Arqueólogos encontraram pigmentos azuis antigos nas ruínas de oficinas do palácio Domus Aurea, em Roma, na Itália. Acredita-se que o corante foi utilizado para trazer cor ao palácio na época der Nero — imperador romano da era cristã, que governou Roma entre os anos de 54 e 68 d.C..

Os pesquisadores encontraram, dentro do local onde estavam os pigmentos, uma ânfora com colorantes ocre que tem cor amarela, jarros pequenos com tinturas avermelhadas com um tom do mineral realgar e bacias, onde eram feitas as misturas dos corantes com água.

Bacias onde os pigmentos eram hidratados e misturados com água — Foto: Simona Murrone/Parque Arqueológico do Coliseu
Bacias onde os pigmentos eram hidratados e misturados com água — Foto: Simona Murrone/Parque Arqueológico do Coliseu

Porém, o que mais chamou a atenção dos arqueólogos foi um artefato com o raro pigmento azul egípcio. A cor possui esse nome porque era muito utilizada pelos povos egípcios há milhares de anos , datado no terceiro milênio a.C.

Azul egípcio é o pigmento sintético mais antigo conhecido no mundo — Foto: Simona Murrone/Parque Arqueológico do Coliseu
Azul egípcio é o pigmento sintético mais antigo conhecido no mundo — Foto: Simona Murrone/Parque Arqueológico do Coliseu

“O fascínio transmitido pela profundidade do azul deste pigmento é incrível”, disse a administradora do Domus Aurea e diretora do Parque Arqueológico do Coliseu, Alfonsina Russo, em comunicado. “A Domus Aurea mais uma vez nos comove e restaura o brilho das cores usadas pelos pintores que habilmente decoraram os cômodos deste precioso e refinado palácio imperial.”

De acordo com o historiador da revista La Brújula Verde, Guillermo Carvajal, os egípcios utilizavam o pigmento para sombrear retratos de forma sútil. Além disso, a coloração brilhante trazia vividez para estatuetas fúnebres de faiança — formas e figuras de cerâmica.

Considerado como o primeiro pigmento sintético e o mais antigo do mundo, o azul egípcio é produzido através da queima de sílica em conjunto com calcário e minerais que possuem cobre e carbonato de sódio.

A grande novidade é ter encontrado um grande pedaço de pigmento azul egípcio, pesando mais de dois quilos e com 15 centímetros de comprimento. Pelo tamanho do artefato, os pesquisadores acreditam que o pigmento era usado de forma generalizada nas obras inseridas no palácio Domus Aurea.

No primeiro século a.C., o arquiteto romano Vitrúvio registrou algumas informações sobre o pigmento no seu tratado chamado De Architectura. No documento, ele revela como o corante egípcio se estendeu no mediterrâneo, mas se fixou no Império Romano, principalmente nas Termas de Tito e nas muralhas de Pompeia — onde os pesquisadores encontraram amostras do pigmento raro.

Através de microscópio, arqueólogos do Museu Britânico conseguiram ver que existem traços de azul egípcio em mármores do Partenon — esculturas esculpidas na Grécia e que foram levadas para a Grã-Bretanha.

Segundo Vitrúvio, os principais centros de produção do pigmento azul eram as regiões de Cuma, Liternum ou Pozzuoli. Agora, arqueólogos estão fazendo investigações para saber se a informação é verdadeira. Os pesquisadores também consideram a possibilidade do colorante ter sido exportado de alguma cidade egípcia, como Alexandria.

A hipótese dos arqueólogos é de que a receita do pigmento teria sido perdida quando ocorreu o declínio do Império Romano, e teria sido redescoberta pelo químico Humphry Davy, no século 19. Porém, existem evidências do corante azul em pinturas renascentistas, o que derruba as teorias levantadas, além de trazer ligações entre a arte da antiguidade e do Renascimento.

(Por Tainá Rodrigues)