Os anéis de Saturno podem ter se formado no início da história do Sistema Solar, há cerca de 4,5 bilhões de anos – bem antes das centenas de milhões de anos atrás que se acreditava até então. Isso é o que sugere um estudo publicado na segunda-feira (16) na revista Nature Geoscience.
Os anéis do planeta são formados por bilhões ou até mesmo trilhões de pedaços de gelo de água que variam em tamanho, podendo ser gigantes ou microscópicos segundo o olhar humano. Além disso, parecem “limpos demais” para sua idade, ou seja, os anéis não teriam sido “sujos” por colisões com rochas espaciais minúsculas (micrometeoroides).
Contudo, as aparências de Saturno enganam. O novo estudo sugere que, na verdade, as rochas apenas não se fixaram nos anéis, fazendo com que eles só pareçam mais jovens do que realmente são.
Simulações de impacto
Há 4,5 ou 4 bilhões de anos atrás, o Sistema Solar era mais “caótico”. Segundo conta ao site Space.com o cientista planetário Ryuki Hyodo, do Instituto de Ciências de Tóquio, “muitos corpos planetários grandes ainda estavam migrando e interagindo, aumentando muito as chances de um evento significativo que poderia ter levado à formação dos anéis de Saturno”.
Por meio de modelagem computadorizada, sua equipe simulou impactos de micrometeroides nos anéis, e concluiu que eles os atingiram a uma velocidade alta o suficiente para serem vaporizados a uma temperatura de 10 mil ºC.
Esse vapor então pode ter expandido, esfriado e formado nanopartículas e íons carregados que seguiriam um dos três percursos: ou colidiriam com o planeta, escapariam da sua gravidade, ou seriam arrasados para sua atmosfera. De qualquer maneira, os anéis seriam deixados completamente limpos e manteriam uma aparência relativamente jovem.
“Isso representa um passo positivo em direção ao esforço de modelagem necessário para lidar adequadamente com o problema fundamental da formação e evolução de um sistema de anéis planetários”, comenta Lotfi Ben-Jaffel, pesquisador do Instituto de Astrofísica de Paris, na França, que não esteve envolvido na pesquisa.
Por outro lado, Ben-Jaffel afirma que os autores do estudo ainda precisam melhorar sua modelagem para fornecer uma estimativa mais precisa. A datação dos anéis de Saturno ainda é alvo de debates: outro estudo, publicado em 2023, estimou que eles não têm mais de 400 milhões de anos.
(Por Redação Galileu)