Mato Grosso desmatou 2.329 hectares do Pantanal nos quatro primeiros meses de 2023, resultando em 274 alertas de desmatamento. Nos últimos quatro anos, foram mais de 9,5 mil hectares de floresta derrubada no estado, sendo 120 mil hectares em todo território do Pantanal, alcançando índice recorde. Os dados foram divulgados pelo sistema de sensoriamento remoto de biomas no Brasil (MapBiomas) nesta quarta-feira (26).
Se comparado com o mesmo período do ano passado, quando foram desmatados 1.443 hectares, houve um aumento de 61,3%. Durante todo o ano de 2022, foram destruídos 4.392 hectares do bioma.
Segundo o Instituto SOS Pantanal, a degradação é resultado de uma legislação pouco efetiva, responsável por até 60% de substituição da vegetação original para fins de cultivo e pecuária.
Para o biólogo e Diretor de Comunicação do SOS Pantanal, Gustavo Figueirôa, mesmo com as licenças para supressão de grandes áreas, dados do Ministério Público mostram que o desmatamento foi, em média, 25% maior do que o permitido nas licenças.
“O desmatamento no Pantanal está crescendo muito e não vemos sinal algum de diminuição pela frente. Boa parte desse desmate feito é com autorização dos órgãos ambientais, graças a uma legislação super permissiva”, ressalta.
Os impactos do fenômeno El Ninõ também chamam atenção dos especialistas, o fenômeno altera a distribuição da temperatura da superfície da água do Oceano Pacífico e provoca alterações no clima entre os meses de agosto e setembro.
“As condições atuais de seca para a região do Pantanal indicam maior propensão do fogo na parte norte do bioma”, explicou a meteorologista do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais – LASA, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Renata Libonati.
O Pantanal é um dos biomas mais ricos e diversos da fauna e flora do país, mas a região norte sofre maior estiagem e é mais suscetível ao fogo, com a escassez de água impactando a vida de várias espécies locais.
Entidades ambientais da região têm motivado esforços para que ações preventivas, como um incremento das brigadas de incêndio e intensificação do monitoramento climático, sejam coordenados.
“Uma vez que é impossível frear o El Niño, o que nos resta é mitigar os efeitos desse impacto adicional, principalmente os incêndios florestais. Estamos fazendo uma rodada de reciclagem, renovando materiais e fortalecendo as equipes para que elas estejam prontas para um eventual combate”, explica Figueirôa.
(G1MT)