A briga pela permanência na Série A do Brasileirão aumenta o nível de dramaticidade a cada rodada e, na 23ª, foi a vez de o Vasco aumentar a esperança de seguir na elite. A equipe carioca venceu o clássico contra o Fluminense e subiu de 37,0% para 45,1% nas possibilidades de evitar um novo rebaixamento.

Apesar da irregularidade nos resultados, a produção ofensiva cruz-maltina vem aumentando, e a volta a São Januário na próxima rodada para encarar o lanterna Coritiba é mais um fator que pode ajudar o time carioca a sair do Z-4; ainda está cinco pontos atrás do Goiás, primeiro fora da zona de perigo. Já o Cuiabá, apesar da sequência ruim de cinco jogos sem vitória, segue com 93% de chances de permanência (veja mais abaixo).

Do outro lado da balança, outro gigante amargou sua terceira derrota consecutiva sem fazer gols, e a luz no fim do túnel não parece estar chegando para o Santos, mesmo estando um ponto à frente dos vascaínos. O Peixe estava com 50,4% de chances de se salvar, e agora está com 23,3%. Lembrando que não é só a pontuação que vale como critério para avaliar as probabilidades, mas tudo o que envolve o momento de cada equipe.

Em parceria com o economista Bruno Imaizumi, analisamos todas as finalizações cadastradas pelo Espião Estatístico em 4.016 jogos de Brasileirões desde a edição de 2013, que servem de parâmetro para medir a produtividade atual das equipes no ataque e na defesa a partir da expectativa de gol (xG), métrica consolidada internacionalmente. Os dados ajudam a calcular as chances de cada equipe vencer os jogos restantes, fazendo 10 mil simulações para cada partida a ser disputada, o que resulta nos percentuais do quadro abaixo. A metodologia empregada está explicada no final do texto.

Chances de permanecer na Série A

Clube%
Botafogo100%
Palmeiras100%
Grêmio100%
Bragantino100%
Fluminense100%
Flamengo100%
Athletico-PR99,9%
Fortaleza99,7%
Atlético-MG98,6%
São Paulo93,0%
Cuiabá93,9%
Cruzeiro93,7%
Internacional89,9%
Corinthians81,9%
Bahia79,2%
Goiás78,4%
Vasco45,1%
Santos23,3%
América-MG18,6%
Coritiba4,8%

Chances de título

O fechamento da 23ª rodada trouxe uma surpresa amarga para o líder Botafogo, que perdeu a sua segunda partida consecutiva, desta vez para o Atlético-MG. Com esse resultado, suas chances de título caíram de 81,7% para 74%. Melhor principalmente para o Palmeiras que ficou a sete pontos do primeiro colocado e subiu de 12,6% para 15,8% nas possibilidades de ficar com a taça do Brasileirão, mas a vantagem alvinegra ainda é bastante significativa.

Chances de título no Brasileirão

Clube%
Botafogo74,0%
Palmeiras15,8%
Grêmio4,2%
Bragantino2,2%
Fluminense1,9%
Flamengo0,9%
Athletico-PR0,8%
Fortaleza0,2%

Chances de G-4 e G-6

Enquanto Copa do Brasil, Sul-Americana e Libertadores não estiverem decididas, os quatro primeiros colocados no Brasileirão se classificam para a fase de grupos da Libertadores do ano que vem, enquanto o quinto e o sexto colocados disputam uma fase preliminar.

Caso os campeões das três competições estejam entre os primeiros colocados do Brasileirão, novas vagas classificatórias para a Libertadores serão abertas no nacional. Por enquanto, apresentamos as chances de as equipes terminarem o Brasileirão até a quarta e até a sexta colocações.

Chances de ir para a Libertadores

ClubeG-4 (%)G-6 (%)
Botafogo99,0%99,8%
Palmeiras84,6%95,8%
Grêmio53,2%78,8%
Bragantino48,0%76,3%
Fluminense39,9%69,9%
Flamengo29,4%59,0%
Athletico-PR26,5%56,3%
Fortaleza12,3%32,7%
Atlético-MG3,4%12,3%
São Paulo1,0%4,5%
Cuiabá0,8%4,8%
Cruzeiro0,8%4,1%
Internacional0,5%2,5%
Corinthians0,3%1,7%
Bahia0,1%0,7%
Goiás0,1%0,7%

Metodologia

Apresentamos as probabilidades estatísticas baseadas nos parâmetros do modelo de “Gols Esperados” ou “Expectativa de Gols” (xG), uma métrica consolidada na análise de dados que tem como referência as finalizações cadastradas pelo Espião Estatístico em 4.007 jogos de Brasileirões desde a edição de 2013.

As variáveis consideradas no modelo são: (1) a distância e o ângulo da finalização em relação ao gol; (2) se a finalização foi feita cara a cara com o goleiro; (3) se foi feita sem a presença do goleiro; (4) a parte do corpo utilizada para concluir; (5) se a finalização foi feita de primeira, ajeitada ou carregada; se o chute foi feito com a perna boa ou ruim do jogador; (6) a origem do lance (pênalti, escanteio, cruzamento, falta direta, roubada de bola, lateral etc); (7) se a assistência foi feita de dentro da área; (8) a posição em que o atleta joga; (9) indicadores de força do chute; (10) o valor de mercado das equipes em cada temporada a partir de dados do site Transfermarkt (como proxy de qualidade do elenco); (11) o tempo de jogo; (12) a idade do jogador; (13) a altura do goleiro em jogadas originadas de bolas aéreas; (14) a diferença no placar no momento de cada finalização.

De cada cem finalizações da meia-lua, por exemplo, apenas sete viram gol. Então, uma finalização da meia-lua tem expectativa de gol (xG) de cerca de 0,07. Cada posição do campo tem uma expectativa diferente de uma finalização virar gol, que cresce se for um contra-ataque por haver menos adversários para evitar a conclusão da jogada. Cada pontuação é somada ao longo da partida para se chegar ao xG total de uma equipe em cada jogo. Essa variação indica as chances de os times vencerem cada adversário e, a partir daí, é calculada a chance de os clubes terminarem o campeonato em cada posição.

O modelo empregado nas análises segue uma distribuição estatística chamada Poisson Bivariada, que calcula as probabilidades de eventos (no caso, os gols de cada equipe) acontecerem dentro de um certo intervalo de tempo (o jogo). Para chegar às previsões sobre as chances de cada time terminar o campeonato em cada posição foi empregado o método de Monte Carlo, que basicamente se baseia em simulações para gerar resultados. Para cada jogo ainda não disputado, realizamos dez mil simulações.

*A equipe do Espião Estatístico é formada por: Gabriel Leonan, Guilherme Maniaudet, Guilherme Marçal, João Guerra, Leandro Silva, Roberto Maleson, Roberto Teixeira, Valmir Storti e Victor Gama.