Uma mãe de Haia, Nacima, seu rótulo é “Vítima de Haia Brasileira Compartilhada”, pois onde sua filha de 5 anos, S., está no Líbano e aquele país não é signatário da malfadada Convenção de Haia, está que eu abomino, por alguns motivos: e não respeita nem o direito à maternidade e tampouco os direitos das crianças, pois elas não votam.

Eu sou contra a Convenção de Haia.

Não há um único motivo para sermos favoráveis.

Diplomatas e o Judiciário brasileiro utilizam essa “convenção que destrói a criança já vítima de um lar em violência”.

As exceções São utilizadas pelo Judiciário e pelo Executivo (No caso, O Itamaraty) como argumento para devolver as crianças aos nossos agressores e também agressores e criminosos de nossas crianças.

O que mais choca, em todas as instâncias, é o silêncio dos bons.

O que mais dói é a falta de empatia e a síndrome de vira lata que permeia o fato.

Utilizando de nossas vias legais e com o dinheiro dos nossos impostos, custeiam se na ACAF do Ministério da Justiça, advogados e justiça pública gratuita aos genitores, em sua totalidade São: agressores e cometem violência doméstica e feminicídios (cuja vítima sobreviveu).

O nossos Governos Municipais, Estaduais e Federal, as Casas de Lei e o Setor Judiciário, e até a Imprensa Brasileira na maioria das vezes, desconhecem o crime que é cometido, utilizando Haia como pano de fundo como explicações do Itamaraty e seu Corpo Consular ao Redor do Mundo.

É de uma leviandade e prevaricação concordar com a manutenção desta aberração jurídica, que nós mães e as nossas crianças sofremos hoje.

Eu terei 61 anos quando, de acordo com Haia, minha filha será liberta de um pedófilo.  O nosso agressor e genitor dela.

Eu, mãe da S. de 9 anos, separada de mim, sua mãe, aos 8 anos, sem autorização paterna para sequer, ter o passaporte brasileiro, e que pela vontade do genitor, jamais teria qualquer passaporte, tendo sido intimado judicialmente para a emissão do Passaporte Sul-africano, para a nossa criança Binacional, quando o direito de S. Era o de ter os dois passaportes.

Eu sequer tive o direito de inserir meu sobrenome no nome da S.S.P., minha filha é brasileira nata.

A maioria das mães, que sofrem por violências e injustiças por conta desta Convenção, como a Mãe da S., 5 anos e retida no Líbano (onde não há convenção de Haia) não podem continuar sendo abandonas à própria sorte.

Mesmo votando aos 16 anos adolescentes também São Vítimas de Haia, e São submetidos as violências nunca autorizadas, pelo ECA, Estatuto da Criança e Adolescente, completamente ignorado pela também criminosa Convenção de Haia.

Convenção Criminosa de Haia, que não pensa na reparação dos danos emocionais e psicológicos em nossas crianças.

Falamos de Violência contra Mulheres e Crianças, mas efetivamente nada anda a passos largos para a aplicabilidade das exceções.

O PL 565/2022 está agora no Senado, eu confio na Senadora Margareth Buzetti (PSD), Que acionada demonstra total apoio a Causa.

Confio no Apoio do Deputado federal  Emanuel Pinheiro Neto (MDB), Que também se solidariza com a causa.

No parlamento Estadual, até o momento, somente o Deputado Lúdio Cabral (PT).

Também existe o apoio do Ministério das Mulheres, a nossa querida Vânia Viana que esta, ao ser acionado está conosco para acharmos a solução para a menor S.M., retida no Líbano que não faz parte da Convenção de Haia e sua vida esta inteiramente nas mãos da ausência de atitude do MRE.

A mesma Convenção de Haia que rotulam mães em desespero, fugindo dos agressores e da violência doméstica, abuso sexual e tentativas de feminicídio, rotulam as mães sem nenhuma empatia de “sequestradora”, “raptora de menor vulnerável” e por aí.

Os rótulos São infinitos e a mãe não pode ser criminalizada, ao tentar exercer seu poder maternal e salvar seu filho que gerou, amamentou e foi infelizmente testemunha de Violência Doméstica .

A minha filha S.P., 9 anos, vive em situação deplorável ao ser forçada a ter o pai na sua cama, fazendo ela dormir de “conchinha” e apertando ela contra as genitálias do Genitor, impune, que usa a Haia para ter o seu troféu, a nossa filha.

Como eu vivo o meu dia a dia? Com fé em Deus e na esperança que eu não tenha 61 anos e perca toda a vida da minha filha S., por conta de uma Convenção assinada no apagar das luzes do Governo Militar em 1980 e transformada em Lei. O Brasil e as mães e crianças não podem continuar sofrendo.

Nosso apoio tem que ser completo, um despertar de todos que lutam por Direitos Humanos.

Nada vai reparar o estrago feito até agora.

O que nos resta? Se fomos levadas a silenciar os casos, por orientações desconexas, se há um interesse em poder e (óbvio) dinheiro entre supostas entidades que defendem-nos.

A realização de uma audiência no Senado em 2023, ficou ali.

Ações no Supremo há 15 anos.

Briga de Egos enquanto nós mães, sofremos com a vida de nossas crianças.

*BEATRIZ BARBOSA CÉSAR  é jornalista e diretora do PodCast @BiaChamadaGeral
DRT/MT1341

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