Palmeiras e WTorre, enfim, entraram em um acordo referente a todas as disputas judiciais que travaram nos últimos anos por dívidas e divergências na gestão do Allianz Parque.
As partes fizeram concessões sobre valores de repasse que a construtora não realizou nos últimos anos de parceria, ajustes comerciais e operacionais, tópicos discutidos na arbitragem, além de débitos que o clube tinha com a WTorre, também.
De acordo com o comunicado, a WTorre irá pagar R$ 50,1 milhões à vista ao Palmeiras pelas dívidas pendentes e ainda realizará a cessão de diferentes propriedades do Allianz Parque. A reportagem apurou que esse valor será pago nesta quarta-feira.
O saldo do acordo envolvendo todas as pontas chega a R$ 117 milhões.
A partir deste longo acordo, o Allianz Parque enfim terá um aumento de 1 mil lugares no Gol Norte, no espaço que estava sem uso desde a inauguração da arena, em 2014. O clube não divulgou os planos para o local, mas havia a expectativa de este virar um setor popular na casa do Verdão.
– Este é um momento especial para todos nós, palmeirenses. Após dez anos de discussões, a nossa gestão concretizou um acordo justo, benéfico a todos e fundamental para o futuro desta parceria, que tem mais 20 anos pela frente. Nosso compromisso é construir um Palmeiras cada vez mais vencedor e, para isso, queremos caminhar lado a lado com a WTorre – disse Leila Pereira, presidente do Palmeiras.
Parceiros há dez anos, Palmeiras e WTorre vivem em guerra jurídica desde então. A relação teve momentos muito ruins, mas desde o início do ano começou uma reaproximação que permitiu a retomada da discussão para finalizar as divergências na Justiça.
Por contrato, o Verdão tem direito a percentuais mensais que crescem ao longo dos 30 anos do acordo com a construtora, referente ao aluguel da arena para shows, exploração de setores, locação de camarotes e cadeiras, além de naming rights.
O Verdão havia recebido apenas em sete meses estas fatias: novembro e dezembro de 2014, e de janeiro a junho de 2015 (exceto maio daquele ano). Por isso, levou o caso à Justiça Comum e chegou a entender que o débito, com a correção do período, era de R$ 160 milhões.
A construtora não concordava com o valor, por entender que teria valores a receber, também, em discussões na arbitragem. No começo de 2024, a WTorre voltou a fazer os depósitos, em um sinal de intenção de resolver a briga.
– Ao completarmos uma década de Allianz Parque, não poderíamos ter uma conquista mais importante do que o acordo com o Palmeiras. O clube mais vencedor do país e a principal arena multiuso do continente podem, e devem, conquistar juntos novas metas, tendo um cenário de harmonia e interesses alinhados. Temos muito trabalho em conjunto com o Palmeiras nas próximas duas décadas de concessão – concluiu Sílvia Torre, co-fundadora e presidente do Conselho da WTorre.
As receitas do Palmeiras pela locação da arena para eventos, além da exploração de áreas como lojas, lanchonetes e estacionamento são:
- Até 5 anos da abertura: 20%
- De 5 anos até 10 anos da abertura (estágio atual): 25%
- De 10 anos até 15 anos da abertura: 30%
- De 15 anos até 20 anos da abertura: 35%
- De 20 anos até 25 anos da abertura: 40%
- De 25 anos até 30 anos da abertura: 45%
Já as receitas pela locação de cadeiras, camarotes, além do naming rights com a Allianz são:
- Até 5 anos da abertura: 5%
- De 5 anos até 10 anos da abertura (estágio atual): 10%
- De 10 anos até 15 anos da abertura: 15%
- De 15 anos até 20 anos da abertura: 20%
- De 20 anos até 25 anos da abertura: 25%
- De 25 anos até 30 anos da abertura: 30%
A setorização das cadeiras do Allianz também foi assunto superado a partir deste acordo. Com isso, resolvem-se impasses referentes ao Avanti, Passaporte (programa de venda de assentos da WTorre), Lounge Centenário e detentores de cadeiras cativas.
Atrito de longa data
Há seis anos, o clube abriu o processo em primeira instância cobrando o débito pelas fatias de receitas, na época de pouco menos de R$ 15 milhões. Já havia processos na corte arbitral entre os parceiros, também.
No começo de 2018, a ação foi extinta, sob o argumento de que o tema deveria ser tratado na corte arbitral, como em outras divergências da parceria.
O Palmeiras, porém, entrou com recurso, pois entendia que o valor devido é incontroverso e confessado nos relatórios. Depois de três anos de tramitação, a Justiça deu razão ao clube em segunda instância, para que a dívida fosse executada judicialmente.
Antes, o processo era referente à quantia até 2017. Em dezembro, a ação subiu para quase R$ 62 milhões, já englobando valores de 2018. Agora em março, diante da falta de definição, o Palmeiras colocou todo o valor devido desde 2015 no processo: R$ 127.972.784,97.
Nos últimos anos, a diretoria do clube e a WTorre vinham tentando um grande acordo, envolvendo todos os temas de divergência na parceria. Por conta disso, o processo na arbitragem estava paralisado e outros assuntos também, como a construção do setor popular no Gol Norte.
A parceria pela gestão do Allianz Parque é válida até o fim de 2044. (GE)