que pessoas, que necessitam de um tratamento ou uma cirurgia urgente tem que esperar semanas e até meses, porque não há vagas e nem médicos. Mas, se a medicina é uma das profissões mais escolhidas pelos universitários, por que faltam médicos? A resposta é simples: os médicos preferem hospitais particulares, já que tem estrutura, equipamentos mais modernos, não há problemas com o atraso de salário, ao contrário dos hospitais públicos, onde ocorrem todos esses problemas. Todos os dias ouvimos que o governo liberou verba para melhorar a saúde, mas então, por que a nossa saúde pública é tão precária? Por causa da corrupção feita pelos políticos, não há investimentos e a saúde fica como está, um caos. Para melhorarmos o nosso país é preciso ter políticos honestos que não fiquem só nas promessas, que usem os recursos para a população e não para o benefício próprio, como acontece em muitos casos. Precisamos de políticos que resolvam nossos problemas como: a falta de médicos, estrutura, mais hospitais e equipamentos. Isso é uma vergonha, já que receberemos dois importantes eventos e não temos hospitais públicos decentes. Além disso, estão dando muito valor a Copa do Mundo, em vez de investir ao que realmente precisamos como à educação e saúde. E isso não acontece apenas em Cuiabá, mas na maioria das cidades e nas grandes capitais brasileiras.”
Letícia é filha de João Batista Moreira e Gláucia Craveiro, de tradicional família cuiabana, e bisneta da centenária Nympha Escolástica da Silva.
*VICENTE VUOLO é economista e cientista político em Mato Grosso e Brasília.
CONTATO: www.facebook.com/vicente.vuolo — — — INSTAGRAM:@vicentevuolo
(Publicado originalmente em 03.01.2014, o site RepórterMT)