Depois de 50 anos desde a sua descoberta original, em 1974, pesquisadores finalmente conseguiram identificar um naufrágio localizado na costa de Porkkala, no Golfo da Finlândia, como sendo a luxuosa pinaça Falken. Construída no século 17 para servir à marinha sueca, essa embarcação desempenhou um papel central no transporte de pessoas de alta patente e em combates bélicos.
Segundo os registros do Arquivo Nacional da Suécia, que ajudaram a equipe responsável pela iniciativa a catalogar o barco, ele possuía três mastros e decoração esculpida chamativa, com um longo galeão na proa e canhoneiras nas laterais. Ao todo, era equipado com 16 a 20 canhões, que se distribuíam ao longo dos seus 35 metros de comprimento.
Os especialistas ainda utilizaram em suas análises um modelo 3D do naufrágio, o qual foi produzido pela Sociedade Finlandesa de Arqueologia Marítima, a partir de mergulhos no sítio. Assim, várias evidências apoiaram a hipótese do barco afundado é Falken. Embora o casco do navio tenha se desfeito com o tempo, a maior parte de sua estrutura permanece no local.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_fde5cd494fb04473a83fa5fd57ad4542/internal_photos/bs/2025/O/1/AiXisgRHSgac0q7YzVqQ/snapinsta.to-503328501-18314372683228758-1993083549088438414-n.jpg)
Com base nas novas descobertas, espera-se que Faken possa ser reconstruído digitalmente, o que permitirá visualizar a sua aparência como um todo, bem como responder certas lacunas existentes acerca de sua história – tal qual o motivo por trás de seu naufrágio.
“O Falken era um navio que, ao contrário de outras embarcações grandes e mais conhecidas, como Vasa, Kronan, Äpplet ou Mars, viajava com frequência”, lembra o arqueólogo Niklas Eriksson, que liderou os esforços do projeto, em comunicado.
“Este navio esteve presente em muitos eventos históricos significativos e famosos, e o seu naufrágio pode nos ensinar muito sobre a aparência, o funcionamento e a decoração de uma estrutura importante como essa”, acrescenta.
Construído e Estocolmo entre 1630 e 1631, provavelmente por Hein Jakobsson (o mesmo empreiteiro naval que concluiu Vasa alguns anos antes), o Falken era consideravelmente menor que seus “irmãos”, mas apresentava cabines mais amplas e confortáveis. Veja comparativo abaixo:
Essas mudanças no design visavam a comodidade dos passageiros e foram ordenadas pelo próprio Rei Gustavo II Adolfo, que governou a Suécia entre de 1611 e 1632. Com a morte do monarca, o barco passou a responder à sua filha sucessora no trono, a Rainha Cristina.
Por duas décadas, o Falken foi usado não apenas como navio de guerra, mas também para transportar conselheiros, diplomatas, reis e outras celebridades que viajavam em suas confortáveis cabines. Foi no final de uma dessas viagens, porém, que a embarcação sucumbiu.
No outono de 1651, o Falken encalhou na Península de Porkkala, a caminho de Estocolmo, após transportar o Conde Erik Stenbock para a cidade de Narva, na Estônia. Por mais que os detalhes do acidente inda sejam desconhecidos, sabe-se que um navio menor, Ugglan, foi enviado ao local para ajudar a tripulação e resgatar o máximo possível das armas e equipamentos a bordo dele.
(Por Arthur Almeida)