Cuiabá levou 108 anos para ter o primeiro registro de 44ºC e depois três anos para essa temperatura se repetir. A afirmação foi feita pelo professor de Climatologia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Rodrigo Marques, durante um histórico sobre as temperaturas da capital mato-grossense apresentado durante audiência pública nesta sexta-feira (01.12) a Câmara de Vereadores de Cuiabá, requerida e presidida pelo vereador Luis Cláudio (PP), para discutir onda de calor e os perigos associados à saúde humana.

“Vamos buscar mecanismos, projetos, programas, ações do poder público, da população, que visem minimizar os efeitos das ondas de calor na nossa cidade. Tenho dito que a gente não consegue combater o El Niño, que é, segundo os especialistas, o grande causador da onda de calor aqui no nosso país, mas os efeitos podemos combater, com políticas públicas independente de governantes, que sejam permanentes e obrigatórias na nossa cidade. Cuiabá já foi conhecida como cidade verde. Hoje, infelizmente, esse título já não cabe mais, então a gente trouxe as universidades daqui de Mato Grosso para discutir com os seus especialistas”, frisou.

Segundo o professor Rodrigo, entre os anos de 1911 e 2009, Cuiabá nunca tinha atingido temperatura acima de 41,5ºC e em 2010 foi o primeiro registro acima de 42º C, com a marca de 42,3ºC de máxima de temperatura naquele ano. “Foram quase 100 anos para eu subir em um grau a máxima e depois de 10 anos subimos 2 graus, batendo 44ºC em 2020 e 44,2ºC agora em 2023. Ou seja, 108 anos para ter o primeiro registro de 44ºC e depois três anos para essa temperatura se repetir”, destacou o professor apontando entre as medidas necessárias a proibição da diminuição das medidas dos lotes urbanos, garantindo espaço para quintal.

Em meio a esse cenário desafiador, a cidade busca estratégias para enfrentar os impactos, como aumento dos casos de mortes relacionadas. A Defesa Civil alertou que as temperaturas em Cuiabá têm excedido pelo menos 5°C acima da média, enquanto o Inmet emitiu alertas vermelhos, indicando um “grande perigo” com potenciais riscos à saúde da população.

A audiência contou ainda com a participação de Simone Buitner, arquiteta e professora da UFMT, representando o Laboratório de Tecnologia e Conforto Ambiental (LATECA). Ela apresentou resultados científicos de uma pesquisa de doutorado, destacando a importância de ações estratégicas para mitigar o aquecimento urbano e as ondas de calor.

O biólogo Tony Schuring Siqueira, diretor de projetos públicos e parcelamento do solo da SMADESS de Cuiabá, ressaltou a gravidade do tema, historicamente desafiador para a cidade. Ele enfatizou a influência do El Niño, a topografia de baixada e o crescimento urbano desordenado como fatores agravantes.

O Secretário de Meio Ambiente de Cuiabá e vereador licenciado, Renivaldo Nascimento, destacou a preocupação global com o aquecimento e afirmou que a Prefeitura de Cuiabá já adota medidas, como a obrigatoriedade de plantio de árvores para novas residências e obriga empresas a plantar 2 árvores a cada uma derrubada. A importância do debate também foi ressaltada pelos vereadores Demilson Nogueira e Sargento Joelson, que estiveram presentes no evento.

Fechando as falas da audiência, Carla da Silva, graduada em geografia, frisou como a educação pode mudar toda a história daqui para frente, contribuindo para mudanças de hábitos nos jovens. Ela ainda citou um projeto de uma escola municipal de Cuiabá que construiu um viveiro, salientando que a proposta deveria ser estendida.

(BS COMUNICAÇÃO | Assessoria)