O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) acatou o pedido de prisão temporária dos donos da escola Pequiá, no Cambuci, na zona sul de São Paulo. Eles são investigados por maus-tratos em alunos.

A informação foi confirmada pelo delegado Fábio Daré, do 6º Distrito Policial, que investiga o caso. Segundo o policial, as equipes já estão na rua em busca do casal. “É questão de tempo para pegá-los”, afirma o delegado.

Os dois foram denunciados por uma ex-funcionária da escola infantil, que registrou imagens de maus-tratos em crianças que frequentam o espaço.

Criança amarrada

Um dos vídeos feitos pela ex-funcionária, que trabalhou no local por dois meses, mostra a dona da escola e uma funcionária advertindo crianças entre 1 e 2 anos com gritos e xingamentos. Em uma das cenas, um menino aparece amarrado com a própria blusa a uma pilastra.

Outro aluno, que fez xixi na roupa, ouve os gritos de uma funcionária na frente dos colegas. “Hoje você não fez xixi na roupa por qual motivo? Vou começar a conversar com você e gravar as suas respostas. Quando a sua mãe, seu pai ou sei lá quem vier te buscar, eu vou pegar e colocar: ‘Aqui a resposta do seu filho pra mim’”.

Em outro momento, a diretora chama a atenção de uma menina de pouco mais de 1 ano para que ela guarde os brinquedos que estão no chão. “Eram só quatro pecinhas, e já que você quer dar uma de louca, vai guardar tudo”, diz a diretora para a criança, que é vista chorando.

Até agora, 12 mães prestaram depoimento, e todas relataram a mudança de comportamento dos filhos. A polícia não sabe há quanto tempo os maus-tratos aconteciam. Após as denúncias, a escola fechou as portas na quarta-feira (21/6).

Denúncia em 2016

Depois da divulgação do caso, outra professora, que trabalhou na escola infantil, afirmou que em 2016 havia denunciado a conduta dos proprietários. Sem se identificar por medo de retaliações, ela levou o caso à Secretaria de Estado da Educação, mas a apuração não foi adiante.

A professora que fez a denúncia trabalhou na escola por quase um ano, entre 2015 e 2016. No início, ela conta, os donos da escola não praticavam maus-tratos na sua frente. “Depois de muitos meses fui descobrir o que faziam.”

O Metrópoles tentou entrar em contato com a escola, mas ninguém respondeu. O espaço segue aberto para manifestações.