A comunicação desempenha um papel fundamental na vida de todos nós, mas é ainda mais crucial para aqueles que enfrentam desafios de saúde mental. Neste mês do Setembro Amarelo, dedicado à conscientização e prevenção ao suicídio, pondero sobre este mundo onde muitas vezes as pessoas com problemas mentais podem se sentir isoladas e incompreendidas e trago aqui como é essencial explorar uma abordagem de comunicação empática que pode fazer a diferença.
Pessoas com questões de saúde mental possuem outro perfil de comunicação. Elas costumam ficar no próprio mundo, quietas e pensantes, no entanto é fundamental colocar tudo isso para fora. Quem trabalha e convive com esse perfil de pessoa precisa ter uma habilidade maior para perceber que existe uma forma de comunicação diferente para acessá-las e mantê-las por perto.
Muitas vezes, as pessoas que enfrentam questões mentais têm dificuldade em expressar o que está acontecendo dentro de suas mentes. Elas podem sentir que têm “tudo na cabeça”, mas lutam para colocar esses pensamentos e emoções em palavras coerentes. É aqui que a comunicação terapêutica entra em jogo. Mesmo parecendo algo laboral, esta forma de comunicação envolve ouvir atentamente e validar as preocupações e experiências da pessoa, mesmo que essas experiências pareçam desconexas ou confusas para os ouvintes.
É essencial não tentar ajustar sua realidade mental à realidade mental dela. A primeira habilidade quando se trabalha no transtorno mental é saber aquietar e serenizar, principalmente, quando se trata de um ansioso, pois a energia pode ser sentida e transmitida e a inquietude ou nervosismo piora a comunicação. Então, deixe que a pessoa fale e, por meio do que ela trouxer, faça uma leitura do que ela está falando. Essas pessoas precisam desabafar e liberar o que está pensando. Esse é o momento de estar presente e transmitir serenidade, proporcionando um ambiente seguro onde a pessoa se sinta ouvida e compreendida.
A comunicação também desempenha um papel importante na redução do estigma associado à busca de ajuda para problemas de saúde mental. Muitas pessoas enfrentam desafios devido ao estigma social que cerca a saúde mental, o que pode dificultar a busca de tratamento e apoio.
Concordar, na maioria das vezes, é a saída para até conduzi-la a uma ação diferente. Existe muito barulho, muitas informações na cabeça de uma pessoa que tem questões mentais. Se você levar mais atrito, ela vai surtar porque já não está dando conta do que está acontecendo dentro da própria cabeça e não consegue administrar e retrucar, rebater ou discordar não tira uma pessoa de um surto mental. No entanto, ao adotar uma abordagem de comunicação aberta e compreensiva em nossa sociedade, podemos criar um ambiente onde as pessoas se sintam mais à vontade para compartilhar suas lutas e procurar ajuda sem medo de julgamento.
Além disso, a comunicação pode ajudar na identificação de sinais de problemas de saúde mental em amigos, familiares e colegas. Ao prestar atenção às palavras e comportamentos das pessoas, podemos detectar sinais de sofrimento emocional e oferecer apoio antes que a situação se agrave. Palavras como “dor”, “cansaço”ou mesmo o desejo de isolamento podem ser indicativos de um estado emocional difícil, e a empatia pode ser o primeiro passo para ajudar alguém a encontrar o apoio de que precisa.
É necessário senso de amor e responsabilidade para cuidar dessa pessoa. As terapias integrativas desempenham um papel crucial na melhoria da saúde mental. Diferentes abordagens terapêuticas, como a psicanálise, podem ajudar as pessoas a compreender e expressar suas emoções de maneira mais eficaz, a organizar os pensamentos. No entanto, é importante adaptar as terapias às necessidades individuais de cada pessoa, reconhecendo que não há abordagem única que funcione para todos.
A criação de rotinas e estruturas pode ser particularmente benéfica para aqueles que enfrentam desafios de saúde mental. As terapias integrativas também ajudam muito, com medidas simples como massagens na sola dos pés, por exemplo, são benéficas pela troca de energia realizada através do toque e todas as práticas integrativas podem contribuir para a melhoria da saúde mental, ajudando as pessoas a expressar seus pensamentos e emoções de maneira mais saudável.
Por fim, é importante lembrar que a saúde mental é uma questão que afeta a todos nós, e devemos estar dispostos a cuidar não apenas de nossa própria saúde mental, mas também a apoiar aqueles ao nosso redor que podem estar enfrentando desafios. A comunicação empática e a compreensão são as ferramentas mais poderosas que temos para criar um mundo onde todos possam buscar ajuda e encontrar apoio quando necessário.
*Sonia Mazetto é fonoaudióloga, terapeuta, palestrante e gestora de potencial humano.