Após um período de verdadeira “corrida” para compra e instalação de placas solares em empresas e residências em 2022 devido ao benefício de isenção de impostos, o mercado de energia solar enfrentou turbulência no primeiro trimestre deste ano, quando chegou ao fim o incentivo fiscal. Segundo presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Thiago Vianna, a queda registrada no setor chegou a 70% no comparativo com o mesmo intervalo do ano passado em Mato Grosso. Com essa oscilação, o mercado busca se adaptar à nova realidade.

Mato Grosso tem, atualmente, 318 unidades que usam e produzem energia solar, com geração de quase 22 mil quilowatts. Os dados são da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). No entanto, o potencial energético é ainda maior, já que há 38 novos empreendimentos com potência outorgada de 1,2 milhão de quilowatts em três cidades.

Presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Thiago Vianna: nova regulação acabou gerando perda financeira ao setor – Foto: Kethlyn Moraes/Rdnews

Atualmente, as placas solares estão em operação em 26 cidades mato-grossenses. O mercado foi muito aquecido no segundo semestre do ano passado, por causa do Marco Legal da Geração Distribuída, que previa isenção na taxa de distribuição de energia solar. De acordo com o texto, quem fizesse a instalação de energia solar em até 6 de janeiro de 2023 seria isento de encargos pelos próximos 23 anos. Dessa forma, houve um “boom” do mercado, principalmente a partir de setembro do ano passado, quando faltavam quatro meses para o fim do prazo.

“Por causa dessa corrida para conseguir o desconto sobre a transmissão no ano passado, se compararmos os dados desse ano em relação a 2022 tivemos uma redução no primeiro trimestre de cerca de 70%. E ainda não houve uma recuperação completa dessa perda, ainda estamos com 50% a menos”, explica o presidente da Absolar.

Segundo Thiago Vianna, a tendência é que agora o mercado se estabilize e continue de forma mais contida. “Isso porque existe uma perda de rentabilidade financeira para a atividade com essas novas regulações, principalmente com a incidência da transmissão. O setor deve dar uma filtrada e as empresas não especializadas devem fechar. Devem ficar no mercado apenas as empresas que se destacarem tecnicamente”, pondera.

Segundo os dados da Aneel, algumas regiões de Mato Grosso se destacam na geração de energia solar. Em Sinop, no Norte do Estado, há a maior geração de energia solar, com potência de 5 mil kw em apenas um empreendimento, a Inpasa Agroindustria. Em Tangará da Serra (a 242 km de Cuiabá), a empresa Calcário Tangará é responsável pela geração de 3.600 kw. Em Alta Floresta, uma fazenda soltar tem a potência de 900 Kw. Campo Novo do Parecis gera 1.210 kw apenas com duas unidades.

Usina de grande porte

Na Capital, recentemente foi inaugurada uma grande usinas de energia fotovoltaica no Centro de Eventos Pantanal (foto acima), com um investimento de R$ 3,6 milhões. A usina solar foi construída em uma área de 5,8 mil m² no qual compreende 972 módulos de silício monocristalino, o que garante uma eficiência maior na geração de energia.

Mensalmente, o complexo produzirá cerca de 73 mil kWh em energia, o que corresponde a uma economia de R$ 75 mil por mês, volume suficiente para atender a um complexo de 240 casas populares, segundo o Charles Padilha, gerente do Centro de Eventos.

“Com essa capacidade energética vamos conseguir atender o Centro de Eventos Pantanal e mais quatro unidades do Sebrae-MT. É um benefício financeiro, mas também que gera impacto social e ambiental. É um espaço que vai ser aberto para visitação. O objetivo é inspirar outros negócios a investirem em usina fotovoltaica”, afirma Charles.

(RDNEWS)