Em Mato Grosso, 130 mulheres, com idade entre 18 a 59 anos, sofrem violência doméstica por dia. De janeiro a junho deste ano, o Estado contabilizou 23.736 ocorrências contra mulheres desta faixa etária, o que representa uma média de 3.956 mulheres vítimas de diferentes formas de violência doméstica por mês. Cuiabá representa 23% do total registrado no Estado, com 5.465 casos, e Várzea Grande 8,5%, com 2.039 ocorrências. Entre os crimes praticados contra mulheres este ano que registraram aumento, em comparação com o 1º semestre do ano passado, destacam-se dano emocional (66%), perseguir e ameaçar a integridade (28%) e tentativa de feminicídio (22%). Os dados são da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp).
Defensora pública e coordenadora do Núcleo de Defesa da Mulher (Nudem), Rosana Leite enfatiza que apesar dos altos números a subnotificação é uma realidade. Infelizmente, as mulheres sofrem violência em casa, mas não denunciam. São vários fatores que culminam para as vítimas não procurarem ajuda. É uma situação delicada, que envolve todo um contexto familiar. Essa mulher vítima, muitas vezes, naturaliza a violência, ou se separa, mas sem procurar ajuda, pois tem o pensamento de não prejudicar o agressor. Também por desacreditar na eficiência da Lei Maria da Penha, ou mesmo por temor de que seja pior.
Segundo Rosana Leite, o temor é muito grande entre as vítimas. Elas têm consciência de que são presas fáceis, pois o agressor está muito próximo. Mesmo separado da vítima, ele sabe a rotina daquela mulher. Então, muitas vezes, ela não denuncia por achar que é pior.
Ressalta que 5.048 atendimentos foram realizados no Nudem, nos primeiros 6 meses deste ano, e a maioria (90%) é de mulher vítima de violência doméstica. O Nudem atua em prol das mulheres nos processos de medidas protetivas e em outras ações que envolvem o divórcio, pensão alimentícia, guarda e apreensão dos filhos, suspensão de porte de arma de fogo se o agressor tiver e impossibilidade de venda dos bens pelo agressor.
Segundo a defensora, as vítimas também são encaminhadas para casa de amparo, se não tiverem onde morar, e para o atendimento especializado com equipe multidisciplinar. Antes a vítima só registrava a ocorrência e ia para casa, sem respaldo algum. Depois da Lei Maria da Penha, que completa esse mês 18 anos, a mulher tem todo o amparo necessário.
fonte/ Jornal A Gazeta