O Flamengo venceu o Bahia por 1 a 0 na noite desta quarta-feira, na Casa de Apostas Arena Fonte Nova, e abriu vantagem nas quartas de final da Copa do Brasil. Em entrevista coletiva após a partida, Tite comemorou sua volta à beira do campo após se recuperar de uma “fibrilação atrial” decorrente de uma arritmia sofrida na altitude de La Paz, na Bolívia, pela Libertadores, e criticou a Conmebol (o clube será julgado pela confederação por ter chegado à cidade após o prazo permitido).

– Dá para escrever um capitulo de livro. Pelo lado humano, o que cada um passa. Senti do doutor a responsabilidade, os cuidados. O doutor queria saber o porquê e ficava perto o tempo todo. Meu filho eu pedia para ficar na frente, ele queria ficar atrás, senti o cuidado deles. Tomara que as pessoas deem ouvido à ciência. Jogar em La Paz é muito difícil. Não vou usar o termo desumano, mas traz uma série de problemas fortes. Se não derem um intervalo, vai dar problema. Deu comigo, vai dar mais sério.

– Estou antecipando. É absurdo a Conmebol obrigar as equipes a estarem um dia antes, um desrespeito à ciência. Todas as pessoas, os médicos, sabem que a partir de 6h, 7h, 8h começa a ter dor de cabeça. A gente quer chegar na hora do jogo, aí o clube é multado. Só sosseguei na hora que vi os exames, o doutor mostrou, trouxe a esposa, falou para o filho, para a direção. Obrigado ao departamento médico do Flamengo, ao doutor Bassan. Eles foram muito queridos.

Depois do desabafo contra a Conmebol, Tite também comemorou a vitória, com gol de Bruno Henrique, que abriu vantagem na briga por uma vaga na semifinal da Copa do Brasil:

– Jogo de hoje tem bastante coisa para a gente falar. E a felicidade da performance da equipe, das decisões que temos que tomar em cima de uma sequência, das entradas dos atletas… Hoje de novo a necessidade do Igor (Jesus), que não vinha sendo utilizado, entrou bem. Daqui a pouco machucou um atleta e ficamos com 10 homens, a recomposição, o BH (Bruno Henrique) de 9… Tem um monte de coisa legal aí.

Veja outras respostas de Tite:

 

Mudanças de posição

 

– As mudanças de lado do Luiz (Araújo) e do Gerson, quando tem jogadores versáteis e que conseguem exercer bem… O que a gente queria? Mais jogo apoiado com Gerson. Então a flutuação do lado direito, com o Juba, que era um jogador que ficava mais atrás, dava essa liberdade maior. O Léo, tem um cronista esportivo no Rio Grande do Sul, Ruy Carlos Ostermann, que tinha um poder de síntese extraordinário. Ele falava assim quando queria elogiar um grande jogador: “Não importa a função, joga muito”. A equipe jogou muito.

Novas lesões

 

– Talvez não tenhamos tempo o suficiente para falar a respeito do quanto influencia no atleta. E quanto se trabalha em função disso PAra a gente tomar decisão sem expor o atleta, a saúde. Inevitavelmente acontece e dói. Precisamos do Michael porque não tínhamos e ele jogou o jogo todo lá (contra Bragantino). Não era para jogar o jogo todo. Veio com boa vontade e foi decisivo. Quase ia fazer o segundo gol, não foi falta. Não foi nada, ele tirou o corpo. Só para deixar registrado. Um jogador decisivo e você perde na sequência. A gente tenta preservar ao máximo, mas é duro.

Flamengo comemora o gol de Bruno Henrique contra o Bahia — Foto: Jhony Pinho/AGIF

Flamengo comemora o gol de Bruno Henrique contra o Bahia — Foto: Jhony Pinho/AGIF

Bola aérea defensiva

 

– Sim, a gente observa e teve ajustes, sim. Ninguém se esconde atrás da responsabilidade, a equipe foi primorosa em termos de bola parada e andando bolas aéreas. Teve ajuste sim.

Postura defensiva?

 

– Eu respeito sua opinião, mas divirjo dela. Se você quiser se defender, está mais perto de perder. A nossa proposta é de jogar da mesma forma, com três pressões onde a bola estiver. Senão vai perder. Não vou colocar a equipe para se acovardar. Pode ser (defensiva) numa circunstância do jogo. No segundo tempo fomos melhores, conseguimos a posse, conseguimos a marcação maior, ficamos à mercê do segundo gol. A equipe que precisa do placar precisa abrir e dá espaço.

Matheus Cunha

 

– Dois grandes (Rossi e Matheus Cunha) atletas competindo de forma leal elevam o nível técnico, foi assim com o Matheus. Um atleta que foi titular no ano passado e mostrou qualidade. Rossi fazendo um grande campeonato. Tem dois atletas elevando o nível, aí você fica com tranquilidade. No desafio que for, eles estão preparados.

Análise dos reforços

 

– Primeiro, enaltecer todos os atletas. Por vezes, em funções diferentes para recompor no lugar de muitos atletas que saíram. Não é porque a gente ganhou fora que temos a consciência exata. Lá (no Rio) vamos ter dificuldade e vamos precisar da torcida. Nessa sequência o clube tem problemas com perda enorme. Agradeço à direção por estar sensível. Machucou até o técnico, numa responsabilidade danada. Quando tem uma sinergia de grupo, ela por vezes suplanta. Agradeço às contratações pela necessidade, pela compreensão da direção. É importante para nós. (GE)