Botafogo, Coritiba e Cruzeiro assinaram na manhã desta quarta-feira seus contratos com o fundo de investimentos americano Serengeti e com a gestora de investimentos brasileira Life Capital Partners (LCP). Ambos os investidores foram captados pelo Forte Futebol para a futura liga. O Cuiabá que está em sua terceira participação na Série A, é um integrante do Forte.
O Vasco está alinhado aos três, mas ainda não assinou seu acordo. A expectativa é que os cariocas concluam o processo deles em breve.
Embora os contratos com os investidores sejam idênticos aos que estão sendo assinados pelos clubes que formam o Forte Futebol, esses quatro clubes optaram por não migrar para o bloco. Em vez disso, eles adotaram posição de centro e se autointitulam o “Grupo União”.
Assinar com os mesmos investidores, mas não entrar oficialmente no Forte Futebol, foi uma ideia de John Textor. O controlador da SAF do Botafogo entende que será mais fácil convencer outros clubes da Libra a fechar com esses investidores se houver um discurso de unificação.
O negócio consiste na venda dos direitos comerciais dos clubes, referentes ao Campeonato Brasileiro, por 50 anos. Os investidores se comprometem a pagar até R$ 4,85 bilhões e, em contrapartida, receberão 20% das receitas futuras durante a duração da sociedade.
Com a adesão de Botafogo, Cruzeiro e Vasco – que inicialmente haviam aderido à Libra –, o valor a ser desembolsado por Serengeti e LCP chega a R$ 2,5 bilhões. O dinheiro se distribui entre os clubes do seguinte modo:
- R$ 214 milhões – Cruzeiro
- R$ 213 milhões – Fluminense
- R$ 212 milhões – Vasco
- R$ 203 milhões – Athletico-PR
- R$ 184 milhões – Botafogo
- R$ 159 milhões – Coritiba
- R$ 152 milhões – Goiás
- R$ 139 milhões – Sport
- R$ 121 milhões – Ceará
- R$ 121 milhões – Fortaleza
- R$ 116 milhões – América-MG
- R$ 94 milhões – Avaí
- R$ 94 milhões – Chapecoense
- R$ 93 milhões – Juventude
- R$ 91 milhões – Atlético-GO
- R$ 62 milhões – Criciúma
- R$ 57 milhões – Cuiabá
- R$ 43 milhões – CRB
- R$ 38 milhões – Vila Nova
- R$ 33 milhões – Londrina
- R$ 26 milhões – Tombense
- R$ 6 milhões – Figueirense
- R$ 5,5 milhões – CSA
- R$ 4 milhões – Brusque
- R$ 4 milhões – Operário-PR
Etapa da negociação e possível antecipação
O documento assinado pelos clubes é chamado de “acordo de investimento” e prevê o funcionamento da sociedade entre as entidades e os investidores. Este contrato contém a versão definitiva da parceria, mas ainda tem alguns pontos a serem solucionados nas próximas semanas.
Um deles é a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão do governo que atua para evitar que atos anticoncorrenciais sejam formados pelo mercado. No caso do futebol, deverá haver autorização prévia do Cade para que a liga seja formada e possa vender seus direitos de transmissão de maneira conjunta.
Além disso, existem questões de governança a definir entre Forte Futebol e Grupo União. Os clubes precisarão chegar a consensos em relação à administração do bloco comercial como um todo.
Enquanto essas etapas estão em andamento, dirigentes têm a opção de antecipar valores por meio da XP – uma das assessoras técnicas do Forte Futebol e principal responsável pela captação dos investidores. A corretora abriu a possibilidade de emprestar 40% das quantias prometidas aos clubes da Série A e 20% aos da Série B.
As antecipações funcionam como um empréstimo bancário convencional, com taxa de juros e os contratos de direitos de transmissão dados em garantia. A diferença é que elas têm como condição a assinatura do acordo de investimento com Serengeti e LCP.
Existe a possibilidade de antecipar todo o valor disponível, somente parte dele ou nada. A decisão caberá aos dirigentes de cada clube.
Como fica a disputa entre Forte e Libra
O movimento de Botafogo, Cruzeiro e Vasco é um dos mais importantes na concorrência que se criou entre a Libra, bloco do qual faziam parte até meados deste ano e o Forte Futebol.
Os três clubes-empresas haviam optado pela adesão à Libra – grupo do qual fazem parte vários dos clubes de maior torcida do Brasil, como Corinthians, Flamengo, Grêmio, Palmeiras, Santos e São Paulo. Este bloco tem negociação avançada com o fundo árabe Mubadala.
No momento de assinar o contrato definitivo, no entanto, houve divergências entre os dirigentes de Botafogo, Cruzeiro e Vasco com a cúpula da Libra. Nem tanto em relação à distribuição dos valores de investimentos, o principal motivo de discordância estava ligado à governança proposta pelo grupo, ou seja, como a liga seria gerida.
Em junho, Textor anunciou que deixaria a Libra e faria a venda dos direitos de transmissão do Botafogo de forma independente. Cruzeiro e Vasco não chegaram a se manifestar publicamente, mas acompanharam o movimento do botafoguense nos bastidores.
Ainda existe esperança de que clubes conseguirão fundar uma liga unificada para primeira e segunda divisões, em vez de apenas montar blocos comerciais para a venda de direitos.
A partir de agora, os clubes-empresas se encarregam de negociar com membros remanescentes da Libra, na expectativa de que eles também adiram ao grupo de centro e assinem com os mesmos investidores. (GE)