O Botafogo recebe o Palmeiras em busca de consolidar sua posição de favorito disparado ao título de campeão brasileiro. Ao Palmeiras resta buscar a vitória. É um bom começo o fato de não ter sofrido gol em sete dos 11 jogos do returno.

Vai ter muito mais gente de olho nesse confronto, desejando um tropeço do Botafogo para a disputa do título passar a estar ao alcance de outros candidatos. A prudência, no entando, recomenda não ficar olhando demais para o jardim do vizinho, pois em seis partidas, quem anda tem chances reais de ao menos chegar à Libertadores, estará enfrentando equipes que estão dando o máximo em uma missão muito mais sensível: se manter na Série A.

Fluminense já está vivendo a final da Libertadores deste ano, no próximo sábado, e é de se esperar que use reservas contra o Bahia. Corinthians x Athletico-PR, Flamengo x Santos, Coritiba x Grêmio, Goiás x Bragantino e São Paulo x Cruzeiro são outros confrontos de times que projetam a Libertadores (o São Paulo já classificado) 2024, mas terão pela frente quem luta para se afastar do horizonte de eventos do Z-4 que leva para a Série B.

 — Foto: Infoesporte

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Analisamos 100.928 finalizações cadastradas pela equipe do Espião Estatístico em 4.096 jogos de Brasileirões desde a edição de 2013 que servem de parâmetro para medir a produtividade atual das equipes a partir da expectativa de gol (xG), métrica consolidada internacionalmente (veja a metodologia no final do texto).

 — Foto: Espião Estatístico

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Favorito >> Bahia

 

  • O jogo tem potencial para gol do Bahia em contra-ataque porque é o terceiro time que mais finaliza dessa forma (64) e o segundo com mais gols assim (dez). O Fluminense é o time que mais sofre finalizações em contragolpes (75) e o time que mais sofreu desses gols (12).
  • É principalmente a troca de passes rasteiros que tem levado emoção aos jogos do Bahia, já que a equipe marcou sete dos últimos dez gols (e sete dos últimos nove) com passes rasteiros, e embora tenha sofrido metade pelo alto, cinco dos últimos sete gols sofridos pelo Bahia tiveram origem em jogadas rasteiras. Já o Fluminense marcou e sofreu seis dos últimos dez gols a partir de jogadas aéreas.

 

 — Foto: Espião Estatístico

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Favorito >> Corinthians

 

  • Nos últimos cinco jogos do Brasileirão, já sob o comando de Mano Menezes, a defesa do Corinthians já conseguiu elevar sua resistência defensiva ao nível de ameaça adversário a um patamar que não obtinha desde o período entre as rodadas 7 e 11, quando era treinada por Vanderlei Luxemburgo e disputava simultaneamente ao Brasileirão a fase de grupos da Libertadores e eliminava nos pênaltis o Atlético-MG das oitavas de final da Copa do Brasi.
  • O Corinthians é muito dominante quando recebe o Athletico-PR pela Série A. Desde 2006 foram 15 jogos, e o Athletico-PR (24%) só venceu um, com oito empates e seis vitórias do Corinthians (58%). Desta vez, o Corinthians está com a quarta maior resistência mandante, um gol sofrido a cada 14,6 conclusões contrárias, mas com 13,6 finalizações sofridas por partida em casa, que se é menos de um gol sofrido por jogo, também é a segunda maior média de finalizações sofridas quando mandante. O Corinthians não sofreu gol em casa em três de seus 15 jogos em casa (20%), segunda pior marca defensiva caseira.
  • O Athletico-PR não sofreu gol em três de seus 14 jogos como visitante (21%), décima marca forasteira e é o Athletico-PR é o oitavo visitante (4 V, 4 E, 6 D, 38%).
  • O jogo tem potencial para gol a partir de jogada aérea porque as duas equipes sofreram sete dos últimos dez gols (cinco dos últimos sete) dessa forma. Os dois times marcaram três dos últimos sete gols após levantar a bola, o Corinthians fez metade dos últimos dez gols assim, e o Athletico-PR, seis dos últimos dez gols.

 

 — Foto: Espião Estatístico

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Favorito >> Internacional

 

  • Não é coincidência: o Internacional foi eliminado da Libertadores após a disputa da rodada 25 do Brasileirão. Como mostra a linha preta do gráfico de xG, a partir da linha 26ª rodada, o nível de ameaça ofensiva da equipe gaúcha começou a subir, alcançando agora seu maior nível em todo o Brasileirão. Agora que a defesa começou a ficar mais exposta. Desde a rodada 12, o Internacional não permitia a adversários criar um nível médio de ameaça acima de 1,30 gol (linha vermelha do gráfico de xG). O Internacional vem de três vitórias e duas derrotas nos últimos cinco jogos pelo Brasileirão. Nos cinco jogos anteriores pela competição, uma vitória, dois empates, duas derrotas.
  • Defesa do Internacional precisará de atenção com os pênaltis, depois de ter cometido dois contra o Coritiba: já foram marcados seis a favor do América-MG, sexta maior marca. Contra o América-MG já foram marcados sete, mas a favor do Internacional só foram marcados três, todos contra o Coritiba (um deles no primeiro turno).
  • O América-MG está recorrendo mais ao jogo aéreo nas últimas partidas, com quatro dos últimos cinco gols marcados dessa forma, mas o Internacional sofreu apenas quatro dos últimos dez gols dessa forma (e três dos últimos nove). No ataque, o Internacional é essencialmente uma equipe que troca passes rasteiros e marcou assim 13 dos últimos 14 gols. O América-MG sofreu em jogadas rasteiras sete dos últimos dez gols (quatro dos últimos cinco).
 — Foto: Espião Estatístico

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Favorito >> Flamengo

 

  • O Flamengo (67%) é muito dominante quando recebe o Santos (25%), com dez vitórias e apenas três derrotas em 17 partidas pela Série A, desde 2006. Desta vez, o jogo acontece em Brasília, o Flamengo tem a segunda maior resistência defensiva mandante, um gol sofrido a cada 18,2 conclusões contrárias com média de 12,6 finalizações sofridas por partida. O Santos é segundo visitante que menos finaliza (8,9), com a terceira menor eficiência forasteira, um gol a cada 14,8 tentativas.
  • Jogo com alto potencial para pênalti: o Flamengo é o time que mais pênaltis teve marcados a favor no Brasileirão (nove), e o Santos é o sexto time com mais penais a favor (seis, o mesmo número de pênaltis que cada um teve marcado contra, entre as piores marcas, diferença é que o Flamengo disputou um jogo a menos devido ao adiamento da partida contra o Bragantino).
  • O Flamengo usou bolas rasteiras para marcar sete dos últimos dez gols e foi assim que o Santos sofreu nove dos últimos dez gols (11 dos últimos 13). O Santos marcou sete dos últimos dez gols (cinco dos últimos seis) a partir de jogadas aéreas, e o Flamengo sofreu metade dos últimos dez gols após bolas altas e metade em passes, mas em quatro dos últimos sete gols, o Flamengo levou gol em jogadas rasteiras.

 

 — Foto: Espião Estatístico

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Favorito >> Grêmio

 

  • Com este mando, o Coritiba (67%) tem sido muito dominante quando recebe o Grêmio (27%) pela Série A. Desde 2006, foram seis vitórias e duas derrotas em dez jogos. O Coritiba acaba de quebrar a escrita e vencer pela primeira vez nos pontos corridos fora de casa o Internacional. Agora, precisa manter a escrita contra o Grêmio.
  • O Grêmio tem a quarta maior eficiência visitante, um gol a cada 8,4 tentativas, com média de 11,1 conclusões por partida, oitava marca. O Coritiba está com a quinta menor resistência caseira, um gol sofrido a cada 8,3 conclusões contrárias e a terceira pior média de finalizações sofridas (13,0 por jogo).
  • O Coritiba alternou jogadas aéreas e rasteiras para marcar os últimos sete gols, e o Grêmio sofreu metade dos últimos dez gols pelo alto e metade em passes rasteiros. Já o Grêmio trocou passes rasteiros para marcar oito dos últimos dez gols (e dez dos últimos 12). É pelo alto que o Coritiba sofreu mais gols, com sete dos últimos dez gols sofridos a partir de jogadas aéreas (e cinco dos últimos oito).
 — Foto: Espião Estatístico

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Favorito >> Palmeiras

  • O Botafogo historicamente sofre quando recebe o Palmeiras. Pela Série A com este mando, desde 2006 foram cinco vitórias do Botafogo (43%) e seis do Palmeiras (50%) em 14 jogos. Desta vez, o Palmeiras não levou gol em sete dos 11 jogos do returno, um excelente começo para uma partida tão decisiva entre líder e vice-líder.
  • Certamente, um jogo de altas eficiências: o Botafogo tem a terceira maior eficiência ofensiva mandante, um gol a cada 8,6 tentativas, com a sexta maior média de finalizações, 16,0 por jogo. O Palmeiras tem a terceira maior resistência defensiva forasteira, um gol sofrido a cada 16,2 conclusões contrárias, e média de 12,9 finalizações sofridas por jogo. O Botafogo tem a maior resistência defensiva mandante, um gol sofrido a cada 20,9 conclusões contrárias e média da 9,7 finalizações sofridas por jogo, quinta melhor marca. No ataque, o Palmeiras tem a segunda maior média de finalizações (13,5 por jogo), com a sétima eficiência forasteira, um gol a cada 9,6 tentativas.
  • Quem já viu a série 13 Finais, na Globoplay, sobre a busca do título do Brasileirão de 2022, já sabe bastante como o Palmeiras funciona nessas horas. A equipe passou a criar nas últimas cinco partidas seu maior nível de ameaça (1,89 gol), como mostra a linha preta do gráfico de xG. Ao mesmo tempo, a defesa elevou sua capacidade de restringir ameaças de rivais.
  • As duas equipes marcaram seis dos últimos dez gols em jogadas rasteiras (o Botafogo com quatro dos últimos seis gols marcados assim, e o Palmeiras com todos os últimos cinco marcados em passes). Defensivamente, o Botafogo levou metade dos últimos dez gols em passes rasteiros, mas o Palmeiras sofreu seis dos últimos dez gols a partir de jogadas aéreas (e quatro dos últimos seis).

 

 — Foto: Espião Estatístico

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Favorito >> Atlético-MG

 

  • O Atlético-MG chega com a melhor campanha do returno (7 V, 1 E, 3 D, 66,7%), e o Fortaleza, com a quarta melhor (5 V, 1 E, 3 D, 59,3%, com dois jogos adiados). É potencial para jogaço, mas o Fortaleza vem do cansaço físico e mental da decisão da Copa Sul-Americana perdida no Uruguai para a LDU e do consequente desgaste anímico que uma derrota que não virou título por causa de três pênaltis perdidos, um deles quando o Fortaleza tinha a cobrança que decidiria o título. O Fortaleza precisará de uma mentalidade sobre-humana para superar tudo isso.
  • Jogo com altíssimo potencial para gol a partir de jogada aérea porque o Fortaleza marcou sete dos últimos dez gols dessa forma. O Atlético-MG marcou e as duas equipes sofreram seis dos últimos dez gols dessa mesma forma.

 

 — Foto: Espião Estatístico

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Favorito >> Cuiabá

 

  • Estão em queda tanto o nível de ameaça que o ataque do Cuiabá vem levando aos adversários quanto sua capacidade de neutralizar a produção alheia, como mostra o gráfico de xG. Embora tenha havido queda no nível de ameaça que o Vasco vem impondo aos rivais, sua defesa conseguiu elevar para a melhor média desde a rodada 12 sua capacidade de impedir que os adversários criem ameaças.
  • Há uma diferença fundamental entre as duas equipes: o Vasco é o time com a menor influência de finalizações de fora da área (38,2%), de onde é mais difícil marcar, enquanto o Cuiabá tem a maior influência de chutes longos de todo o Brasileirão (50,8%). O Vasco não fez qualquer gol de fora da área, o Cuiabá marcou seis. O Cuiabá fez um gol de fora da área a cada 31 tentativas. O Vasco arriscou 137 vezes de longe e nenhuma, até agora, entrou no gol.
  • O Cuiabá marcou seis dos últimos dez gols trocando passes, mesma influência dos últimos dez gols sofridos pelo Flamengo. Já o Vasco marcou sete dos últimos dez gol a partir de jogadas aéreas (e 13 dos últimos 16). O Cuiabá sofreu metade dos últimos dez gols pelo alto e metade em trocas de passes rasteiros (quatro dos últimos dez gols sofridos foram rasteiros).

 

 — Foto: Espião Estatístico

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Favorito >> Bragantino

 

  • Necessitado de pontos para se manter na Série A, o Goiás retomou seu ponto mais alto em nível de ameaça aos adversários, com potencial de 1,34 gol por jogo pela métrica de xG. Mas o problema é que sua defesa fica muito exposta e nos últimos cinco jogos sofreu 13 gols. O Bragantino é o quarto melhor visitante (5 V, 6 E, 3 D, 50%), com o quinto melhor ataque forasteiro (1,29).
  • O Bragantino precisará de cuidados em relação a pênaltis: foram marcados cinco pênaltis a favor do Goiás (nona marca), e contra o Bragantino foram marcados seis (quinta pior marca defensiva).
  • O Goiás pode encontrar maiores dificuldades na partida porque é muito dependente do jogo aéreo, tendo marcado assim sete dos últimos dez gols (e 13 dos últimos 16), mas o Bragantino só sofreu dessa forma dois dos últimos sete gols, embora tenha levado metade dos últimos dez gols após bolas altas. No ataque, o Bragantino marcou oito dos últimos dez gols em trocas de passes rasteiros, e foi assim que o Goiás sofreu sete dos últimos dez gols.

 

 — Foto: Espião Estatístico

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Favorito >> São Paulo

  • Como mostra a linha preta do gráfico de xG, o Cruzeiro conseguiu ao menos interromper a acentuada queda de seu nível de ameaça defensiva sem comprometer sua capacidade defensiva de impedir a criação dos adversários, mas seu ataque ainda está em um nível muito baixo. Ainda assim, 0,73 xG está entre seus mais baixos níveis de ameaça da competição. Só parou de piorar. Terá de lidar com o fato de o São Paulo ser o quinto mandante que menos permite finalizações de visitantes (9,7). O Cruzeiro tem o pior ataque do campeonato (0,97).
  • O São Paulo ainda é muito dominante quando mandante contra o Cruzeiro: em 14 jogos como mandante pela Série A desde 2006, o São Paulo venceu 11, houve dois empates e apenas uma vitória do Cruzeiro, em 2013. Desde então, foram cinco vitórias do São Paulo e um empate, em 2019, último confronto pela Série A com este mando.
  • As duas equipes marcaram metade dos últimos dez gols a partir de jogadas aéreas e metade em trocas de passes rasteiros. Reduzindo os recortes, o São Paulo marcou três dos últimos cinco jogos em jogadas rasteiras. O Cruzeiro sofreu seis dos últimos dez gols a partir de jogadas aéreas, mas quatro dos últimos cinco gols em jogadas rasteiras. No ataque, o Cruzeiro marcou quatro dos últimos seis gols a partir de jogadas aéreas. O São Paulo sofreu cinco dos últimos sete gols (e dos últimos dez) em jogadas rasteiras.

Metodologia

Favoritismos apresenta o potencial que cada time carrega no Brasileirão 2023 comparando o desempenho nos últimos 60 dias como mandante ou visitante em todas as competições e nos últimos seis jogos oficiais, independentemente do mando. Também são consideradas as performances defensiva e ofensiva das equipes no jogo aéreo e no rasteiro. Os cálculos referentes à influência de bolas altas e de troca de passes rasteiros entre gols marcados e sofridos só consideram as características dos gols marcados em jogadas. Gols olímpicos, cobranças de pênaltis e de faltas diretas não contam para determinar a influência aérea ou rasteira por serem cobranças feitas diretamente para o gol.

Apresentamos as probabilidades estatísticas baseadas nos parâmetros do modelo de “Gols Esperados” ou “Expectativa de Gols” (xG), uma métrica consolidada na análise de dados que tem como referência 100.712 finalizações cadastradas pelo Espião Estatístico em 4.088 jogos de Brasileirões desde a edição de 2013. Consideramos a distância e o ângulo da finalização, além de características relacionadas à origem da jogada (por exemplo, se veio de um cruzamento, falta direta ou de uma roubada de bola), a parte do corpo utilizada, se a finalização foi feita de primeira, a diferença de valor mercado das equipes em cada temporada, o tempo de jogo e a diferença no placar no momento de cada finalização.

O desempenho de um jogador é comparado com a média para a posição dele, seja atacante, meia, volante, lateral ou zagueiro, e consideramos o que se esperava da finalização se feita com o “pé bom” (o direito para os destros, o esquerdo para os canhotos) e para o “pé ruim” (o oposto). Foram identificados os ambidestros, que chutam aproximadamente o mesmo número de vezes com cada pé.

De cada cem finalizações da meia-lua, por exemplo, apenas sete viram gol. Então, uma finalização da meia-lua tem expectativa de gol (xG) de cerca de 0,07. Cada posição do campo tem uma expectativa diferente de uma finalização virar gol, que cresce se for um contra-ataque por haver menos adversários para evitar a conclusão da jogada. Cada pontuação é somada ao longo da partida para se chegar ao xG total de uma equipe em cada jogo.

O modelo empregado nas análises segue uma distribuição estatística chamada Poisson Bivariada, que calcula as probabilidades de eventos (no caso, os gols de cada equipe) acontecerem dentro de um certo intervalo de tempo (o jogo). Para cada jogo ainda não disputado, realizamos dez mil simulações.

*A equipe do Espião Estatístico é formada por: Gabriel Leonan, Guilherme Maniaudet, Guilherme Marçal, João Guerra, Leandro Silva, Roberto Maleson, Roberto Teixeira, Valmir Storti e Victor Gama. (GE)