Após meses tensos à frente do Ministério da Fazenda, Fernando Haddad (PT) diz que começa a respirar aliviado. O chefe de uma das pastas mais importantes do governo Lula reconheceu ter enfrentado críticas dentro do próprio PT e uma pressão enorme vinda do mercado.
“Me sinto menos na frigideira do que há três meses. Tinha gente na Faria Lima [termo que usa a rua em São Paulo para se referir ao mercado financeiro] que dizia que Haddad não dava, é ideológico. Não acompanhou meu trabalho, não leu o que escrevi a vida toda…”, apontou Haddad, que participou do podcast O Assunto durante a manhã desta segunda-feira (10/7).
O ministro da Fazenda declarou que “faz parte apanhar dentro de casa”, quando questionado sobre os conflitos internos no Partido dos Trabalhadores (PT).
“Faz parte apanhar dentro de casa. Meu partido não é amorfo, está cheio de gente de opinião, que estudou… Eu não deixo de conversar com PT, ir às reuniões da executiva, explicar o que estou fazendo. Não me sinto como um senhor”, afirmou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT).
Ainda durante a entrevista, Haddad deu um ponto-final aos questionamentos temerosos do mercado financeiro – que, conforme ressaltou, avaliavam como “ideológica” sua indicação à Fazenda: mostrou que se dá bem, sim, com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
“Me dou muito bem com o presidente do Banco Central. Não tenho nenhum problema com ele, muito pelo contrário. Temos uma relação muito civilizada, para as tensões que estão estabelecidas. Mas eu acho, sinceramente, que isso é a volta da política com P maiúsculo, para produzir os melhores resultados. Quando a política não produz os melhores resultados, ela está sendo mal feita”, explicou.
Reforma tributária
Na mesma entrevista, Haddad afirmou que a segunda fase da reforma tributária, que vai incidir sobre a renda, não vai aguardar a conclusão da primeira fase, sobre o consumo. “Nós temos que concluir a tramitação da PEC no Senado, mas não vamos aguardar o fim da tramitação para mandar ao Congresso a segunda fase da reforma, porque ela tem que ir junto com o orçamento”, disse.
O ministro da Fazenda defendeu que a análise do Orçamento de 2024 caminhe com a reforma tributária. “Até porque, para garantir metas do marco fiscal, vou precisar que Congresso analise medidas junto com peça orçamentária”, prosseguiu ele. Essa segunda etapa deverá “colocar o rico no Imposto de Renda”, como defende o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).