Imagens de um satélite espião americano ajudaram arqueólogos a encontrar, no Iraque, vestígios de um sítio arqueológico inédito. O local teria sido palco da Batalha de al-Qadisiyyah, entre o exército árabe muçulmano e o Império Sassânida, no ano 636 ou 637 d.C. Até então, o local exato do conflito no Oriente Médio ainda não tinha sido estimado com precisão pelos pesquisadores.
A descoberta foi publicada no último dia 12 de novembro na revista científica Antiquity, e é assinada por cientistas da Universidade Durham, na Inglaterra, e da Universidade Al-Qadisiyah, no Iraque.
Capturadas em 1973 por um conjunto de satélites dos Estados Unidos chamado KH-9 (Hexagon), as imagens possibilitaram comparar o local à localização perdida da histórica batalha, que marcou o início da conquista muçulmana da Pérsia, com a queda do Império Sassânida e a expansão do Islã para além da Península Arábica.
As imagens puderam ser divulgadas ao público recentemente porque já não são mais secretas, ou representam algum interesse estratégico americano. É o que eles chamam de “declassified satellite imagery“.
Registros antigos e textos históricos mencionavam características específicas, como um riacho com ponte e uma muralha dupla de 10 km que conectava um complexo militar e um grande assentamento, confirmando relatos históricos da batalha. Elas foram identificadas nas imagens e depois confirmadas em uma pesquisa de campo.
“Essa descoberta fornece uma localização geográfica e um contexto para uma batalha que é uma das histórias fundadoras da expansão do Islã no Iraque moderno, no Irã e além”, disse William Deadman, arqueólogo da Universidade de Durham, no Reino Unido, em comunicado.
O local da descoberta pode ser visto no vídeo a seguir, feito pela Associated Press:
Originalmente, os pesquisadores estavam investigando a rota de peregrinação de Darb Zubaydah, usada entre os séculos 8 e 9, como parte de um estudo para a UNESCO. No entanto, as pistas sobre a batalha surgiram ao cruzar as imagens de 1973 com descrições históricas. Eles localizaram uma muralha de 10 quilômetros e o fosso mencionados nos relatos, confirmando a identificação do campo de batalha.
(Redação Galileu)