A expectativa gerada em torno do nascimento de um filho é grande, toda a família se envolve em sonhos e planos, ficam imaginando como será o rostinho, se parecerá com o pai ou com a mãe, se virá com saúde. Com a chegada dessa criança os desafios são outros, os olhares passam a ser em relação ao desenvolvimento físico e cognitivo. Assim, se algo inesperado acontece, como a criança nascer prematura ou com alguma doença congênita, o que esperar? E agora, o que fazer? São angústias que assolam o coração dos familiares. Como proceder ao surgirem questões a respeito do desenvolvimento dessa criança que não são percebidas pela família?
Atualmente, é notório o aumento nos diagnósticos de síndromes e transtornos que, em muitos casos, a família não percebe ou ainda não tem conhecimento para suspeitar de um diagnóstico e procurar um profissional especializado. Um grande auxílio neste sentido pode vir das Unidades de Educação Infantil, nas quais os profissionais da educação tendem a olhar de forma pedagógica o desenvolvimento de acordo com as fases de cada faixa etária, assim, muitas vezes, é nas instituições de educação que a família ouve pela primeira vez que sua criança necessita de um olhar clínico.

A partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB – 9.394/96), passou a ser obrigatória a permanência de crianças a partir dos quatro anos de idade na Educação Básica. Sabendo que cada criança é única e que cada uma possui um ritmo de aprendizagem, se a criança não tem um diagnóstico prévio, é nessa etapa que poderá ser percebida a necessidade de uma investigação mais aprofundada.
A avaliação na Educação Básica é realizada pelo docente por meio da observação e relatórios diários das atividades propostas, sendo assim, é possível perceber se aquilo que se observa está dentro do esperado para a faixa etária da criança ou se há algo a ser investigado. É importante ressaltar, os profissionais que atuam na Educação Infantil respeitam o tempo de cada criança, e compreendem que cada uma tem seu ritmo e forma de aprendizagem. Mas, como fazer esse tipo de abordagem com a família?
A aceitação é o primeiro obstáculo a ser vencido. Não é fácil para um pai ou mãe ouvir de alguém que supostamente não conhece seu filho tão bem quanto ele, que existe algo que mereça um olhar mais aprimorado. Em alguns casos, ao procurar um profissional, suspeitas de um diagnóstico são descartadas, porém em outros, existe o diagnóstico para algum transtorno, seja ele de natureza motora ou neurológica. Desta forma, a partir deste momento, a família e a criança devem receber acompanhamento de um profissional habilitado.
É bom lembrar que o professor não é habilitado para fazer diagnósticos e o olhar dele é voltado para o bem-estar e desenvolvimento da criança, então o papel deste profissional, neste momento, será o de informar aos pais que sua criança apresenta algumas limitações, estereotipias ou comportamentos que necessitam ser investigados por profissionais habilitados na área. Por exemplo, quando a observação é acerca das atividades que trabalham o desenvolvimento cognitivo, a orientação é procurar um pediatra para o encaminhamento ao neurologista, e assim sucessivamente, dependendo dos apontamentos.
Então, é de suma relevância que os pais ao ouvirem do professor que existe a necessidade de procurar um especialista, seja ele fonoaudiólogo, neurologista, oftalmologista, dentre outros, eles reconheçam que em momento nenhum o professor está fazendo um diagnóstico, mas sim, está querendo, que com o apoio de um especialista, ele possa auxiliar o crescimento desta criança na vida escolar e social. A função do profissional da Educação Infantil é mediar o conhecimento e a criança, uma vez, que ela aprende de forma lúdica, seu papel é estimular a imaginação, criatividade, linguagem, ideias e as relações sociais, auxiliando na formação integral dela.
*MARIA JUCIETE PEREIRA DE SOUZA, JÉSSICA LORRAYNE ANANIAS DA SILVA   e  JÚLIA ALESSANDRA MACHADO DE CASTRO são  professoras na rede municipal de Rondonópolis – Sul de Mato Grosso.