RODRIGO RODRIGUES

Após longos anos longe de Cuiabá, morando em outras cidades, a saudade apertou. Sentia falta dos grandes e queridos amigos, da comida, do calorzinho e, claro, do meu pai, que este ano completa 93 anos de vida.

“Os ricos e milionários têm o lindo Lago do Manso. A população em geral, como sempre, fica a ver canoas”

Assim que cheguei, fui almoçar no Museu do Rio, no Porto. Estava acompanhado de um amigo de São Paulo, que não conhecia Cuiabá. Ele adorou a comida, mas, ao sairmos do restaurante, ficou indignado com o abandono e a falta de aproveitamento do Rio Cuiabá.

Tendo vivido por mais de dez anos na Europa, ele ficou horrorizado com o total descaso. Não há mais pesca, não há mais lazer e, pior, o rio não gera renda alguma para os municípios banhados por ele. Não sei se falei certo, mas creio que são em torno de seis ou sete municípios.

Comecei a refletir sobre como cidades como Rosário Oeste, Nobres, Jangada e Acorizal estão à deriva, distantes do desenvolvimento de outras regiões de Mato Grosso. Enquanto isso, Cuiabá e Várzea Grande seguem de costas para o rio, que gera riqueza apenas para a empresa de abastecimento de água — aliás, muita riqueza.

Riqueza essa que Wilson Santos e Chico Galindo devem estar usufruindo na dolce vita, abastecendo suas adegas com vinhos caríssimos. Sim, Wilson, que dizia que “água é vida”, não deu um pio sequer quando “venderam” a água do Cuiabá. Ou seja, o “galinho” não cantou.

Governos municipais e estaduais entram e saem, mas até agora nenhum se empenhou em dar “vida” ao rio, criando projetos que proporcionem lazer e renda para a população.

Os ricos e milionários têm o lindo Lago do Manso. A população em geral, como sempre, fica a ver canoas.

Na Europa, todas as cidades banhadas por rios tiram proveito tanto para o turismo quanto para a geração de renda. Enquanto isso, nossa síndrome de vira-lata e a demagogia eleitoreira não nos permitem pensar além da barranca enlameada pelos esgotos.

Até mesmo Cuiabá e Várzea Grande perdem muito, mas muito mesmo.

Não é chegada a hora de deixarmos a mediocridade, a demagogia e a “malandragem” de lado e começarmos a pensar grande e no futuro?

Rodrigo Rodrigues é jornalista e graduado em Gestão Pública.

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