Nenhuma equipe somou tantos pontos nos últimos cinco jogos do Campeonato Brasileiro como o Cuiabá. Com quatro vitórias consecutivas, o Dourado subiu na tabela e já ocupa o 8º lugar – o próximo duelo é nesta terça (15), contra o Athletico, rival direto por uma briga no G-6 da tabela.
A força da equipe está além dos resultados. O Cuiabá conseguiu uma vitória de completo domínio sobre o Flamengo, por 3 a 0, e venceu o Internacional em pleno Beira-Rio. O bom momento é tão grande que a última derrota foi em junho.
Deyverson comemora gol pelo Cuiabá contra o Bahia — Foto: Gil Gomes/AGIF
O sucesso da equipe tem no atacante Deyverson e no treinador António Oliveira seus pilares. De volta ao Dourado após passagem no ano passado, o treinador português mudou o esquema adotado por Ivo Vieira e resgatou o bom futebol de Ceppelini, Clayson e aproveita Deyverson para reforçar a marcação do time sem a bola.
O atacante explicou no Boleiragem, do sportv, como o técnico abordou o momento sem a bola na acachapante vitória sobre o Flamengo, por 3 a 0. Deyverson tinha um papel duplo: ele marcava os volantes ao invés de marcar os zagueiros quando o time oposto saía com o goleiro. Com isso, o Flamengo não tinha saída de bola e “dava” a posse facilmente ao Cuiabá.
Esse movimento foi visto também no Beira-Rio e é um padrão no time. Veja na imagem:
Deyverson: marca os volantes na saída do goleiro rival — Foto: Reprodução
Marcação no setor da bola
A marcação que Deyverson explicou tem uma variação. Se o goleiro consegue sair e a bola chega em um dos lados, o camisa 16 se desdobra e passa a marcar a linha de passe do zagueiro daquele setor. Dessa forma, o time sempre vai encaixando a saída rival e tem mais jogadores que o outro lado por dentro e pelos lados. Observe:
Deyverson tem importante papel tático no Cuiabá — Foto: Reprodução
Raniele como “falso zagueiro”
Se nada do que você leu acima conseguir impedir o rival de jogar (o que é normal), o Cuiabá tem um plano para defender a própria área. O volante Raniele faz uma função de quinto zagueiro e se posiciona entre Empereur e Marllon. Dessa forma, os laterais conseguem pressionar o adversário mais ao lado e o time se defende com uma linha de cinco, novamente ganhando em superioridade numérica.
Raniele entra como terceiro zagueiro — Foto: Reprodução
Saída sustentada e Clayson mais próximo do gol
A organização do time para jogar com a bola segue alguns padrões. O primeiro é o de uma saída sustentada, que funciona assim: os laterais não ficam espetados lá na frente e jogam tocando a bola mais perto dos zagueiros. Ceppelini e Cafu (ou Silva) têm liberdade para alternar entre dar amplitude ou buscar o centro do campo, invertendo de posição com Deyverson e Clayson.
Ceppelini chegou no clube, foi para o banco e recuperou o status de titular com António fazendo essa função: ele abre pelo lado esquerdo e faz com que Clayson, que ainda não perdeu em seu retorno, fique mais próximo da área.
Saída sustentada e Ceppelini por fora — Foto: Reprodução
Com isso, o time força as jogadas laterais. A bola chega o tempo todo em um ponta ou um meia mais ofensivo. E aí a engrenagem para abrir espaço na linha defensiva do rival começa: Deyverson sai da área e os laterais passam por dentro. Atraem a marcação para Cafu e Clayson entrarem de surpresa na área, livres para finalizar.
Vale destacar a importância de Deyverson: além do papel na marcação, ele busca a bola no meio, abre pelos lados e carrega o time ofensivamente.
Engrenagem ofensiva do Cuiabá — Foto: Reprodução
Mas é quase impossível não se empolgar com o futebol jogado no Mato Grosso, digno de um Bayern de Munique do Cerrado. Ou seria o “Cuiabayern?”