Paulo César Salomão Filho, presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), confirmou o recebimento do pedido de impugnação da partida entre Paysandu e Náutico, disputada no último domingo, dia 8, no Recife. Em despacho divulgado no começo da noite desta sexta-feira, Paulo Salomão determina à CBF a não homologação da partida, mas nega o pedido de paralisação da Série C. Ainda não há data marcada para o julgamento no Pleno.

Em resumo, mesmo determinando a não homologação do jogo de volta das quartas de final do Brasileiro nos Aflitos, o Tribunal mantém garantida a realização do primeiro jogo da semifinal entre Timbu e Juventude, que ocorrerá neste domingo, dia 15, no Rio Grande do Sul. Na visão do presidente do STJD a paralisação da competição resultaria em um dano “demasiadamente acentuado” não apenas aos clubes envolvidos, mas ao campeonato.

O documento ainda dá o prazo de dois dias úteis para o Náutico encaminhar manifestação ao Tribunal. Após isso, a Procuradoria do órgão também terá mais dois dias úteis para se manifestar. Dirigentes do Timbu falaram ao GloboEsporte.com que estão confiantes em um desfecho favorável.

Trecho do despacho emitido pelo presidente do STJD nesta sexta-feira — Foto: Reprodução/STJDTrecho do despacho emitido pelo presidente do STJD nesta sexta-feira — Foto: Reprodução/STJD

Trecho do despacho emitido pelo presidente do STJD nesta sexta-feira — Foto: Reprodução/STJD

Entenda o caso

Náutico e Paysandu disputaram, no último domingo, o jogo de volta das quartas de final da Série C no Estádio dos Aflitos, em Pernambuco. O Paysandu vencia por 2 a 1 até os 49 minutos do segundo tempo, quando o árbitro Leandro Pedro Vuaden marcou um pênalti ao time da casa – no lance, a bola bate no braço do volante bicolor Uchôa após desvio de cabeça de Caíque Oliveira, também do Papão.

O pênalti controverso foi decisivo para o resultado do jogo. Antes da marcação o Paysandu estava garantindo uma vaga nas semifinais da competição e, consequentemente, o acesso à Série B de 2020. A penalidade no estouro dos acréscimos fez com que o Náutico conseguisse o empate e levasse à decisão para as cobranças na marca do cal – vencidas então pelo Alvirrubro.

Ao término do jogo nos Aflitos houve uma grande invasão ao gramado. Um torcedor do Náutico gravou vídeo beijando o rosto de Vuaden agradecendo a marcação do pênalti, brincadeira que acabou instigando ainda mais revolta entre os bicolores.

Ainda no estádio o técnico do Papão, Hélio dos Anjos, afirmou em entrevista coletiva se sentir “roubado” e “assaltado” com o pênalti marcado por Leandro Vuaden e fez duras críticas pessoais ao apitador e a Leonardo Gaciba, chefe do departamento de arbitragem da CBF.

Na segunda-feira o presidente do clube paraense, Ricardo Gluck Paul, afirmou que iria acionar a Justiça Desportiva na tentativa de anular a partida alegando “erro de direito”. O Paysandu contratou o advogado fluminense Michel Assef Filho, que defendeu Ponte Preta contra o Aparecidense também em uma solicitação de impugnação de jogo – e saiu vitorioso. O escritório deu entrada com o pedido de anulação no STJD na última terça-feira.
Lance do pênalti reclamado pelo Paysandu — Foto: Reprodução/SporTV

Lance do pênalti reclamado pelo Paysandu — Foto: Reprodução/SporTV

Sandro Meira Ricci, ex-árbitro e atual comentarista do canal SporTV, afirmou que houve “erro gravíssimo” de Vuaden no lance e que o pênalti não deveria ter sido marcado. Na terça-feira, em razão da repercussão, o presidente do Náutico minimizou o caso e opinou que o pênalti existiu.

No parecer emitido por Manoel Serapião Filho, Ouvidor de Arbitragem da CBF, ele confirma o erro de Vuaden, porém também afirma que “não se pode dizer que o árbitro ocasionou prejuízo direto a uma ou a outra equipe”, já que houve um pênalti não marcado a favor do Náutico no primeiro tempo.

AMEAÇAS

Desde o último domingo a rotina de Leandro Pedro Vuaden tem sido tensa. O árbitro gaúcho trabalhou no duelo entre Náutico e Paysandu, nos Aflitos, pelas quartas de final da Série C. Além de críticas, ele revelou ao GloboEsporte.com que tem recebido ameaças em razão da marcação de um pênalti a favor do Timbu, aos 49 minutos do segundo tempo do jogo contra o Papão.

– Neste momento estou cuidando da integridade da minha família devido às milhares de ameaças que venho recebendo, todas registradas no órgão competente, mas posteriormente estarei às disposição – resumiu o árbitro à reportagem em aplicativo de mensagens.

Poucas horas após a partida o número de telefone de Leandro Vuaden foi divulgado em grupos de torcedores do Paysandu no Whatsapp, que lotaram a caixa de mensagens do árbitro com xingamentos e ameaças. Após o breve contato com a reportagem, Vuaden prometeu dar sua versão dos fatos em momento mais oportuno.

(Globo Esporte)