Todos sabemos que uma boa alimentação pode influenciar sim na nossa saúde e na disposição que temos para enfrentar o dia-a-dia. O segredo não está em apenas comer frutas e legumes. Mas sim fazer uma dieta equilibrada com todos os alimentos em quantidades certas.
Mas é claro que nem sempre conseguimos seguir essa dieta saudável e acabamos comendo algumas, ou muitas, besteiras. Normalmente, essas refeições são as chamadas junk food, ou seja, aquele tipo de comida com alto teor de gordura, açúcar, ou ultraprocessado. E já é sabido que esse tipo de comida não é boa para o corpo. Agora, evidências estão se acumulando para mostrar que ela também não é boa para o cérebro.
Um estudo descobriu que ter uma dieta rica em gordura e açucarada pode levar a problemas de memória duradouros. Isso foi visto em ratos que foram alimentados com esse tipo de alimento desde pouca idade.
Tipo de dieta
Isso é visto porque as dietas que são ricas em gorduras saturadas e açúcares simples mexem com a acetilcolina, que é um neurotransmissor chave no cérebro dos animais envolvido na memória.
“O que vemos não apenas neste artigo, mas em alguns de nossos outros trabalhos recentes, é que se esses ratos cresceram com essa dieta de junk food, então eles têm problemas de memória que não desaparecem”, disse Scott Kanoski, neurocientista da University of Southern California (USC).
Outros estudos recentes relacionaram as dietas com alimentos não saudáveis com o risco do desenvolvimento da doença de Alzheimer mais tarde na vida. Até porque, a acetilcolina está relacionada com a memória e aprendizagem, e fica esgotada no Alzheimer.
Outra coisa sugerida pelos estudos é que ingerir determinadas junk foods pode prejudicar o controle do apetite no cérebro, e que a obesidade pode mudar a capacidade do cérebro de detectar a saciedade e se sentir satisfeito depois das pessoas comerem alimentos ricos em gordura e açúcar.
Um ponto em comum entre os estudos é que esse tipo de alimento, bastante visto nas dietas ocidentais, muitas vezes afetam a memória mesmo quando são consumidos de forma ocasional.
Estudo
Para o estudo, os pesquisadores alimentaram os ratos com uma dieta rica em gordura e alimentos açucarados, entre os 26 e 56 dias de vida deles. Esse período corresponde à adolescência humano, ou seja, época em que o cérebro está passando por um desenvolvimento bem significativo. E um outro grupo de ratos foi alimentado de forma saudável para ser o grupo de controle.
Nos testes de memória feitos, os ratos que se alimentaram com a dieta ocidental não conseguiram identificar novos objetos em uma cena que tinham visto dias antes, ou se um objeto familiar tinha se movido. Já o grupo de controle conseguiu fazer essas coisas.
Mesmo depois do grupo alimentado ter mudado sua dieta para uma saudável por 30 dias, os problemas de memória continuaram. Esse período na vida deles é equivalente à vida adulta humana.
Através de outras imagens, eles puderam ver que essa diminuição rejudicou a sinalização da acetilcolina nos animais que tiveram um desempenho ruim no experimento de memória. Já as drogas que fizeram com que as células do hipocampo a libertassem acetilcolina conseguiram restaurar a capacidade de memória nos animais.
“A sinalização da acetilcolina é um mecanismo para ajudá-los a codificar e lembrar esses eventos, análogo à ‘memória episódica’ em humanos, que nos permite lembrar eventos do nosso passado. Esse sinal parece não estar acontecendo nos animais que cresceram comendo uma dieta gordurosa e açucarada”, explicou Anna Hayes, autora principal e pesquisadora de nutrição da USC.
Mesmo com essas descobertas, um estudo anterior feito pelos pesquisadores viu que existem algumas diferenças no sexo e no momento que precisam ser entendidas. Por exemplo, começar com uma dieta ocidental no começo, mas não no fim da adolescência tem impactos duradouros na memória dos ratos machos, mas não na das fêmeas.
Fonte: Science alert