O Coritiba decidiu reintegrar o atacante Alef Manga aos treinos do elenco principal. A decisão foi comunicada ao jogador nesta sexta-feira, pelo Diretor de Futebol do clube, Artur Moraes.
Manga estava com o contrato suspenso após ter o seu nome citado em conversas entre apostadores investigados na Operação Penalidade Máxima II.
O extremo prestou depoimento ao Ministério Público de Goiás (MP-GO) nesta sexta-feira. Nas conversas, Manga foi citado pelo cartão amarelo recebido na partida contra o América-MG, na 25ª rodada do Campeonato Brasileiro de 2022. No momento, o jogador não foi denunciado e nem se tornou réu no caso.
O Coritiba analisou tudo que foi dito por Manga antes da reintegração. O atacante volta a trabalhar com o time na próxima segunda-feira, quando fica à disposição do técnico Antônio Carlos Zago.
Veja a nota do clube
O Coritiba Foot Ball Club informa que em virtude da inexistência, até este momento, de evidências que sejam de conhecimento do clube, que comprovem a participação do atleta Alef Manga em atos ilegais que atentem contra o resultado de partidas de futebol, bem como, diante da sua própria alegação de inocência, o mesmo participará regularmente das atividades do departamento de futebol, a partir da próxima segunda-feira, dia 29 de maio de 2023.
O Clube esclarece ainda que esta decisão poderá ser modificada ou revogada, a qualquer tempo, se necessário for, em decorrência do transcurso das investigações da Operação Penalidade Máxima 2.
Manga está afastado desde o dia 10 de maio, antes da partida com o Vasco, pelo Campeonato Brasileiro, e vem treinando em horários alternativos no clube.
Em nota, a defesa de Alef Manga informou que o depoimento ao MP-GO “transcorreu de forma tranquila”. O advogado Levy Monteiro, que representa o jogador, destacou ainda ter “convicção na inocência do jogador, que pode seguir desempenhando o seu trabalho com a camisa do Coritiba Foot Ball Club, ajudando a equipe com gols, assistências e trazendo alegrias aos torcedores”.
Ainda em nota, a defesa de Manga finaliza que seguirá “acompanhando todo o desenrolar da investigação para que o caso seja solucionado o mais brevemente pela Justiça”.
O último jogo do atacante pelo Coritiba foi diante do Bahia, pela 4ª rodada do Brasileiro, na Arena Fonte Nova.
Manga pelo Coritiba
Alef Manga chegou ao Coritiba por empréstimo no ano passado. Em pouco tempo, o atacante se destacou e terminou o ano como artilheiro do clube. Ao todo, ele disputou 54 jogos e marcou 16 gols.
O bom desempenho fez o Coxa exercer o direto de compra de Manga. O clube pagou cerca de R$ 2 milhões por 50% dos direitos econômicos. O vínculo iria até o fim de 2025.
Em 2023, Manga segue como protagonista do Coxa. Ele atuou em 19 jogos e marcou nove gols.
Entenda todo caso das apostas
A Operação Penalidade Máxima já fez buscas e apreensões nos endereços dos envolvidos. As investigações começaram no final de 2022, quando o volante Romário, do Vila Nova-GO, aceitou uma oferta de R$ 150 mil para cometer um pênalti no jogo contra o Sport, pela Série B do Campeonato Brasileiro.
Romário recebeu um sinal de R$ 10 mil, e só teria os outros R$ 140 mil após a partida, com o pênalti cometido. À época, o presidente do Vila Nova-GO, Hugo Jorge Bravo, que também é policial militar, investigou o caso e entregou as provas ao MP-GO.
A Justiça de Goiás aceitou, recentemente, a denúncia do Ministério Público na operação Penalidade Máxima II. Os atletas, que são investigados e defendem outros clubes, vão responder por envolvimento em esquema de apostas em jogos das Séries A e B do Brasileirão. A punição pode chegar a seis anos de cadeia.
O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) já decretou a suspensão, de 30 dias, para os jogadores de futebol denunciados pelo MP e, também, com os que fizeram um acordo.
O MP-GO apresentou duas denúncias, contra 15 jogadores, enquadrados nos artigos 41-C (solicitar ou aceitar vantagem para falsear resultados de competições esportivas) e 41-D (dar ou prometer vantagem patrimonial ou não patrimonial com o fim de alterar ou falsear o resultado de uma competição desportiva ou evento a ela associado).
Vários outros jogadores tiveram seus nomes citados na investigação e acabaram sendo afastados por seus clubes.
O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) marcou para a próxima quinta-feira, dia 1º de junho, o julgamento de oito jogadores investigados na Operação Penalidade Máxima II. São eles: Moraes (Aparecidense-GO), Gabriel Tota (Ypiranga-RS), Paulo Miranda (sem clube), Eduardo Bauermann (Santos), Igor Cariús (Sport), Fernando Neto (São Bernardo), Matheus Gomes (sem clube) e Kevin Lomónaco (Bragantino).
Há risco de suspensão de até 720 dias e banimento, em alguns casos. O julgamento da próxima semana diz respeito somente à justiça desportiva. Os oito atletas foram denunciados pela Procuradoria em diferentes artigos do CBJD.
Jogadores que foram denunciados pelo Ministério Público
- Eduardo Bauermann (zagueiro, Santos)
- Gabriel Tota (meia, ex-Juventude, hoje no Ypiranga-RS)
- Paulo Miranda (zagueiro, sem clube)
- Igor Cariús (lateral-esquerdo, Sport)
- Victor Ramos (zagueiro, ex-Portuguesa, hoje na Chapecoense)
- Fernando Neto (volante, ex-Operário-PR, hoje no São Bernardo)
- Matheus Gomes (goleiro, ex-Sergipe, sem clube)
- Romário (volante ex-Vila Nova, sem clube)
- Joseph (zagueiro, Tombense)
- Mateusinho (lateral-direito, ex-Sampaio Corrêa, hoje no Cuiabá)
- Gabriel Domingos (volante, ex-Vila Nova, sem clube)
- Allan Godói (Sampaio Corrêa)
- André Luiz (ex-Sampaio Corrêa, sem clube)
- Ygor Catatau (ex-Sampaio Corrêa, hoje no Sepahan, do Irã)
- Paulo Sérgio (ex-Sampaio Corrêa, hoje no Operário-PR)
Há outros quatro jogadores que confessaram estes crimes ao Ministério Público, mas fizeram acordos para se tornarem testemunhas no caso. São eles:
- Kevin Lomonaco (zagueiro, Bragantino)
- Moraes (lateral-esquerdo, ex-Juventude, hoje no Atlético-GO)
- Nikolas Farias (volante, sem clube)
- Jarro Pedroso (atacante, ex-São Luiz-RS, hoje no Inter-SM)
(GE)