A força das tempestades solares que atingem a Terra pode variar drasticamente em distâncias muito curtas, com locais a apenas algumas dezenas de quilômetros de distância sofrendo perturbações magnéticas muito diferentes, revela um novo estudo feito pelo Observatório Geofísico de Sodankyla (SGO), na Finlândia.
Segundo os pesquisadores, isso pode significar que algumas áreas são mais vulneráveis a grandes tempestades solares do que se pensava anteriormente. Atualmente, a maioria das redes de monitoramento de tempestades solares possui sensores espaçados em 400 km entre si, em média. Contudo, o estudo descobriu que a intensidade das tempestades solares varia em distâncias muito menores, de cerca de 100 km.
Monitorando o passado
Na visão da autora do estudo e diretora do SGO, Eija Tanskanen, quando uma tempestade solar ocorre, uma rede de magnetômetros muito espaçada pode levar à subestimação dos distúrbios magnéticos locais. Essas tempestades se dão quando fortes explosões de partículas carregadas vindas do Sol atingem a atmosfera da Terra.
A atmosfera protege a superfície do planeta da maioria destas partículas carregadas, embora os satélites em órbita baixa corram o risco de sofrer picos elétricos e danos. Quando as tempestades são grandes o suficiente, elas podem causar a ocorrência de auroras em latitudes mais baixa do que o normal. Nos piores casos, as tempestades solares podem perturbar redes elétricas.
Para estudar os detalhes essenciais desses impactos, os pesquisadores do SGO e da Universidade de Oulu, na Finlândia, monitoraram um caso de 1977. Naquele ano, uma forte tempestade solar atingiu o mundo e foi registrada por 32 estações no Scandinavian Magnetometer Array (SMA). Esse conjunto de sensores de campo magnético era mais denso do que as redes de monitorização que atualmente operam nos países nórdicos, mas nunca havia sido digitalizado — o que dificultou a análise de dados.
Despreparo humano
Para o novo estudo, investigadores fotografaram e digitalizaram os registros de 1977 e descobriram que as variações de estação para estação eram extremas. Numa forte tempestade solar, como o Evento Carrington de 1859 — o qual interrompeu as comunicações telegráficas —, pode acontecer uma variação de até 150 nanotesla na perturbação magnética ao longo de 10 km.
Isso significa que uma área pode passar despercebida pelos dados, enquanto um local a uma curta distância pode experimentar centenas de vezes a força das tempestades solares. A descoberta desses números é um argumento para que os seres humanos notem a necessidade de adicionar mais sensores à rede que mede as mudanças no campo magnético da Terra.
Segundo Tanskanen, uma rede de magnetômetros mais densa nos ajudaria a compreender a estrutura complexa do campo magnético durante as tempestades solares. Com a adição de novos sistemas de monitoramento, nós poderíamos fornecer alertas locais sobre movimentos de tempestades solares e proteger melhor a infraestrutura vulnerável a perturbações magnéticas. Enquanto isso, a humanidade segue despreparada.