Três dos principais patrocinadores da seleção – Itaú Unibanco, Mastercard e Vivo – enviaram no dia 28 de novembro uma carta conjunta para a CBF na qual expressam “profunda insatisfação com o modelo de gestão administrativa e liderança adotada pela confederação”.
O presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, foi afastado do cargo na última quinta-feira por uma decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que considerou ilegal sua eleição, ocorrida em março de 2022. Os efeitos da decisão passam a valer na próxima segunda-feira, quando a decisão do TJ será publicada. Cabe recurso.
No documento, assinado por executivos de marketing das três empresas, há duras críticas à maneira como a CBF organizou o jogo entre Brasil e Argentina, pelas eliminatórias da Copa do Mundo, no Maracanã, disputado uma semana antes do envio da carta.
– O recente jogo […] revelou preocupações significativas e generalizadas para a toda a sociedade. Essas preocupações vão desde o desrespeito ao torcedor no acesso aos ingressos e ao estádio, como a gestão da situação de violência e o manejo da própria Seleção – diz trecho da carta.
As empresas afirmam que o ocorrido no Maracanã “demanda esclarecimentos imediatos”, que elas consideram “fundamentais para a preservação da integridade e reputação de nossas marcas associadas à Seleção Brasileira de Futebol”.
As cenas de violência da Polícia Militar do Rio de Janeiro contra torcedores argentinos levaram Lionel Messi, capitão da Argentina, a tirar seu time de campo, o que resultou em atraso de meia hora no início do jogo. O Comitê de Disciplina da Fifa abriu investigação sobre o caso e considera a CBF a única responsável pela organização da partida.
Por fim, os patrocinadores pedem uma audiência com o presidente da CBF, para “expor as dificuldades” que dizem enfrentar “rotineiramente como patrocinadores”. A carta termina com uma queixa sobre como a “falta de esclarecimentos sobre eventos recentes e a ausência de diálogo construtivo” podem afetar a confiança das empresas na parceria com a CBF.
A reunião que os patrocinadores pediram ainda não ocorreu. Procurada, a CBF enviou a seguinte nota ao ge:
“A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) confirma que, de fato, recebeu uma manifestação – educada e respeitosa, vale ressaltar – por parte destes três patrocinadores, em relação a fatos ocorridos no jogo entre Brasil e Argentina. O mesmo sentimento de insatisfação vindo dos patrocinadores, coincide com a insatisfação que a CBF também teve com os fatos ocorridos na partida.
A CBF recebeu as observações e reclamações descritas na mensagem, que foram prontamente respondidas com os devidos esclarecimentos diante dos lamentáveis fatos ocorridos no estádio.
A CBF destaca que a pronta resposta aos questionamentos de seus patrocinadores, vem do fato de que a entidade tem uma boa relação com seus parceiros, haja visto que, destas três empresas, duas renovaram contrato na atual gestão. Uma delas, a operadora Vivo, inclusive, renovou seu contrato com a CBF recentemente.
Há menos de um mês, o Diretor de Marketing e Comercial da CBF, Lenin Franco – dentro de uma de suas atribuições, que é a de estreitar a aproximação com os patrocinadores – , esteve reunido com eles em São Paulo, com o intuito de ouvir as demandas e pensar no desenvolvimento de projetos conjuntos.
Também o Secretário Geral da CBF, Alcino Reis, mantém constante contato com as empresas patrocinadoras.
Tão logo a CBF retorne do recesso, as conversas serão retomadas, como de costume e sempre em um canal aberto para ouvir as ponderações e necessidades dos patrocinadores.
A relação de parceria com seus parceiros e patrocinadores na atual gestão tem um perfil completamente diferente do que havia no passado, onde as denúncias de corrupção, escândalos e desmandos afastaram o mercado da entidade.
Essa proximidade da CBF se traduz, por exemplo, no fato de que, nas duas últimas competições mundiais, tanto na Seleção Masculina quanto na Feminina, a CBF convidou seus patrocinadores a acompanhar as competições e promoveu encontros e ativações, onde puderam dar ampla visibilidade às suas marcas.
Uma dessas ativações, a casa dos influenciadores, também foi espaço para a exposição de marca dos patrocinadores, além da realização de eventos e outras iniciativas que antes não existiam e foram introduzidas nestas Copas do Mundo.” (GE)