Muita coisa, algumas pouco republicanas, vêm acontecendo nos bastidores de alguns municípios do Vale do Araguaia, uma das regiões menos desenvolvidas de Mato Grosso, na busca de sufocar candidaturas de vôo próprio. Ou, como dizem por lá, candidato “sem cabresto”.

Desta forma, considerado quase uma tradição da política em Mato Grosso e no Brasil, o chamado caciquismo, capitaneado pelo sobrenome Farias, se evidencia novamente, em 2024, no Araguaia.

O fenômeno consiste no controle dos chefes políticos-partidários sobre os candidatos e se faz presente até em legendas modernas, que têm como bandeira a renovação política.

Figuras carimbadas no debate público, os políticos mais experientes geralmente assumem o controle dos processos de escolha de novos candidatos, distribuição de recursos e até praticam retaliação contra filiados que vão contra seus posicionamentos.

Mesmo tentando disfarçar, os ex-prefeitos Roberto Ângelo de Farias – o Beto, filho do ex-governador Wilmar Peres Farias; e seu primo Wanderlei Farias, têm forte influência em Barra do Garças e outros municípios da região.

Wanderlei foi prefeito de Barra do Garças por três mandatos, enquanto Beto foi duas vezes e busca um novo, em 2024, na principal cidade do Araguaia.

Da mesma família, Leonardo Farias é prefeito de Novo São Joaquim e pré-candidato à reeleição. Vale destacar que, num passado recente, ele já havia tido o comando da municipalidade e, na verdade, busca o quarto mandato.

Em Campinápolis, outro membro do clã, Jeovan Farias está no páreo. Ele já comandou a prefeitura Municipal por oito anos e, em 2020, contribuiu para eleger o então vice-prefeito José Bueno Vilela – o Zé Bueno – para a chefia do Poder Executivo Municipal.

Tudo indica que, em 2020, Jeovan Farias fez a manobra já de caso pensado no pleito de 2024. Tanto que, em Campinápolis, são fortes os rumores de que, se eleito, Jeovan teria se comprometido em manter tudo quieto e não permitir que sejam retirados os “esqueletos dos armários”, com são classificadas as operações cercadas de suspeitas da atual administração municipal.

Como Zé Bueno fez jogo pensado e jogado supostamente pela cabeça de Wanderlei Farias, estaria pronto para trair o candidato George Jorginho Cabreiro (PSB), amigo do deputado estadual Max Russi (PSB).

Zé Bueno foi chamado por Wanderlei, em Barra do Garças, e recebeu a ordem de não sair candidato à reeleição, ficando quieto para o término do atual mandato. Também não pode apoiar Jorginho Cabreiro e deve assumir a candidatura de Joevan Farias.

No embaraçoso jogo político, o fato mais curioso é que Jeovan permanece revezando entre a Prefeitura de Campinápolis e a presidência da Cooperativa dos Produtores de Leite de Campinápolis (Campileite), maior empregadora e geradora de impostos do município.

Todavia, é do domínio público o descontentamento de parcela considerável dos produtores rurais (cooperados), com a postura imperialista de Jeovan. Isso porque historicamente Jovan se alterna, com o próprio sogro, no comando da Campileite.

Já não é mais segredo na política da cidade que a relação dos convênios da Prefeitura de Campinápolis com a cooperativo somente uma pessoa (advogada) ligada, ou seja, parente de Jovan, cuida e não disponibiliza para o portal transparência.

A reportagem do portal de notícias Cuiabano News tentou contato com os citados, mas as ligações não foram atendidas, tampouco houve qualquer retorno. Caso haja manifestação de quaisquer das partes, a reportagem será atualizada, em qualquer período.

Roberto Ângelo Beto Farias, ex-prefeito de Barra do Garças (Fotos: Edevilson Arneiro / Secom-BG)