SERAFIM CARVALHO MELO

1.O Rotary representa essa resposta?

2. Como os Rotarianos e os Rotary Clubs podem transformar essa necessidade numa causa?

Eu me ingressei em Rotary, em 1973, no Rotary Club de Cuiabá Bandeirantes, pelas mãos do meu sogro, tenente militar, literalmente, Caxias mesmo. Ao longo desses anos, assumi quase todos os cargos de administração do meu Clube e do meu Distrito, chegando a Governador do mesmo. Raramente fui tesoureiro das entidades pelas quais passei ou fundei, até Associação de Moradores do Bairro, onde moro.

Nessas entidades, repito, assumi todos os cargos da administração, desde quando estudante secundarista, no Grêmio Estudantil, na Universidade no Diretório Acadêmico e na vida profissional, criando associação e sindicato, fazendo política do setor profissional e empresarial, inclusive na Federação das Industrias em Mato Grosso, por nove anos como secretário.

Essa introdução de minha vida privada é para ratificar o que sempre digo: pior do que uma escola ruim, é o aluno preguiçoso, vagal e o professor malformado, enganador. Já disse o pensador, que ”uma ignorância absoluta, não é o pior dos males, nem o mais temível, mas uma acumulação de conhecimentos mal digeridos é pior ainda”.

“O Rotary, seguramente, é a organização no mundo que mais investe no treinamento de seus associados, em todos os níveis, anualmente, antes de assumirem suas funções. É uma organização dinâmica, moderna, transparente e atual”

Todas essas entidades, eu as considero como uma verdadeira Escola de Vida, e a melhor delas, a mais completa, a mais rica, a mais sábia, a mais honesta, a mais humana, sem sombra de dúvidas é o Rotary, pela sua universalidade, internacionalidade, seus princípios e objetivos.

Em todas elas existem os alunos preguiçosos, vagais, os professores malformados, oportunistas e enganadores. No Rotary não é diferente, embora o ambiente rotário não seja propício a essa prática. Ele termina saindo do Clube, até mesmo depois de ser Governador de Distrito. Mas quando não sai pode dar trabalho e preocupação.

O Rotary, seguramente, é a organização no mundo que mais investe no treinamento de seus associados, em todos os níveis, anualmente, antes de assumirem suas funções. É uma organização dinâmica, moderna, transparente e atual. Se assim não fosse certamente já teria se sucumbido em seus 111 anos de existência no mundo inteiro. Nela está tudo pronto, tudo normatizado, em manuais, formulários, guias, impressos, modelo padrão de tudo que for necessário. Nada é imposto. A cada três anos o seu Conselho de Legislação revisa tudo e novas práticas se sucedem. Basta ler o universo da literatura rotária.

Embora com todos esses atributos, positivos, de qualidade, ainda deparamos em nossa organização secular, com aqueles que não entendem ou não querem entender, que é imperiosa a necessidade de renovação de lideranças, pela revelação de novos talentos. Que a prática da perenização em cargos de destaque na administração distrital, às vezes, utilizando-se de meios escusos e inconfessáveis, impede a formação de novos líderes.

A prática de se utilizar em benefício pessoal de recursos financeiros obtidos em nome de Rotary e de seus programas para tornar-se companheiro Paul Harris e grande doador da Fundação Rotária é deplorável. Não confundir com os grandes doadores, que regularmente, com recursos próprios ou de suas empresas, fazem grandes doações. O próprio Presidente John Germ disse em sua Mensão Presidencial: não basta simplesmente conseguir novos associados e formar clubes: nossa meta não é simplesmente um maior número de rotarianos, mas rotarianos capazes de fazer um trabalho de qualidade e com potencial de se tornarem futuros líderes rotários.

A melhor maneira de respondermos as indagações formuladas é pelo exemplo, que deve vir de cima para baixo, sobretudo quando envolve dinheiro do Rotary, que em síntese é do rotariano e a esse, se deve prestar contas, sim, não só ao RI.

O Rotary representa sim, resposta para a primeira pergunta desde a sua criação, quando à época, a corrupção, a violência e tantos outros males da sociedade grassavam em Chicago. O que se buscava era criar um ambiente, onde a amizade e mútua confiança entre as pessoas se constituíssem nos seus atributos básicos. Já para a segunda questão não se pode dizer o mesmo, é imperiosa a necessidade de darmos o exemplo de cidadãos éticos para fazer dessa necessidade, uma causa.

Serafim Carvalho Melo é Governador 10-11 do Distrito 4440 do Rotary. E-mail: serafimcmelo@gmail.com

(RDNEWS)