MAX LIMA
Em um estudo controlado e prospectivo apresentado no ACC 2024 revelou que comer ovos enriquecidos não aumenta os níveis de colesterol em comparação com uma dieta com baixa ingestão de ovos.
Este estudo, denominado PROSPERITY, incluiu 140 pacientes com ou em alto risco de doença cardiovascular, e avaliou os efeitos do consumo de ovos “enriquecidos”, que incluem mais vitaminas e minerais, como iodo, vitamina D, selênio, vitaminas B2, B5 e B12 e ácidos graxos ômega-3, além de menos quantidade de gordura saturada.
No PROSPERITY, os pacientes foram randomizados para comerem 12 ovos enriquecidos por semana (cozidos da maneira que escolhessem), ou comer menos de dois ovos de qualquer tipo (enriquecidos ou não) por semana. Todos os pacientes tinham 50 anos de idade ou mais (a idade média era de 66 anos), metade era do sexo feminino.
Em geral, eram pacientes de alto risco cardiovascular: ou haviam tido algum evento cardiovascular prévio ou tinham pelo menos dois fatores de risco cardiovascular importantes.
O desfecho primário foi a verificação dos níveis de colesterol LDL e HDL. Os desfechos secundários incluíram biomarcadores lipídicos, cardiometabólicos e inflamatórios e níveis de vitaminas e minerais.
Os pacientes tiveram consultas presenciais no início do estudo e visitas aos um e quatro meses para realizar exames vitais e exames de sangue. Check-ins por telefone ocorreram aos dois e três meses, e os pacientes no grupo dos ovos enriquecidos foram questionados sobre seu consumo semanal de ovos. Aqueles com baixa adesão receberam materiais educacionais adicionais.
Os resultados mostraram uma redução de -0,64 mg/dL e -3,14 mg/dL no colesterol HDL e no colesterol LDL, respectivamente, no grupo dos ovos enriquecidos. Embora essas diferenças não fossem estatisticamente significativas, os pesquisadores disseram que as diferenças sugerem que comer 12 ovos enriquecidos por semana não teve efeito adverso sobre o colesterol sanguíneo. Em termos de desfechos secundários, os pesquisadores observaram uma redução numérica no colesterol total, número de partículas de LDL, apoB, troponina de alta sensibilidade, e pontuações de resistência à insulina no grupo dos ovos enriquecidos, enquanto a vitamina B aumentou.
Embora o estudo seja neutro e não tenha observado efeitos adversos nos biomarcadores de saúde cardiovascular, há sinais de benefícios potenciais do consumo de ovos enriquecidos que justificam investigações adicionais em estudos maiores.
É importante ressaltar que as escolhas alimentares acompanhantes, como torradas com manteiga, bacon e outras carnes processadas, podem ser mais relevantes para a saúde do coração do que o próprio consumo de ovos.
Então, por que os ovos às vezes têm uma má reputação?
Parte da confusão decorre do fato de que as gemas contém colesterol. Especialistas dizem ainda que uma consideração importante é o fato de que, muitas vezes, os ovos são ingeridos acompanhados de outros alimentos de variado teor nutricional, como torradas com manteiga, bacon e outras carnes processadas, que não são escolhas saudáveis para o coração.
Este estudo de centro único é limitado pelo seu pequeno tamanho e pelo auto-relato dos pacientes sobre o consumo de ovos e padrões dietéticos. Mas oferece uma perspectiva importante sobre o impacto de uma dieta com ovos na saúde cardiovascular.
(*) MAX LIMA é médico especialista em cardiologia e terapia intensiva, conselheiro do CFM, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia de Mato Grosso(SBCMT), Médico Cardiologista do Heart Team Ecardio no Hospital Amecor e na Clínica Vida Diagnóstico e Saúde. CRMT 6194
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