O vereador Sargento Vidal Pereira (MDB) repudiou durante a sessão ordinária desta terça-feira (13.06), na Câmara de Cuiabá, a atitude da delegada titular da Delegacia da Mulher Jozirlethe Magalhães Criveletto pelo descaso de uma ocorrência conduzida por ele em que denunciava uma mulher de estar mantendo uma grávida em cárcere privado.
O parlamentar relatou que recebeu uma denúncia de que uma mulher dona de terreiro estaria mantendo uma gestante em cárcere privado, diante das informações, Vidal foi à busca de algum parente da vítima e levou até a Delegacia da Mulher para relatar a ocorrência. No entanto, ao chegar ao local, a delegada se negou a atendê-lo.
“Essa semana recebi uma denúncia muito grave de uma mulher que conseguiu fugir de um terreiro de Quimbanda e já em outro Estado ligou para alguém, passou várias mensagens e pediu que chegasse até mim. Relatando que uma amiga se encontrava na casa, refém, grávida com os móveis penhorados e só sairia quando a criança nascesse para entregar a criança ao terreiro e poder sair livre, uma denúncia gravíssima. Eu não tenho bola de cristal, não sabia dizer se era verdade ou não, mas como parlamentar e policial aposentado não poderia também ser omisso. Liguei para algumas pessoas e a orientação mais clara foi para ir à Delegacia da Mulher na Carmindo de Campos. Acredito eu que é a delegacia mais bonita de Mato Grosso hoje. Mas não podia apenas eu ir lá solicitar ajuda e fazer a denúncia, precisava achar um parente dessa mulher e consegui, depois de umas 10h, localizar a mãe dela no Osmar Cabral. Passei a situação meio cortada para ela, as coisas mais simples e ela me disse que batia tudo o que eu falava porque a filha já tinha três meses que estava desaparecida e não falava com a mãe e quando chamava no celular, se ligava não atendia, só falava por escrito e a denúncia que eu tinha era de que o celular estava nas mãos das pessoas que ali se encontravam com ela. Fui a Delegacia da Mulher e pedi para falar com a titular delegada Jorzeleth que se negou a me atender, falei para o agente policial que estava lá que a denúncia era muito séria e eu precisaria falar com ela pessoalmente e se ela tivesse 5 minutos para me ouvir, ela ia entender a gravidade e me atender naquele momento, isso já ia ser quase 17h, mais uma vez ela se negou ao ponto depois de, ao invés de ela me chamar no gabinete dela como policial militar condutor de uma situação, ela desceu até a recepção onde tinha outras pessoas, eu fui falar com ela e ela disse: ‘eu não converso com homens’”, relatou ele.
Indignado, Vidal se afastou e deixou que ela conversasse com a mãe da vítima, porém, diante da condução da conversa em que a delegada estava falando que deveria ligar para o 190 e fazer a denúncia, o parlamentar decidiu ir com a mãe da vítima embora do local.
“A delegada titular da Delegacia da Mulher não conversa com homens, eu sendo condutor da ocorrência e policial, além de parlamentar aqui nessa capital. ‘Eu só vou conversar com a mulher, o senhor da licença’, eu falei ‘senhora, eu sou policial e eu que estou a par da situação a vítima sabe muito pouco’ e ela disse que iria repetir mais uma vez: ‘eu não converso com homens, o senhor se retire’. Eu me retirei e sentei ao lado e ela foi conversar com a mãe da vítima que sabia muito pouco. A delegada chegou ao ponto de falar ‘sua filha precisa de medida protetiva contra o marido’ e ela disse ‘não, a denúncia que temos é que minha filha está refém numa casa e ela está grávida’ a delegada disse: ‘então a senhora tem que ligar no 190, quer que eu ligue no 190 para a senhora?’ Gente, qualquer soldado com 10 dias de polícia já sabe que o problema é finalizado na Delegacia, agora se a vítima chega na Delegacia e a delegada titular manda a pessoa procurar a Polícia Militar, então tem que descer do planeta, mudar para outro. Não tinha como saber se a denúncia era verídica ou não, a obrigação dela ali era juntar uma equipe imediatamente e ir até o local, ela é delegada de polícia, se não sabe a competência do serviço dela, tem que voltar para a academia. Quando eu ouvi aquele absurdo dela de perguntar para a mãe se queria que ligasse para a Polícia Militar, eu me levantei e disse que já estávamos indo embora”, declarou.
No caminho, Vidal ligou para a delegada que comanda o Plantão da Mulher na Avenida Dante de Oliveira, Dra Janira Laranjeira que, ao ouvir a história, pediu para que eles fossem até a delegacia e de imediato mandou sua equipe até o terreiro averiguar a situação.
“Ela juntou a equipe dela de plantão para se deslocarem até a casa na mesma hora. Era o que a primeira devia ter feito e não fez, se omitiu, porém, isso já ia ser 19h, às 16h essa mulher do terreiro tomou conhecimento que eu estava na delegacia pedindo apoio policial para ir até o terreiro, colocou a mudança dessa grávida numa caminhonete e sumiu, ninguém sabe onde ela está. E também se deslocou do local deixando o terreiro vazio, não sabendo seu paradeiro. Se a delegada tivesse agido da forma como deveria, alguma coisa teria acontecido. Pode ser uma denúncia vazia, pode não ser uma coisa certa e ser apenas um trote, mas a obrigação da polícia é averiguar e de investigar é da Polícia Civil e não da Militar. Só quero aqui então agradecer a Dra Janira Laranjeira e toda equipe do Plantão da Mulher na Av Dante Martins de Oliveira que não se omitiu nem por um segundo, tão imediato soube do caso a equipe foi até o local. Quanto a Delegacia da Mulher na Carmindo de Campos repudio total”, pontuou.
O vereador ainda mandou recado ao secretário de Segurança Pública do Estado de Mato Grosso, Cel Cesar Augusto de Camargo Roveri, para que se atente a esse caso. “Se a pessoa não tem competência troca, é igual técnico e futebol tá perdendo troca-se, se a delegada não tem condições de ser titular daquela delegacia, se ela não conversa com homens, ela está no lugar errado até porque entre 75% a 80% dos policiais aqui de Mato Grosso são homens, se ela não pode ouvir o homem condutor da ocorrência está no lugar errado”, disparou.
De acordo com a assessoria, o secretário de Segurança Pública tomou conhecimento e adotou os encaminhamentos legais necessários à apuração e esclarecimento da denúncia apresentada pelo vereador. E designou o secretário-adjunto de Inteligência, delegado Valter Furtado, para acompanhar as medidas adotadas.