Material nobre e de alto luxo, o mármore de Carrara descoberto recentemente em uma grande jazida na região de Cáceres (a 250 km de Cuiabá), no oeste de Mato Grosso, tem potencial para abastecer mercados internacionais como China, Estados Unidos e Europa. O metro quadrado do produto chega a custar R$ 900.
O Governo do Estado aposta na Zona de Processamento de Exportação (ZPE) para atrair indústrias de beneficiamento do minério e movimentar quantias milionárias com o produto. As informações foram confirmadas pelo secretário-adjunto de Indústria, Comércio e Empreendedorismo, Paulo Leite, em entrevista ao RD News .
“Existem alguns mármores de qualidade inferior que são utilizadas como brita ou outro material. Já a mármore dessa jazida em Cáceres é de qualidade, dureza e estética, e é usada para piso e revestimento de alto padrão, com consumo principal na Europa, Estados Unidos e China. As placas do mármore são vendidas para o exterior com valor agregado muito alto. Temos interesse nessa indústria de ponta. É um mercado muito grande e Mato Grosso está adentrando”, afirmou.
O secretário explica que, há alguns meses, foi procurado por empresários que fazem pesquisas há anos no estado em busca de pedras ornamentais e foi informado da grande jazida a 40 km de Cáceres. Agora, os primeiros blocos já foram enviados para o Espírito Santo para passarem por amostragem, testes e análises de qualidade e para que seja feito o desdobramento e polimento.
As placas de mármore de alto padrão só podem ser exportadas diretamente para outros países se passarem pela indústria de beneficiamento, que atualmente é feito no Espirito Santo. Isso porque o mármore é retirado em blocos, que são desdobrados em placas e polidos nas indústrias. Só então são exportadas para uso direto como revestimento. Atualmente, essas indústrias ainda não estão instaladas em Mato Grosso.
Por isso, os blocos são retirados das minas e levados para o Espírito Santo, estado que acaba recebendo pela exportação. O objetivo do Governo é que esse beneficiamento passe a ser feito em Mato Grosso justamente para que o mármore não precise mais passar pelo Espírito Santo e que seja exportado e gere renda para nosso estado.
“O empresário tem a opção de beneficiar onde ele quiser, contanto que pague os impostos. Mas nós temos interesse que essa jazida seja explorada e beneficiada aqui. Quando ele beneficia aqui, traz conhecimento, pessoas, maquinários, comércio, uma nova indústria, um novo serviço para nós, além de reconhecimento e mercado internacional. Quando ele tira o bloco e leva direto para outros estados, não está deixando nada disso para nós. Então estamos trabalhando fortemente para que isso seja desenvolvido aqui em Mato Grosso e para que a indústria se instale na ZPE. É uma indústria de grande porte e que traz outras, porque essa não é a única jazida. O acontecimento geológico não aparece isoladamente”, esclareceu Pauto Leite.
A Zona de Processamento de Exportação (ZPE), citada pelo secretário, é uma área de livre comércio com o exterior, destinadas à instalação de empresas voltadas para a produção de bens a serem exportados. A ZPE de Cáceres foi criada por meio de decreto presidencial em março de 1990, mas nunca saiu do papel. Agora, está em fase final e deve ser entregue neste ano. A ZPE de Mato Grosso será a terceira ZPE do país e está sendo instalada em uma área de aproximadamente 240 hectares no Distrito Industrial de Cáceres.
Com a ZPE e a instalação de indústrias do setor da mineração, e a consequente exportação direta, a arrecadação deverá aumentar expressivamente. Atualmente, Mato Grosso é o 6° maior produtor de minérios no Brasil e o setor arrecadou só no primeiro semestre deste ano R$ 61 milhões com a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM). No ano de 2022, durante os doze meses, foram arrecadados R$ 109 milhões.
Pela proximidade da mina com a ZPE, o objetivo é que o mármore de Carrara seja desdobrado e polido em Mato Grosso, já saindo direto para os outros países, conforme explicou o secretário.
“O Governo do Estado vai inaugurar neste semestre ainda e estamos providenciando o alfandegamento da Zona de Processamento de Exportação. É um projeto de 30 anos e que agora será inaugurada. A instalação física dela está pronta, com tudo que a Receita Federal exige. Então devemos solicitar o alfandegamento até 12 de setembro. Depois de homologar, vamos fazer o trabalho justamente de captar as empresas, as indústrias para se instalar dentro da ZPE. Como maior parte do mármore é pra exportação, estamos trabalhando fortemente para que esse empreendimento se instale dentro da ZPE”, concluiu.
(RDNEWS)