Cuiabá vivia uma aura de realizações de obras oficiais conseguidas pelo Interventor Julio Müller junto ao Governo Vargas. O Interventor Julio Muller, por ocasião das reivindicações, levou ao então Presidente Getúlio Vargas a preocupação quanto à necessidade de dotar Cuiabá de obras de infraestrutura imprescindíveis ao seu progresso e consolidação na condição de Capital.
Contam que o Interventor para justificar umas dessas obras, ou seja, a do Grande Hotel, tentou mostrar que a fluência de visitantes, na maioria investidores, era muito grande, bem como, era constante a presença de autoridades governamentais na Capital para verificar ‘‘in loco’’ seus problemas e necessidades, tendo como dificuldade primordial a falta de acomodações condignas.
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Após conseguir o referido pleito revindicado, por ocasião da inauguração do hotel, contam que o Presidente vindo para prestigiar a solenidade por força das justificativas do interventor teria, obviamente, que encontrar o Hotel com uma boa e comprovada fluência de hóspedes. Diante disto, a única alternativa foi pegar a laço algumas pessoas para fazer, na verdade, papel de figurantes, oportunidade em que até pijamas foram comprados para que os mesmos fizessem boa presença.
O interessante foi que a compra de todos esses pijamas foi feita em um único e conceituado estabelecimento comercial da época, porém, em razão da pressa na aquisição não foi verificado com a cautela necessária que os mesmos eram listrados e de uma só cor, e desta forma distribuídos aos pseudos-hóspedes. No grande dia da inauguração, o Presidente encontrava-se no Hotel, e Cuiabá apresentava-se com movimento surpreendente por todos os lados, a nem de longe parecer aquela cidade pacata e esquecida.
No dia seguinte, ao amanhecer, o Presidente Vargas acordou cedo e logo saiu pelos corredores deparando-se com outros hóspedes que o cumprimentavam na condição de Chefe de Estado e, obviamente, de colegas de hotel. Assustado, o Presidente verificou que todos os demais hóspedes estavam vestindo pijamas listrados e da mesma cor. Preocupado, mas, com certo toque espirituoso, indagou da assessoria se de fato aquele era mesmo um hotel ou algum asilo.
*TEOCLES MACIEL é advogado, professor, escritor, compositor, ex-prefeito de Barão de Melgaço e foi deputado estadual na Assembléia Constituinte de Mato Grosso.
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