LAERTE BASSO
Estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) demonstram que mais de 218 milhões de mulheres de países de renda baixa e média, em idade reprodutiva, não têm planos para engravidar, mas não usam métodos anticonceptivos.
No Brasil, um estudo da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mostrou que mais de 50% das gestações não planejadas resultam da falha de anticoncepcionais de uso contínuo.
Neste contexto, uma nova opção de anticoncepcional que vem ganhando espaço, é o implante contraceptivo. O método funciona após a introdução de um pequeno tubo de silicone no braço, que atuará liberando hormônios na corrente sanguínea, impedindo a gravidez.
Como funciona o implante contraceptivo?
Os implantes são cápsulas, ou bastões, de 4 cm de comprimento e 2 mm de diâmetro, com liberação do hormônio etonogestrel (similar à progesterona, mas produzida em laboratório) de forma regular por 3 anos. A carga hormonal impedirá que os óvulos amadureçam e, portanto, eles não poderão ser fecundados.
Outra consequência da variação hormonal é o espessamento da parede uterina, que dificulta a passagem dos espermatozóides até as trompas de Falópio ou tubas uterinas.
Nos raros casos em que o óvulo é fecundado, ele não consegue se deslocar, em razão da mudança da motilidade tubária. Também ocorre a atrofia do endométrio que evita a implantação de um possível embrião.
Quais são as vantagens do implante contraceptivo?
Este método é considerado bastante prático, pois dispensa a necessidade do uso diário de remédios e de preservativos durante o ato sexual (como método contraceptivo). Além disso, algumas vantagens mencionadas são:
– Alívio de cólicas e outros desconfortos da menstruação;
– Redução da tensão pré-menstrual;
– Redução da menstruação, principalmente para mulheres com fluxos intensos;
– Não age sobre os sistemas gástrico e hepático;
– Duração longa (3 anos);
– Diminuição de doença inflamatória pélvica;
– Previne a gravidez com óvulo fora do útero (ectópica);
– Alta eficiência e pode ser retirado a qualquer momento, os níveis hormonais voltam ao normal em alguns dias.
Alguns efeitos colaterais costumam ocorrer nos primeiros seis meses do uso do medicamento, até que o corpo se acostume com o novo equilíbrio hormonal.
Outras informações
Vale frisar que o implante contraceptivo não oferece nenhuma proteção contra Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). Assim, o uso de preservativos ainda é indicado. O implante deve ser realizado em uma clínica e por um médico de confiança.
O procedimento é simples e conta com uma anestesia aplicada na pele no local da inserção do implante. A retirada também deve ser feita por profissionais e é realizada com um pequeno corte.
Nenhum método é 100% eficaz, no caso do implante as maiores chances de falhas acontecem caso o procedimento não seja realizado no 5º dia após a menstruação, ou caso a mulher faça sexo desprotegido nos primeiros 7 dias após o procedimento. Isto ocorre porque os níveis do hormônio no sangue ainda podem ser inferiores ao necessário para impedir a gravidez.
Laerte Basso é ginecologista e obstetra, membro da Sociedade Brasileira de Endometriose e da Sociedade Européia de Endometriose e Doenças do Útero, e integra a equipe multidisciplinar do Instituto Eladium, em Cuiabá (MT)
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