A vida como ela é frequentemente difere da vida como deve ser. Esta dicotomia tem sido tema central de debates filosóficos e sociológicos ao longo dos séculos, envolvendo pensadores desde Platão até contemporâneos como Zygmunt Bauman. Refletir sobre essa diferença leva a questionar a natureza da realidade, os ideais humanos e a busca pela justiça e pelo bem-estar.

Para compreender a vida como ela é, deve-se primeiro olhar para as percepções realistas do mundo. Filósofos como Thomas Hobbes descreveram a natureza humana e a vida em estado de natureza de forma pessimista. Em sua obra “Leviatã”, Hobbes argumenta que, sem um poder central para manter a ordem, a vida seria “solitária, pobre, desagradável, brutal e curta”. Esta visão sublinha a importância das instituições sociais para evitar o caos e a violência.

Leia Também:

– A Vida como Deve Ser

– A Força Insondável da Condição Humana

– Dom Aquino Corrêa 

– Filosofia…

A Biografia de Dom Aquino Corrêa, em poesia

– Racionalismo e Existencialismo

– Ética na Inteligência Artificial

– Navegando nas Profundezas do Ser

– Linguagem Jurídica..

– Memórias…

– O poder 

– As Escolhas no Labirinto Existencial

– O Ego

– Os Pensadores da Civilização XIII

– A Existência Humana

– A Existência e os Propósitos da Vida

– Filosofia da mente

– Os pensadores da civilização V

– Há sentido na existência?

– Heidegger e Sartre

– Valer a pena…

– Admirar ou fanatizar?

– Dignidade humana

– Copa “sui generis”.

– Vida, sem sentido?

– Fatos fakes

– Não se deixe enganar!

– Ser feliz?

– Enxergar…

– PodBedelhar

– Conectados…

– A esperança de esperançar…

– Estado e Igreja 

– Direito à ironia

– Lutemos todos!

– Conhecimento em si

– Curupira, Pai do Mato, Caipora, cadê você?

– As flores estão alegres

– Felicidade pós liberdade

– A vida como ela é…

– Férias como reflexão

– O que te aprisiona?

– Viver melhor!

– O Kardec brasileiro

– Criminalidade

– De quem é a culpa?

– Liberdade como possibilidade

– Dia do rádio!

– No tempo dos sábios…

– Dualidade invisível

– Autonomia moral

– Existir e ser

– Paz e guerra

– A um passo da felicidade

– Os que lutam, a glória

– Humanos conceitos

– Os modelos mentais!

– Momentos de delírios…

– Política, moral e sanção

– Identidade social

– Toda honra, toda glória!

– Deus existe?

– Verdade? Não, fofoca

– Dignidade

– Fatos e ilusões!

– Súditos…

– Quem somos?

– Democracia e constitucionalismo

– Modernidade implacável

– Espinhos…

– Pensar e existir

– Verdade sobre si mesmo

– Corpos não mentem

– Fígado saudável, alma que suporta…

– Uma lógica, apenas!

– O mito da imparcialidade

– Versos e verdades

– Os Santificados…

– Mitos e verdades

– Direito e moral

– O real e o sonhado

– Verdade e consequência

– Ética e autenticidade

-Caráter e destino

– Sejas

-As cigarras!

-Se viver, verá!

-Mal, por misericórdia

-Intuição, valores

-Viver e melhor

-Qualquer pensamento, qualquer existência

-Um sonhador!!!

-Cuidado

-Eles Vivem?

-Paz e amor

-Consciência, de Chico

-Felicidade, a quem?

-Somos, missão e dever!

-Liberdade como pena

-Alegria, alegria…

-Do pensamento, felicidade!
-Sou por estar

-Liberdade sem asas

-Utopia para caminhar…

-Amar, de menos a mais
-Ouvir e calar
-Rir e chorar
-Somos e sermos…
-Violência circular
-Dever para com o povo
-A verdade que basta
Max Weber, sociólogo alemão, revisitou a racionalização e a burocratização da sociedade 

Max Weber, sociólogo alemão, revisitou a racionalização e a burocratização da sociedade moderna. Em suas análises, Weber observou que a vida no mundo moderno é caracterizada pela “jaula de ferro” da racionalidade instrumental, onde os processos burocráticos e a eficiência superam os valores humanos e emocionais. A vida como ela é, segundo Weber, está muitas vezes presa em um sistema que prioriza a ordem e o controle, frequentemente às custas da liberdade individual e da criatividade.

Em contrapartida, a vida como deve ser é frequentemente idealizada por filósofos que aspiram a um mundo melhor, mais justo e harmonioso. Platão, em sua obra “A República”, propôs uma sociedade ideal governada por filósofos-reis, onde a justiça prevalece e cada indivíduo desempenha seu papel para o bem comum. Esta visão utópica contrasta fortemente com as realidades da injustiça e da desigualdade presentes na vida cotidiana.

Jean-Jacques Rousseau, em “O Contrato Social”, sugere que a vida como deve ser é aquela onde os seres humanos vivem em harmonia com a natureza e entre si, guiados pela vontade geral que busca o bem coletivo. Para Rousseau, a civilização corrompe o homem, e uma sociedade justa deve ser construída com base na igualdade e na liberdade.

A disparidade entre a vida real e a ideal levanta questões fundamentais sobre a natureza humana e a possibilidade de progresso. Karl Marx, por exemplo, argumentou que a vida como ela é marcada pela exploração e alienação sob o capitalismo, deveria ser transformada através da revolução proletária para alcançar uma sociedade sem classes, onde todos possam viver de acordo com suas necessidades e capacidades.

Zygmunt Bauman, em sua análise da modernidade líquida, sugere que a busca por uma vida como deve ser é continuamente frustrada pelas rápidas mudanças e pela incerteza do mundo contemporâneo. Bauman destaca que a vida na modernidade líquida é caracterizada por uma constante sensação de instabilidade, onde os indivíduos lutam para encontrar segurança e significado em um mundo em fluxo constante.

A tensão entre o que é e o que deve ser é uma força motriz para o desenvolvimento humano. A filosofia e a sociologia oferecem ferramentas para analisar esta tensão e buscar maneiras de reduzir o fosso entre a realidade e o ideal. Hannah Arendt, em “A Condição Humana”, explora como a ação e o discurso público são essenciais para criar um espaço onde os ideais podem ser discutidos e perseguidos, mesmo que nunca sejam totalmente alcançados.

Michel Foucault, com suas análises do poder e do discurso, sugere que a transformação da vida como ela é em direção à vida como deve ser passa pela resistência às estruturas de poder e pela criação de novos modos de pensar e agir. Foucault lembra que a mudança é possível, mas exige conscientização crítica das forças que moldam a vida.

A vida como ela é, repleta de desafios e imperfeições, e a vida como deve ser, um ideal aspiracional, continuam a coexistir em um delicado equilíbrio. O desafio reside em reconhecer as limitações do presente enquanto trabalhamos incansavelmente para aproximar a realidade dos ideais coletivos.

É por aí…

 

*GONÇALO ANTUNES DE BARROS NETO (Saíto)   é formado em Filosofia e Direito pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT); é membro da Academia Mato-Grossense de Magistrados (AMA), da Academia de Direito Constitucional (MT), poeta, professor universitário e juiz de Direito na Comarca de CuiabáE é autor da página Bedelho Filosófico (Face, Insta e YouTube).

E-MAIL:                    antunesdebarros@hotmail.com   ou    podbedelhar@gmail.com

 — — — —

CONTATO:               bedelho.filosofico@gmail.com

 — — — —

FACEBOOK:             www.facebook.com/bedelho.filosofico