Estado com maior rebanho bovino e um dos principais exportadores de carne do Brasil, Mato Grosso é um dos players mais observados pelo mercado externo. Mas será que o estado tem a carne que o mundo quer?

A pergunta guia boa parte das palestras do Fórum das Cadeias Produtivas que ocorrem nesta terça (16), dentro da programação técnica da Exposição Agropecuária, Industrial e Comercial de Mato Grosso (Expoagro). Organizado pelo Sindicato Rural de Cuiabá, o evento segue até 21 de julho no Centro de Eventos Senador Jonas Pinheiro.

Pela manhã, três das principais entidades de classe que representam criadores de animais se reuniram para debater o momento atual do mercado de carne para Mato Grosso. O palco foi divido por representantes da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat) e Associação de Produtores de Ovinos e Caprinos de Mato Grosso (Ovinomat).

Diretor da Acrimat, Marco Túlio mostrou a relação do avanço do melhoramento genético com a oferta de uma carne bovina mais macia. “Há dez anos, os abates de bovinos ocorriam aos cinco anos, mas hoje 30% do abate é feito em animais com menos de 24 meses. Na prática, isso significa uma carne mais macia”, pontuou.

Como a aplicação da ciência na pecuária de corte vai continuar, Marco Túlio acredita que a tendência é que o estado continue avançando na produção de uma carne mais saborosa. “Vamos deixar de vender carne como commodity e passaremos a comercializar carne de prateleira, como produto premium. Essa é nossa visão de futuro: sermos referência mundial não de preço, mas de valor agregado”, antecipou o diretor.

Hoje, Mato Grosso é o estado com maior rebanho e também o maior produtor de carne do Brasil, além de concentrar boa parte das plantas frigoríficas de bovinos. O cenário é diferente na suinocultura. Mato Grosso é o quinto maior produtor brasileiro e cerca de 25% do que é produzido é exportado pelo País. A China continua sendo a principal importadora, respondendo por 33,8% das compras feitas em 2023 (ABCS), mas o aumento nas importações pelo México tem chamado atenção do mercado.

Conforme Custódio Rodrigues, diretor executivo da Associação de Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat), a região médio-norte do estado abate cerca de 205 mil animais no ano. E, embora a tendência seja de crescimento na demanda pela proteína suína, há gargalos que o estado ainda precisa superar. “A produtividade hoje é alta, mas temos custos de produção altos. O setor ainda precisa de políticas públicas estratégicas de apoio à produção”, afirmou o diretor da Acrismat.

Já a ovinocultura é uma atividade produtiva bem mais nova em Mato Grosso, quando comparada com a bovinocultura e a suinocultura. Os produtores sabem disso e, para darem conta da demanda pela proteína, estão focados em organizar melhor o setor e em investir em tecnologia de produção.

“Estamos começando do zero e temos muito trabalho pela frente. Por isso, estamos buscando ajuda e orientação do pessoal da UFMT”, afirmou Cássio Carollo, presidente da Associação Mato-grossense de Produtores de Ovinos e Caprinos (Ovinomat). Chegar à carne ovina ideal é o grande foco. “Não queremos um animal nem muito gordo, nem muito magro. Nossa meta é a melhoria da qualidade dos animais e do tempo de abate”, complementou Carollo.

EXPOAGRO – O Fórum das Cadeias Produtivas é o congresso técnico da Expoagro e está na quinta edição. A programação segue até 19 de julho, sendo todas as palestras gratuitas.

Maior feira agropecuária de Mato Grosso, a Expoagro é uma iniciativa do Sindicato Rural de Cuiabá, com co-realização do Governo do Estado de Mato Grosso e Cordemato. Em sua 56ª edição neste ano, o evento tem previsão de reunir aproximadamente 300 mil pessoas nos 11 dias de duração.

Além de rodeio e shows musicais, a programação inclui feira comercial com produtos e serviços agropecuários, parque de diversões para a garotada, praça de alimentação, oficinas técnicas e competições hípicas – entre outros atrativos.

Com informações da assessoria Expoagro

(RDM)