A Polícia Civil deflagrou na manhã desta terça-feira (12) a “Operação Gravatas” para cumprimento de oito de mandados de prisão e oito de busca e apreensão contra quatro advogados, líderes de facção criminosa e um policial militar. As ordens são cumpridas em Nova Mutum (243 km de Cuiabá), Sinop (478 km de distância) e Cuiabá. Os faccionados estão todos detidos na Penitenciária Central do Estado (PCE) e os mandados contra eles foram cumpridos dentro de suas celas. Todos são acusados de ajudar faccionados no cometimento de diversos crimes, como tráfico de drogas, tortura e lavagem de dinheiro. Os advogados e o polícia militar lotado em Sinop foram presos na ação.
Os relatórios de investigação policial, que reúnem mais de mil páginas, detalham a conduta dos investigados e mostra que cada advogado tinha uma tarefa bem definida em benefício da organização criminosa. Na casa de uma advogada em Sinop foi apreendido cerca de R$ 100 mil em espécie.
A investigação apontou que os líderes da facção criminosa se associaram de forma estruturalmente ordenada aos quatro advogados, que representavam o braço jurídico do grupo, e havia uma clara divisão de tarefas a fim de obterem vantagem de natureza financeira e jurídica, entre outras, com a prática de crimes como o tráfico de drogas, associação ao tráfico, tortura e lavagem de capitais.
Ainda foi apontado que os advogados realizaram diversas tarefas para além da atividade jurídica legal, ou seja, atuaram à margem da lei com o propósito de embaraçar investigações policiais, repassar informações da atuação policial em tempo real, auxiliar em crimes graves, como tortura, realizando o levantamento de dados das vítimas. Ainda intermediaram a comunicação entre os líderes da organização criminosa, que estão presos, com outros integrantes que estão soltos.
O grupo criminoso contou ainda com a ajuda de um policial militar de Sinop, que enviou ilegalmente dezenas de boletins de ocorrência para os advogados. Os boletins, depois, eram encaminhados aos líderes da facção criminosa que se encontram detidos no sistema penitenciário. Em tempo real, aqueles que mantinham a organização e o controle do tráfico de drogas conseguiam informações sobre a atuação policial, tanto da Polícia Civil quanto da Militar. “O acesso ilegal a tais dados, por indivíduos de alta periculosidade, coloca em risco a vida de policiais éticos e de testemunhas envolvidas nas ocorrências”, observou o delegado.
A equipe da Delegacia de Tapurah apurou ainda o número de pessoas que a banca de advogados defendeu nos últimos dois anos. O advogado de Sinop representou 205 clientes neste período e, destes, 168 eram ligados a uma facção criminosa com envolvimento por tráfico de drogas, roubos, homicídios, ou seja, 81,95% de criminosos violentos.
(HNT)