DEUSDÉDIT DE ALMEIDA
Dia de finados lembramos, com carinho e saudades, os entes queridos que já partiram para a casa do Pai. A fé cristã nos ensina que a morte não interrompe a vida; não é o ponto final da existência humana e nem passageira ilusão. Mas é a transfiguração da vida numa dimensão gloriosa. É o coroamento e a plenificação da vida no feliz encontro com Deus. Porquanto, Deus nos criou para a vida plena e não para a morte. Não nascemos para morrer, mas morremos para viver.
A vida tem três etapas: a primeira etapa são os nove meses do ventre materno, a segunda etapa é a existência humana neste mundo, que é passageira, e a terceira etapa é a eternidade ou mansão dos justos, que é preparada neste mundo. Sim, a vida eterna que começa aqui e agora. Quem vive com Deus neste mundo viverá com Ele eternamente. Quem vive com Cristo nesta vida, viverá com Ele na outra vida. Quem vive no amor e na harmonia com seus irmãos, continuará na outra vida na plenitude do amor e da comunhão.
Quem vive uma vida reconciliada, pacificada e em comunhão com seus irmãos, também, continuará na outra vida na perfeita reconciliação e comunhão eterna. Por isso, a hora de amar a Deus e perdoar os irmãos é agora. A hora de fazer e crescer no bem é agora. Pois, o amanhã pode não acontecer! No momento do encontro final com Deus, comumente chamamos de juízo particular, de nada vale o dinheiro, o sucesso, o prestígio, a beleza, a fama. Mas, o que conta são nossas boas obras, a retidão e autenticidade existencial. Levaremos em nossa bagagem, o bem que realizamos ao longo da vida. Sobretudo para os mais pobres.
Pois, assim nos diz o sacrossanto livro: “Vinde, benditos do meu Pai, recebei por herança o reino preparado para vós desde a fundação do mundo. Pois tive com fome e me deste de comer. Tive sede e me deste de beber. Estive nu e me vestistes” (Mt,25,34). Esta passagem bíblica nos revela que o critério para o julgamento final, será o exercício do amor, da caridade e solidariedade para com o próximo, sobretudo, os mais pobres e excluídos do banquete da vida.
Temos urgência de encontrá-los como irmãos neste mundo, antes de nos defrontarmos com eles como nossos juízes diante de Deus! Assim, o pobre necessitado que bate a nossa porta, além de testar a nossa caridade cristã, pode se transformar no instrumento ou tábua de nossa salvação. O Beato Frederico Ozanan (1813), leigo e professor universitário na França, afirmou: “Precisamos olhar para o pobre como alguém que é igual ou superior a nós. Porque ele suporta aquilo que nós não suportamos: fome, miséria, doenças, falta de moradia e conforto material”. É precisamente por isso que, no dia de finados, os Vicentinos e vicentinas, realizam um mutirão de coletas nos Cemitérios em favor das famílias em situação de vulnerabilidade social assistidas por eles.
Não esqueçamos que para os mortos não bastam oferecer flores, velas e visitas aos Cemitérios. Precisamos oferecer orações, súplicas de perdão, sacrifícios e esmolas aos pobres (caridade). São estes gestos cristãos que agradam a Deus e retornam para nossas vidas em forma de bênção, de alegria e conforto espiritual.
A santa missa, o santo sacrifício eucarístico, em sufrágio das santas Almas, é sem dúvida o maior presente aos mortos. A Igreja oferece, incessantemente, o sacrifício eucarístico da páscoa de Cristo e eleva a Deus suas orações pela salvação de todos os fiéis defuntos. O sangue do Senhor foi derramado para a salvação de todos!
As visitas aos cemitérios são manifestações de fé, de carinho e gratidão para com os antepassados falecidos. Hoje rezamos por eles; amanhã, com certeza, outros rezarão por nós. Que as almas de todos os fiéis defuntos, pela infinita bondade e misericórdia de Deus, descansem para sempre na paz de Cristo!
Deusdédit de Almeida é sacerdote diocesano da Catedral Basílica do Senhor Bom Jesus de Cuiabá.
Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias Cuiabano News