Banido do futebol pela Fifa, o meia Gabriel Tota admitiu o envolvimento em um esquema de manipulação de resultados e pediu perdão. O jogador de 21 anos que disputou o Campeonato Brasileiro do ano passado pelo Juventude divulgou um vídeo em sua conta pessoal no Instagram no qual, entre outros temas, falou sobre a punição e a perda recente do pai, além da esperança de ter uma segunda chance no futebol profissional.
Atualmente, Gabriel Tota vem atuando no esporte amador no interior de Minas Gerais e se lançou como empresário no ramo de venda de joias. Ele é nascido na cidade de Santa Fé do Sul, no interior de São Paulo.
O meio-campista reconheceu a participação no esquema apontado pela Operação Penalidade Máxima, mas disse acreditar em uma nova oportunidade.
– Creio que todo ser humano erra, só não podemos persistir no erro. Também creio que todo ser humano tem sua segunda chance. Eu errei, estou aqui para perdir perdão primeiramente ao Juventude, toda a instituição e meus amigos – disse.
Gabriel Tota disse que o momento da punição coincidiu com a perda do pai. Embora não fosse próximo do parente, o meia se disse abalado com o episódio.
– Por mais que eu já esperasse, tinha fé de que algo poderia dar certo. A decisão do STJD me doeu demais. Minutos antes da minha defesa tive a notícia de que meu pai estava sendo intubado e de lá para cá tem sido muito difícil. Alguns dias depois sofri com a perda do meu pai e, por mais que ele não tenha sido muito próximo a mim, desde pequeno sofri com a separação dos meus pais, é alguém da minha família.
O jogador disse não ter pensado nas consequências quando se envolveu no esquema e falou sobre as formas que tem encontrado para sustentar a família.
– Nunca vi dinheiro alto na minha vida. Quando surgiu a oportunidade, não consegui pensar o que aquilo poderia me trazer de ruim. E que me trouxe. Estou sendo prejudicado em diversas coisas. O futebol era o meu sustento, era como ajudava minha mãe e meus irmãos mais novos.
– Sigo jogando amador, estou tentando de todas as formas. Comecei a vender joias para que eu consiga ajudar a minha mãe e arcar com os gastos. Como errei, agora tem as consequências. Dívidas, advogados, multas que a Justiça me deu – completou.
O caso
Gabriel Tota, que jogou a Série A do Brasileirão do ano passado pelo Juventude, está banido do futebol por envolvimento no escândalo de manipulação de partidas em um esquema ilegal que ocasionou na Operação Penalidade Máxima, investigação do Ministério Público de Goiás, que descobriu um esquema de fraudes para favorecer apostadores.
As punições, a princípio, se restringiam ao território nacional, sob jurisdição do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). A pedido da CBF, a Fifa analisou os casos e decidiu pela extensão das punições a todas as federações filiadas à entidade.
De acordo com as investigações, o meia aliciava companheiros de clube por intermédio dos apostadores. Entre os casos investigados, está a promessa de pagamento de R$ 60 mil e R$ 50 mil para que um dos jogadores do clube gaúcho fosse punido com cartão amarelo nas partidas Juventude x Fortaleza e Goiás x Juventude, respectivamente, pela Série A do Campeonato Brasileiro.
A Fifa listou 11 atletas que tiveram suspensões determinadas por tribunais esportivos brasileiros com penas que variam de 360 dias de gancho a banimento do esporte.
Além de Tota, o atacante Ygor Catatau e o goleiro Matheus Gomes foram eliminados do futebol, não podendo defender equipes profissionais em qualquer país. (GE)