O pintor Jackson Pollock (1912-1956) foi um dos principais expoentes do expressionismo abstrato, movimento artístico também conhecido como “Escola de Nova York”. Segundo um estudo recente, publicado em 10 de janeiro na revista CNS Spectrums, suas obras, marcadas pela técnica de pingar e arremessar tinta na tela, podem ter resultado de habilidades espaciais ligadas ao transtorno de personalidade bipolar — quadro psiquiátrico caracterizado pela alternação entre episódios de mania e depressão.
Pollock ficou conhecido por sua técnica de pintura de gotejamento, que consistia em colocar a tinta diretamente do tubo ou da lata sobre uma tela disposta no chão. Ele complementava o processo com pinceladas, uso de espátula e até mesmo esfregando o tubo de tinta na superfície, criando composições dinâmicas e cheias de cor.
Segundo o novo estudo, essas pinturas, apesar de sua aparência abstrata, podem conter significados ocultos. De forma consciente ou não, Pollock pode ter incorporado imagens escondidas em seu trabalho.
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“Ver uma imagem uma vez em uma pintura por gotejamento pode ser aleatório, agora, vê-la três ou mais vezes – como é o caso de garrafas de bebida, macacos e gorilas, elefantes e muitos outros sujeitos e objetos nas pinturas de Pollock – torna muito improvável que essas imagens sejam percepções provocadas aleatoriamente sem qualquer base na realidade”, disse Stephen Stahl, o responsável pela pesquisa, em comunicado.
Ao revisar as obras de Pollock, o pesquisador observou certos padrões que podem ter sido utilizados de maneira inconsciente pelo pintor. “Certas imagens aparecem repetidamente em suas pinturas”, disse. “Sua notável habilidade de esconder essas imagens à vista de todos pode ter sido parte de seu gênio criativo, e também pode ter sido aprimorada pela dotação de extraordinárias habilidades visuais espaciais que foram descritas em alguns pacientes bipolares”.
Registros históricos indicam que Pollock recebeu diagnósticos psiquiátricos que, na época, o classificavam como alguém que sofria de “psicose alcoólica”, “personalidade esquizoide” ou um “transtorno semelhante à esquizofrenia”, caracterizado por fases de extrema agitação seguidas de períodos de retraimento ou paralisia.
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No entanto, esses termos não são mais utilizados na psicologia moderna. Uma reavaliação de seus sintomas sugere que ele sofria provavelmente de transtorno bipolar. Além disso, durante seu tratamento psiquiátrico, o pintor teve contato frequente com os testes de Rorschach — conhecidos por suas manchas de tinta abstratas — e até chegou a relatar alucinações visuais.
Essa possibilidade não é uma novidade no mundo artístico. Pesquisas sugerem que transtornos mentais crônicos, como o transtorno bipolar, podem ter uma conexão com altos níveis de criatividade e genialidade. Outro pintor que sofria da doença era o holandês Vincent van Gogh, que alternava entre períodos de intensa inspiração artística e fases profundas de depressão, culminando, em 1890, em sua morte por suicídio.
Pollock nasceu no estado do Wyoming, em 1912. Ele viajou os Estados Unidos ao lado de seu pai, um fazendeiro, adquirindo inspirações de diferentes vanguardas artísticas como o surrealismo e modernismo europeu. Essas experiências o impulsionaram a criar seu próprio estilo, marcado por composições semi-abstratas, trabalhadas por meio de um aperfeiçoamento quase obsessivo.
Entre suas obras mais famosas, estão Male and Female (1942), Number 1A,1948 (1948), One: Number 31 (1950), Lavender Mist: Number 1, 1950 (1950) e The Deep (“O profundo”, 1953).
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(Por Redação Galileu)