Além da angústia sobre os impactos da demora nas obras para instalação do Ônibus de Trânsito Rápido (BRT) nas principais artérias viárias de Cuiabá, os comerciantes têm uma outra preocupação sobre a questão do modal: o trajeto nas avenidas como Isaac Póvoas e Getúlio Vargas. Em entrevista ao Agora Pod desta semana, o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Cuiabá (CDL), Júnior Macagnam, revelou que pediu ao governo do Estado para adiar esse trecho das obras, por entender que não existe densidade populacional nas regiões e, também, por colocar em xeque se o BRT atrairá consumidores.

“Eu tenho minhas dúvidas se o BRT fomenta ou tira. Ano retrasado, a gente participou de um estudo na prefeitura sobre IPTU. Todos esses lugares em que tem uma linha de ônibus expressa, em todos eles o IPTU baixou. Getúlio Vargas do lado direito, que tem aquela linha expressa de ônibus, o IPTU ia baixar. Depois, não rolou esse processo aí, foi derrubado, mas todos esses corredores de ônibus que passam em frente do comércio, por dificultar o estacionamento, o IPTU baixou. Isso é um sinal de que as vendas com esses corredores de ônibus acabam caindo”, começou o líder empresarial.

Macagnam revelou ter ponderado com o governo do Estado para que deixe para uma segunda etapa a extensão do modal nas avenidas centrais – Getúlio e Isaac – e que concentre “energia” para entregar mais rapidamente os trechos inicias da obra, que acabam sendo os mesmos pensado quando o projeto era de instalação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).

“O projeto do VLT não incluía a avenida Getúlio Vargas nem a Isaac Póvoas. Já o projeto do BRT inclui a subida da Getúlio Vargas e a descida da Isaac Póvoas, fazendo o retorno lá na praça do Choppão. Nós entendemos que não tem densidade populacional grande nessa região. Talvez, toda essa energia seria melhor canalizada no sentido de fazer logo CPA-Várzea Grande e Centro-Coxipó e deixar essa parte da Getúlio Vargas e Isaac Póvoas para um segundo momento. Esse é outro pedido que a gente levou a ele”.

Prejuízos com obras

O presidente da CDL reafirmou os impactos negativos que a demora para a conclusão das obras do BRT estão causando aos setores de comércio e serviços na extensão, sobretudo, da avenida do CPA. Conforme ele, já houve uma queda de 36% nas vendas de lojas onde há canteiro de obras e uma taxa de demissão de 20% entre as empresas. Macagnam espera contar com medidas apresentadas pela CDL ao poder público para amenizar os prejuízos.

“Nós levamos até o governo do Estado um pedido para que seja diminuído o ICMS desses comerciantes nesse período, que faça-se tipo um Pronamp (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte) estadual via Desenvolve MT, com uma carência longa, com prazo longo pra pagar, com juros subsidiados pra que essas pessoas consigam sobreviver. Pedimos também para que façam campanhas promocionais para incentivar a compra, o consumo nessa região”.

À Prefeitura de Cuiabá, o pedido envolve isenção de impostos: “fomos também à prefeitura e levamos um projeto de isenção de ISSQN para os prestadores de serviço e também de IPTU para quem é atingido nessa região. É importante que essas isenções, esses descontos, seja por um período mais longo. Aquele empresário que teve 36% de quedas nas vendas, não é que quando o BRT passar ele vai recuperar. A gente pede que dure uns 12 meses pós-obra”, acrescentou.

Confira a entrevista:

(Leiagora)