As obras de implantação do Ônibus de Transporte Rápido (BRT) em Cuiabá tem refletido na rotina dos moradores e trabalhadores da região da avenida do CPA. A demora na conclusão do modal tem causado irritação e mudanças nas rotinas dos moradores e das pessoas que passam pela região.
Conforme relatou ao o corretor José Augusto Amorim, o congestionamento tem afetado a população, pois segundo ele, trajetos feitos em minutos agora são concluídos em horas. Segundo ele, os moradores também estão sentindo no bolso, pois com a mudança nos trajeto e o aumento das filas quilométricas o combustível vai embora.
“Esse trânsito está horrível, essa obra do BRT prejudicou ainda mais a população. Quem precisar ir e vir pela avenida do CPA é mais fácil cortar pelos bairros porque se não leva mais de uma hora. E isso vai longe ainda, essa obra aí não vai ficar pronta em menos de dois anos e quem vai sofrer é a população”, declarou o corretor.
Moradora do bairro Cidade Verde, José disse que anda diariamente pela avenida do CPA, e devido ao avanço das obras trocou o trecho e disse que hoje prefere entrar pelos bairros. Segundo ele, o trajeto é mais longo, mas é a única maneira de fugir um pouco do congestionamento. Ele citou que para chegar no Fórum está muito complicado, pois os veículos estão tendo acesso a apenas uma via.
Mudança de rotina com as obras do BRT
A reportagem do parou outros moradores na avenida da CPA, entre eles Lídia Cristina de Oliveira. Moradora do bairro Jardim Leblon, ela aguardava o motorista de aplicativo em frente à Defensoria Pública de Mato Grosso.
Segundo ela, precisou trocar a rotina do transporte coletivo por corrida de aplicativo devido ao tempo que hoje leva para se deslocar da casa para o serviço e vice-versa. Temendo chegar atrasada no trabalho, Lídia disse que agora prefere sair com uma hora de antecedência, pois segundo ela, as obras do BRT têm castigado o trânsito e prejudicado a população.
“Esse congestionamento realmente mudou muito nossa rotina. Eu tenho uma irmã que mora na região do CPA, eu aqui no Jardim Leblon. Então nesse horário a gente até nem sai de casa. Se tiver que sair, a gente deixa para sair mais tarde ou mais cedo. Ficou impossível”, externou ela.
Questionada sobre a demora e o fim das obras, Oliveira declarou que não acredita ainda na implantação do BRT em Cuiabá e Várzea Grande. “É algo que eu não consigo nem ter esperança que aconteça. Não consigo nem visualizar”, pontuou.
Indagada se a briga política entre o governador Mauro Mendes (União) e o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) prejudicou o desenrolar dessas obras, Lídia disse que com certeza, sim, que não apenas com o trânsito, mas também com a saúde e outras coisas.
Transporte coletivo piora com as obras
Moradora da região do Cristo Rei, em Várzea Grande, mas com serviço fixo em Cuiabá, Lucrécia Magalhães, disse que as obras do BRT têm dificultado ainda mais as pessoas que dependem do transporte coletivo.
Lucrécia precisar pegar dois ônibus, um ali próximo a Defensoria Pública e outro na Prainha, e segundo ela, são quase duas horas de viagem, pois segundo ela, os ônibus estão demorando para passar e muitas vezes vem lotado e precisa esperar outro, prolongando ainda mais o trajeto.
Para Magalhães, o governador e o prefeito não pensam na população e nem no quanto estão sendo prejudicados com essas obras demoradas que tem atrapalhado a vida das pessoas. Segundo ela, esses políticos só lembram da população em época eleitoral.
“Para eles [políticos] parece que nós nem existimos. Só somos vistos nessa época de eleição, mas no dia a dia, sofrimento ninguém está nem aí para nós não”, desabafou.
Avenida do CPA recebe visita de políticos
A reportagem do também conversou com um comerciante da região, que preferiu não se identificar, pois segundo ele, recebe clientes influentes e poderia ser prejudicado.
Segundo ele, na região próxima da Defensoria Pública o “bicho pega” mesmo é no horário de pico, que começa por volta das 17h30. De acordo com o comerciante, o trânsito para e os carros ficam tempo para conseguir avançar no semáforo, além daqueles que não respeitam e fecham a faixa de pedestre.
Questionado sobre a obra estar sendo realizada de picado, o comerciante disse que essas partes que pularam que são onde tem contorno com certeza vai dar mais trabalho e não vão mexer por agora.
Ele ainda citou que por ser época de campanha, muitos políticos como candidatos a prefeito de Cuiabá têm aparecido naquela região para acompanhar o congestionamento e o sofrimento da população.
Em Várzea Grande, as obras do BRT iniciaram em 2023
Na cidade industrial, as obras já estão mais avançadas, e alguns trechos ainda estão sendo interditados e desviados. No mês passado, a Prefeitura, por meio da Secretaria de Serviços Públicos e Mobilidade Urbana, informou que a avenida vereador Abelardo, que é um trecho da avenida da Feb até a rua da Independência, seria interditada para ampliação das obras de drenagem do BRT.
Na ocasião, o subsecretário da pasta, Cidomar Arruda, forçou que as intervenções na via são realizadas pelo Consórcio BRT quando necessário com apoio e Fiscalização da SSPMU-VG e Guarda Municipal.
Sistema BRT
O Sistema BRT terá dois corredores em Cuiabá e Várzea Grande. Um corredor vai ligar o Terminal do CPA até o novo Terminal de Várzea Grande. O segundo fará a ligação entre o Terminal do Coxipó e o centro da Capital.
Serão operados cinco serviços: duas linhas chamadas de “paradoras”, que farão todo o trajeto dos corredores, parando em todas as estações, e três linhas expressas, que saem do terminal de origem e vão até o centro de Cuiabá com poucas paradas, permitindo, assim, viagens mais rápidas para os usuários.