Uma equipe de mergulhadores descobriu aberturas em forma de chaminé no fundo do Mar Morto que descarregam um fluido cintilante. O achado divulgado em 14 de novembro foi publicado no periódico Science of The Total Environment.
O Mar Morto é, na verdade, um lago de sal sem saída para o mar que fica na fronteira entre a Jordânia, Israel e a Cisjordânia. Seu nível vem caindo cerca de um metro por ano há mais de cinco décadas devido à evaporação como resultado da seca e do calor.
Cientistas das áreas de mineralogia, geoquímica, geologia, hidrologia, sensoriamento remoto, microbiologia e química de isótopos de dez instituições de pesquisa estiveram envolvidos na investigação e análise das chaminés do Mar Morto.
Segundo descreve em comunicado o hidrogeólogo Christian Siebert do Centro Helmholtz de Pesquisa Ambiental (UFZ), na Alemanha, essas chaminés têm “uma semelhança impressionante com fumarolas negras no fundo do mar, mas o sistema é completamente diferente”.
Enquanto as fumarolas negras ao longo da dorsal meso-oceânica emitem água quente contendo sulfetos a uma profundidade de vários milhares de metros, os pesquisadores no Mar Morto descobriram que águas subterrâneas altamente salinas fluem pelas chaminés no fundo das águas.
Mas de onde vem o sal dessas chaminés? Ele vem de águas subterrâneas dos aquíferos circundantes, que penetram nos sedimentos salinos do Mar Morto, lixiviando camadas extremamente antigas e espessas de rocha, consistindo principalmente do mineral halita. O líquido então flui para o lago como salmoura.
“Como a densidade dessa salmoura é um pouco menor do que a da água do Mar Morto, ela sobe como um jato. Parece fumaça, mas é um fluido salino”, explica Siebert.
Fumarolas brancas
Segundo os cientistas, as chaminés podem crescer vários centímetros em um único dia. Muitas delas tinham de um a dois metros de altura, mas algumas eram maiores, com mais de sete metros de altura e um diâmetro de mais de 2 a 3 metros.
Essas chaminés, apelidadas de fumarolas brancas, apresentavam traços minúsculos do radioisótopo 36 Cl, além de micróbios de água doce, indicando que sua origem são os aquíferos da área circundante.
Essas estruturas são importantes, pois podem servir como um indicador de alerta precoce para crateras de até 100 metros de largura e até 20 metros de profundidade, milhares das quais se formaram ao longo do Mar Morto nas últimas décadas.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_fde5cd494fb04473a83fa5fd57ad4542/internal_photos/bs/2024/1/G/Y6k7tKTEqfA9jYOe0QPw/low-res-pm-sinkhole-1.jpg)
Tais crateras são formadas pela carstificação do subsolo, ou seja, pela dissolução de camadas maciças de sal. Isso forma cavidades gigantes acima das quais o solo pode desabar a qualquer hora. “Até o momento, ninguém pode prever onde ocorrerão as próximas crateras. Elas também são fatais e representam uma ameaça à agricultura e à infraestrutura”, diz Siebert.
Embarcações autônomas equipadas com ecobatímetros multifeixe ou sistemas de sonar de varredura lateral podem ser usadas para mapear as chaminés com alto grau de precisão. “Este seria o único método até o momento, e altamente eficiente, para identificar regiões em risco de colapso iminente”, afirma o pesquisador.
(Por Vanessa Centamori)