O Pantanal é o bioma com maior aumento em focos de incêndios florestais em Mato Grosso no ano passado. Foram 3.953 focos em 2023 e 462 em 2022, um aumento de 755,63%. No comparativo dos últimos 10 anos foram 44,28% de aumento. Os dados são do Corpo de Bombeiros, que apresentou na quinta-feira (23), o Plano de Operação da Temporada de Incêndios Florestais, durante a audiência pública proposta pelo presidente da Câmara Municipal, Chico 2000 (PL).
Na audiência realizada na tarde de quinta-feira (23.05), o tenente-coronel Paulo César Crivelli apresentou o Plano de Operação, que mostrou que de 2021 a 2023, Mato Grosso esteve em 2º lugar em focos de incêndios, com 73.282, perdendo apenas para o Pará. Os biomas do Cerrado e Amazônia tiveram redução dos casos de focos de incêndio no ano passado e nos últimos 10 anos. Contudo, a região amazônica concentra o maior número de focos de calor com 12.768.
O debate é importante porque, apesar de os focos de incêndios não estarem tão presentes na capital, o fogo no Pantanal e na Floresta atinge a capital e outras cidades no entorno, causando problemas de saúde e também ambientais, como o aquecimento e os efeitos da mudança climática que está atingindo o país, como no Rio Grande do Sul, atualmente.
“Sabemos da importância desta audiência e de debater este assunto, infelizmente, muitos só se lembram da importância quando estão diante da ocorrência, e não sabem o que fazer ou a quem recorrer quando estão diante delas. Nem todos se interessam também quando têm oportunidade de aprender, mas o importante é estarmos aqui e a Câmara de Cuiabá não medirá esforços para garantir a ampla divulgação deste assunto e estará também à disposição das autoridades”, afirmou Chico 2000 durante a audiência.
Dentre as ações preventivas necessárias estão atividades de educação ambiental, ações junto às prefeituras, propriedades rurais, especialmente na região da Transpantaneira e Porto Jofre e a discussão com a sociedade.
“Também são ações para mitigar os incêndios a realização de audiências públicas como essa que está sendo realizada aqui, palestras de conscientização de crianças e adultos. Temos a previsão de fazer concurso de desenho e redação nas escolas e o curso de formação de brigadista florestal. Além dos brigadistas que vão atuar nas brigadas estaduais e municipais, nós também formamos brigadistas para atuar em áreas particulares. O proprietário rural que queira proteger a sua área, basta procurar o Corpo de Bombeiros e nós orientamos sobre o que precisa e treinamos todo o pessoal para estar preparado para fazer o início do combate, para ter certeza que o fogo não vai se propagar e destruir a plantação ou o pasto”, disse Crivelli.
O comandante do 1º Comando Regional do Corpo de Bombeiros, tenente-coronel Heitor Fernandes da Luz, disse que a previsão é de que este ano seja ainda pior e com mais riscos de incêndios florestais, pois deve ser ainda mais seco do que no ano passado. Os relatórios de resumo climáticos apontam que em 2024 a dificuldade será ainda maior.
“As macrorregiões que têm uma incidência maior de chuvas e sofrem com enchentes terão uma intensidade maior, como a gente já está vendo isso no Rio Grande do Sul todos os dias. Nas regiões mais secas, tudo indica que será ainda mais seco. O relatório da Agência Nacional de Águas aponta uma crise hidrográfica. Essa é a nossa realidade para 2024. Por isso, a gente precisa trabalhar com a conscientização e aumentar as parcerias para a gente poder ter uma resposta maior no período, quando começar agora mês de julho realmente o período maior da temporada de incêndios florestais”.
Chico 2000 aproveitou para saber sobre as causas dos incêndios os Bombeiros de que forma os incêndios começam, se eles são de causa natural devido à seca ou descarga elétrica, ou se é por ação do homem, que coloca fogo. E o tenente-coronel Crivelli ressaltou que o fogo iniciado pelo homem pode ser tanto acidental quanto proposital.
“Quero agradecer a todos por essa discussão, essas informações. Deixo esta Casa a disposição de todos e dentro do alcance, a gente dar essa divulgação deste Plano para poder nortear a população sobre as providências necessárias diante a situação de fogo”, encerrou o presidente da Câmara.
Também estiveram presente na audiência o vereador Rogério Varanda (PSDB), Luiz Antônio Nogueira Garcia, gerente de Combate a Fonte Poluidoras e Resíduos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Edilson Odilon, secretário-adjunto de Governo, Oséas Souza, da Defesa Civil do Município, o diretor da Defesa Civil de Cuiabá, Ozeias Souza de Oliveira e o comandante do Batalhão Ambiental da Polícia Militar, Ten Cel PM Fagner Augusto do Nascimento.