Pegadas de dinossauros fossilizadas foram encontradas em uma placa de pedra dentro de uma escola na zona rural de Queensland, na Austrália. A estrutura passou despercebida por cerca de 20 anos, até que, recentemente, paleontólogos finalmente examinassem as curiosas marcas de três dedos e confirmassem a sua identidade.
Anthony Romilio, especialista responsável pela primeira análise do material, afirma, em comunicado, que a placa estava marcada com dezenas de pegadas do início do período Jurássico, há 200 milhões de anos. Trata-se de uma das maiores concentrações de pegadas do tipo já documentadas no país.
“É um retrato sem precedentes da abundância, movimento e comportamento dos dinossauros, de uma época em que nenhum osso fossilizado de dinossauro foi encontrado na Austrália”, explica Romilio. “Registros significativos, como este, podem passar despercebidos por anos, mesmo à vista de todos”.
Todas as observações extraídas do material foram compiladas em um artigo científico, publicado nesta quarta-feira (12) na revista científica Historical Biology.
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Tesouro debaixo do nariz
Originalmente, mineiros de carvão desenterraram a placa em 2002 e, notando as pegadas incomuns, a doaram a uma escola na pequena cidade de Biloela, onde ela acabou sendo exibida no saguão. Ela ficou por lá até que os pesquisadores começaram a procurar por fósseis de dinossauros descobertos na área.
“Alguns professores acharam que as marcas na rocha eram réplica, não a coisa real”, indica Romilio. “Eles definitivamente sabiam que se tratava de uma pegada de dinossauro, mas não o seu nível de detalhes e sua importância como um registro fóssil histórico”.
Feita a avaliação da rocha, 66 impressões de trilhos separados foram encontradas na laje. Elas provavelmente foram deixadas por um dinossauro da espécie Anomoepus scambu, um pequeno e robusto herbívoro que andava sobre duas pernas. Ele tinha três dedos; por isso as marcas lembram pés de galinha.
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Com base no tamanho das pegadas, os pesquisadores estimam que os dinossauros tinham quadris entre 20 e 76 centímetros, como destaca a revista New Scientist. Esses animais ainda podiam caminhar em velocidades de 2 a 6 km/h.
“Embora sejam os fósseis de dinossauros mais abundantes, as pegadas fossilizadas tendem a ser descartadas por muitos pesquisadores. Isso acontece porque elas não têm o apelo de um osso fossilizado”, conclui Romilio.
Quando os grandes répteis andaram pelo local, o solo teria sido uma superfície siltosa (entre areia e argila) sob uma camada rasa de água. Ao lado das pegadas de dinossauros, há buracos na laje que provavelmente foram feitos por invertebrados escavadores.
(Por Arthur Almeida)