Licio Antonio Malheiros
O brasileiro vive em média 77 anos segundo dados 2021, compilado, através da projeção feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); que aponta apenas, a tendência média da população é atingir essa idade.
A chamada em questão, está relacionada a longevidade de uma pessoa por quem tenho maior carinho, apreço e admiração.
Reporto-me ao senhor Benedito Carlos Pereira Leite, conhecido popularmente como senhor Nhonhô, apelido recebido carinhosamente na infância.
Homem integro, honesto e trabalhador, casou-se com a senhora Nenice Pereira Leite (in memoriam), na cidade de Poconé.
Provedores de uma prole considerável, 7 filhos, tendo como primogênita Nilma Pereira Leite (in memoriam), João Gonçalo Pereira Leite, Dilma Pereira Leite (in memoriam), Ataíde Pereira Leite (in memoriam), Benedito Pereira Leite, Juarez Pereira Leite e a caçula Vilma Pereira Leite.
O mesmo, estará completando no dia 02/11/2023, 100 anos; fato memorável como esse, requer uma comemoração à altura do mesmo, haverá uma extensa programação com três dias de festa na cidade de Mirassol d’Oeste, local em que ele passou a maior parte da sua vida, e lá pretende termina-lá.
Se eu fosse descrever toda a saga de vida desse ilustre senhor; este não seria um artigo e sim um livro.
Portanto, de forma resumida farei um breve relato do que foi a vida do senhor Nhonhô.
Além de ser tio, tenho por ele e a tia Nenice sua esposa (in memoriam) e filhos, carinho especial, além de gratidão eterna, pois a minha vida profissional iniciou no município de Mirassol d’Oeste, nos idos dos anos 70.
Nessa época fui pela primeira vez à Mirassol d’Oeste, que estava recém emancipada do município de Cáceres, em 1977.
Eu, com 19 anos fui visitar o município, nessa época em função da cheia do rio Paraguai, havia um transbordamento no sentido à Mirassol, era necessário fazer baldeação em função do alagamento da estrada, não era fácil.
Lá chegando me apaixonei pela cidade, com poucas ruas, porém meus tios moravam na Avenida principal, Rua 28 de outubro, eles haviam adquirido a duras penas um Hotel de madeira chamado Hotel Paulista.
Me lembro como se fosse hoje; chego a sentir, o cheiro da comidinha caseira que lá era feita uma delícia, e a minha tia Nenice sempre com um largo sorriso no rosto.
O tio Nhonhô e a tia Nenice, sempre foram receptivos, como todos os sobrinhos.
A prima Dilma Pereira Leite (in memoria), faz-me um convite tentador, trabalhar com ela em seu Escritório de Contabilidade, eu não sabia nada de Contabilidade, porém aceitei o desafio; ela era uma pessoa alto astral tinha uma paciência comigo, e me ensinou muita coisa, por isso gratidão eterna.
Nesse ínterim, um dos nossos primos Gonçalo Arruda resolveu também visitar Mirassol apenas à passeio; aí, entra em cena o viés humorístico da família, qualquer pessoa que conversar com o Gonçalo, irá rir tanto, podendo chegar a soluçar.
Vou contar apenas uma das suas façanhas em Mirassol, ao chegar na cidade pequena, onde, todos se conheciam e as paqueras e namoros aconteciam nas casas, nas quermesses nas Igrejas.
Em uma determinada ocasião uma menina que estava paquerando com ele o levou à Igreja para ajudar na festa.
A moça ao apresentar o Gonçalo ao padre; o mesmo, como não é deste mundo, iniciou uma conversação com o mesmo, através dos sinais de libra inventado, como se mudo fosse, o padre disse a menina, coitado bem afeiçoado, porém mudo.
E os dias se passaram e ele continuou fingindo, até que um belo dia o padre descobriu, chamou-lhe a atenção, porém no final foi só risada.
Ao chegar à casa do tio Nhonhô, o mesmo foi chamar-lhe a atenção, ele o chama de Gonça (Gonçalo); como você pode fazer isso brincar com o padre, porém com o tão de voz quase sorrindo pela arte por ele feita, aí, tudo acabou em risada, com sua explicação sem pé e nem cabeça.
Graças a Deus, todos os seus filhos se deram bem na vida; pautados pela: honestidade, retidão de caráter e por aí vai.
Tanto é verdade que o seu filho Ataíde Pereira Leite (in memoriam), foi nomeado interinamente na direção do município de Mirassol, aos 25 anos, foi também vereador, além de ocupar o cargo de secretário executivo na (AMM), deixando como legado, honestidade e retidão de caráter.
A praça central da cidade leva o seu nome, e o Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) merecidamente leva o nome da sua mãe Nenice Pereira Leite, uma grande mulher (humildade em pessoa).
Além de ser na minha modesta concepção, um dos políticos mais íntegros e honestos que conheci ao longo da vida.
Como se não bastasse o viés político, ele também era exímio poeta, sempre pautou sua vida, recitando versos e prosas, vividos por ele nos áureos tempos em que vivera na fazenda Japão, de propriedade de seus avós, Alice e Leonideo.
Ele gostava de retratar seu tempo lá vivido, com poemas que envolviam: carros de boi, engenhos de cana de tração animal, os peões da fazenda, enfim tudo relacionado a ela.
Parabéns, Benedito Carlos Pereira Leite (Nhonhô), pelos 100 anos.
Licio Antonio Malheiros é geógrafo.
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