A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) vai atuar para que a madeira de manejo florestal seja utilizada na construção de habitações de interesse social. A garantia foi dada pelo presidente do Conselho Deliberativo da entidade, Mário William Esper, que destacou a importância da padronização das especificações técnicas da madeira para que isso seja possível. Um dos principais argumentos dados por ele, que nesta quinta-feira (04.04) participou de um evento em Cuiabá, para que as casas voltem a ser construídas em madeira é o respeito à vocação regional.

Esper classificou como “absurdo” o fato de que em muitas localidades, como a região Norte, seja necessário o transporte, por longas distâncias, de materiais como brita para a construção de casas. “Por que que não podemos elaborar casas de acordo com a vocação de cada região? Em Mato Grosso, temos como vocação a madeira. Então, por que não desenvolver habitação de interesse social em madeira? Vamos padronizar o tamanho das vigas, buscar este avanço enfim, mas para que elas sejam usadas não só no telhado, mas na casa toda”.

A sugestão de Esper conta com o apoio de entidades como o Fórum Nacional das Atividades de Base Florestal (FNBF). Presidente do órgão, Frank Rogieri afirmou que Mato Grosso sempre esteve à frente de importantes inovações no campo da sustentabilidade e da preservação ambiental. “Mato Grosso vem inovando, vem fazendo a parte dele e a ABNT vem em uma hora muito importante. Assim como nós temos normas para construção civil, padrões para ferro, vidro e outros materiais usados na construção, precisamos fazer isso com a madeira”.

Rogieri salientou que a atuação da ABNT vai trazer melhoria para a cadeia produtiva e dar condições para que a Caixa Econômica Federal, maior agente financiador da casa própria, aceite a madeira na construção de moradias de interesse social, seja no telhado, seja na construção de casas inteiramente produzidas em madeira. “Precisamos trabalhar em um projeto que vai trazer segurança ao consumidor, nos negócios e para a indústria que vai saber exatamente qual é o padrão do país inteiro trazendo eficiência produtiva”.

A vinda de Esper para Mato Grosso foi motivada pelo lançamento da Prática Recomendada ABNT PR 1020 – Manejo de floresta tropical nativa. A norma garante uma certificação de origem dos produtos florestais, atestada pela ABNT. Com a certificação, reconhecida internacionalmente, compradores da madeira oriunda do manejo florestal saberão exatamente de onde ela foi extraída, dando confiabilidade à origem do produto.