GONÇALO ANTUNES

A busca pelo entendimento da existência humana tem sido uma constante na filosofia ao longo dos séculos. Desde os primeiros pensadores da Grécia Antiga até os filósofos contemporâneos, a questão da existência tem desafiado mentes brilhantes.

Sócrates, o pai da filosofia ocidental, argumenta que a chave para uma existência significativa está no conhecimento de si mesmo. A famosa frase “Conhece-te a ti mesmo” (inscrita no “pronau” do Templo de Apolo em Delfos) encapsula sua filosofia. Para Sócrates, a busca pelo autoconhecimento é fundamental para uma vida virtuosa.

Através do diálogo e da reflexão, acredita que os indivíduos podem descobrir sua verdadeira natureza e, assim, viver uma vida mais autêntica.

Descartes é conhecido por sua afirmação icônica: “Cogito, ergo sum” (Penso, logo existo). Para ele, a existência humana é inegável, pois duvidar de sua própria existência implicaria a existência de um eu que duvida. Descartes argumenta que o pensamento é a base de toda a existência, estabelecendo assim a importância do sujeito consciente na filosofia.

Sartre, um dos principais expoentes do existencialismo, argumenta que a existência humana é fundamentalmente absurda e que não há um propósito intrínseco para a vida. Afirma que todos estão “condenados à liberdade”, o que significa ser livre para criar o próprio significado e valores na ausência de uma essência pré-determinada. Para Sartre, a existência precede a essência, e é responsabilidade de cada qual dar significado à própria vida.

Camus, outro proeminente existencialista, explora a ideia do absurdo da vida. Ele argumenta que a vida é organicamente sem sentido, pois se busca o significado em um universo indiferente. No entanto, Camus enxerga a revolta como uma resposta à absurdidade, sugerindo que encontrar alegria e significado nas pequenas coisas da vida é uma forma de resistência contra o absurdo.

Heidegger introduziu o conceito de “Ser-no-mundo”, enfatizando a relação íntima entre o ser humano e seu ambiente. Em seu pensamento, a existência humana é essencialmente estar envolvido no mundo e que a autenticidade surge quando se reconhece “ser-para-a-morte”, ou seja, a própria finitude. Para Heidegger, a existência autêntica exige profunda reflexão sobre a mortalidade.

De Beauvoir, uma filósofa existencialista e feminista, explora a existência das mulheres em uma sociedade patriarcal. Argumenta que as mulheres são frequentemente definidas em relação aos homens e, portanto, muitas vezes vivem vidas não autênticas. Ela enfatiza a importância da autonomia e da escolha na busca por uma existência significativa.

Para Kant, a existência humana é caracterizada por alguns princípios fundamentais:

O primeiro, a dignidade humana. Kant acredita que os seres humanos possuem uma dignidade inerente e intrínseca. Argumenta que os seres humanos são dignos de respeito e consideração moral simplesmente porque são seres racionais. Essa dignidade não depende de conquistas individuais, status social, habilidades ou características pessoais. Ela é inalienável e universal.

Quanto à razão, Kant a entende como característica distintiva da existência humana. A razão permite que os seres humanos tomem decisões autônomas e ajam de acordo com a moralidade, sem serem meramente determinados por instintos ou desejos.

Kant desenvolveu sua famosa ética deontológica, que se baseia no conceito de dever moral (“imperativo categórico”). Assim, a moralidade não dependia das consequências das ações, mas sim da intenção por trás delas e da conformidade com deveres universais.

Enfim, sobre a liberdade, Kant ensina que é um componente essencial da existência humana. Acredita que a verdadeira liberdade está ligada à capacidade de agir de acordo com a razão e a moralidade, em vez de ser simplesmente livre de restrições externas. A verdadeira liberdade, para Kant, é a autonomia moral.

Gonçalo Antunes de Barros tem formação em Filosofia, Direito e Sociologia.

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