Documento obtido pelo HNT revela o início da “Operação Fenestra”, deflagrada em 22 de maio, para combater um esquema de desvio de medicamentos da Upa Ipase, em Várzea Grande. Na ocasião, o ex-superintendente da Saúde do município, Oswaldo Prado Rocha, foi preso, mas acabou solto horas depois, por decisão judicial, juntamente do empresário Fernando Metelo e os farmacêuticos Jackson Alves Lopes de Souza e Ednaldo Jesus e Silva.

De acordo com informações que constam no relato policial, tudo se iniciou através de uma denúncia anônima informando que um veículo Fiat Punto estaria transportando medicamentos da UPA Ipase para outro lugar. No local, os policiais localizaram o veículo, mas não encontraram nada de ilícito dentro dele.

Durante a abordagem ao condutor, os policiais identificaram que o veículo pertencia a um funcionário de um hospital particular de Cuiabá e que ele teria uma autorização para fazer a retirada de medicamentos no local. Em checagem ao documento, foi verificado que ele foi assinado pelo farmacêutico da Upa Ednaldo Jesus.

Com base nas atitudes suspeitas, a Polícia Civil iniciou a investigação e começou a fazer a oitivas de funcionários da farmácia. Durante a realização dos depoimentos, alguns servidores não quiseram falar muito sobre o assunto, enquanto outros relataram que começaram a sentir falta de medicamentos na farmácia. Além disso, notaram que, nos fins de semana, havia retirada de remédios da unidade.

Um dos funcionários especificamente contou que, durante o período de pandemia, houve uma pequena reforma no local, onde foi aberto uma janela nos fundos da farmácia e foi dito para os funcionários que seria para arejar o ambiente. Mas, ele contou que a retirada dos medicamentos era feita somente por aquele lugar.

Dando continuidade às investigações, os policiais identificaram fortes indícios de que a retirada dos remédios da Upa Ipase era feita sob a liderança do superintendente de Saúde de Várzea Grande, Oswaldo Prado Machado. O produto retirado era receptado pelo empresário Fernando Metelo, que pagava vantagem indevida a agentes público por intermédio de transferências bancárias e compra de carros.

Uma das funcionárias ainda contou que os servidores que não tinham participação no esquema de desvio de medicamentos sofriam com represálias do ex-gestor. Segundo ela, sempre que era feita a retirada dos produtos, ele alegava que todos seriam encaminhados para outra unidade de saúde, mas não mostrava nenhum documento que provasse a transferência dos medicamentos.

Por fim, ela ainda disse que os farmacêuticos Ednaldo Jesus e Elizãngela Paranhos ficavam responsáveis para dar entrada e saída dos remédios no sistema da farmácia, que eles sempre faziam questão de realizar este trabalho, mesmo que pudesse ser feito por outro.

Após a fase de colhimento de depoimentos, foi identificada a participação de oito pessoas no esquema de desvio de medicamentos, sendo eles:

Oswaldo Prado Rocha, vulgo “NETO”, superintendente de Saúde de Várzea Grande;

Benedito Santana da Silva, vulgo “Dadá”, ocupante do cargo de motorista da Secretaria de Saúde do Município de Várzea Grande;

Elizângela Paranhos da Silva, ocupante do cargo de agente municipal do SUS, lotado na UPA/IPASE;

Ednaldo Jesus e Silva, ocupante do cargo de Farmacêutico da Secretaria de Saúde do Município de Várzea Grande;

João Lucas Ribeiro Silva, auxiliar de farmácia da UPA/IPASE;

Franz Cleyton Fernandes de Amorim, ocupante do cargo de Enfermeiro da UPA/IPASE;

Jackson Alves Lopes de Souza, farmacêutico da UPA /IPASE;

Fernando Metelo Gomes, empresário do ramo de medicamentos e proprietário de empresa do mesmo ramo.

Fonte: HiperNotícias